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A igreja do primado de Pedro encontra-se em Tabgha, na costa noroeste do mar da Galileia, perto de Cafarnaum, a cidade de Jesus. Nesse local tranquilo, de belíssima paisagem, a tradição relembra a passagem de João 21,15-19.
A igreja atual conserva as bases da antiga, construída no século IV. No seu interior encontra-se uma pedra de calcário venerada como sendo a “mesa de Cristo”. Aí Jesus teria preparado os pães e peixes para os discípulos após sua Ressurreição. No pátio externo, perto de uma frondosa árvore e diante do mar está uma estátua de Jesus com Pedro aos seus pés. Quem caminha em direção ao mar pode ver seis corações entalhados em pedra no chão que chamam a atenção de qualquer peregrino e abrem a imaginação dos que por ali passam.
Ao lado da igreja há ruínas de uma escadaria de que, segundo a tradição, Jesus mandou os discípulos lançarem as redes para o lado direito da barca, após sua Ressurreição (Jo 21,1-14). Além desses detalhes, a paisagem é um convite a mergulhar nas páginas da Escritura e meditar sobre o primado de Pedro. Os que tiverem tempo podem passar horas meditando sobre o acontecimento que se deu aí e estabelecer uma trajetória de renovação interior.
A riqueza espiritual do lugar ajuda o peregrino a tomar consciência da importância de Pedro na história da Igreja, como pastor do rebanho de Cristo, e também mostra quanto somos responsáveis pelo cuidado da fé e sua propagação no mundo atual. A pergunta que Jesus faz, “Pedro, tu me amas?”, é a mesma que faz a cada cristão batizado hoje e sempre.
São Leão Magno comenta que “em Pedro robustece-se a fortaleza de todos e de tal modo se ordena o auxílio da graça divina que a firmeza que se confere a Pedro por Cristo se dá aos demais apóstolos por Pedro”. Jesus confia a Pedro a sua esposa e pede que a ame com toda a sua alma. Amar significa dar a vida pelas ovelhas, conduzindo-as à plenitude. Pedro, diante do Ressuscitado, reafirma seu amor e sua disposição em levar adiante o Evangelho. Passa da negação e da dúvida ao compromisso com o Senhor.
Nesse lugar, podemos tomar consciência do que o Senhor nos reservou como cristãos. Diante da mesa de Cristo cada um pode reforçar sua entrega ao Senhor que reúne em torno da mesa do banquete os corações ansiosos pela salvação. Tocar aquela pedra é reconhecer que Jesus passa pela nossa frieza de coração e transforma o medo em confiança e, diante da imagem do primado de Pedro, cada um pode se sentir parte da tarefa de cuidar das almas e centrar a vida no amor que não passa, o amor de Cristo.
Orar e celebrar a Eucaristia nessa mesa sagrada faz com que o peregrino tenha uma nova postura diante da Igreja e se entregue assiduamente ao serviço da evangelização, seguindo o exemplo de Pedro, que seguiu o Senhor até as últimas consequências, morrendo por amor. Boa viagem
Texto escrito pelo padre Nilton César, extraído da seção “Peregrinação e Fé”, da Revista Ave Maria, na edição de julho de 2017.
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