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Natal chegou de novo. Pouco ou quase nada se percebe sobre o caráter cristão da época natalina. Natal e Páscoa são datas magnas do Cristianismo, porém esvaziadas de sentido. As dimensões espirituais, transcendentes, cederam à realidade comercial, assim como a vida que vai se tornando cada vez mais mercantilizada. O sentido do Natal praticamente foi encampado por outros atrativos de felicidade. Que tipo de felicidade? Certamente a felicidade material, embora o ser humano continue a buscar não somente a si mesmo e o seu prazer individual. Está aí a família, onde se partilha o prazer de vivermos a vida em comum. Estão aí também os parentes e amigos, vizinhos e colegas de trabalho. Afinal existem referências, espaços concretos de viver em comum a felicidade que buscamos. Pois esses se constituem espaços onde construímos efetivamente a felicidade partilhada, co-dividida.
Entre os altos e baixos da vida, a busca da felicidade continua. Não é tão fácil manter acesa a chama do amor recíproco, autêntico, verdadeiro. Esse é o desafio constante que norteia a nossa busca da felicidade. Tenhamos sempre em vista a pessoa e a coletividade, eu e os outros, nós e os demais. Não podemos perder essa bússola, que aponta para o norte dos ideais, dos projetos de cidadania, da conquista do bem coletivo, da inclusão social. Deus está presente nessa busca. Ninguém está sozinho. O amor de Deus estará sempre presente, pois Deus é Amor que nos ama em primeiro lugar.
Preparemos-nos para o santo Natal renovando nossos bons propósitos e resoluções sensatas, tentando a cada dia amar sem egoísmo. Sabemos como as nossas boas intenções esvaem-se ao primeiro ímpeto de contrariedade, de aborrecimento. A vida não é como a gente pensa e deseja. As provas, as tentações, as lutas fazem parte do nosso desenvolvimento humano e espiritual. Sem crises, tentações e mesmo quedas, enfraquecemos ainda mais o espírito e entregamos ouro ao bandido. O maior inimigo do crescimento humano é abandonar-se ao desânimo, deixando de buscar o sentido da vida.
Não queiramos tudo nas mãos, inclusive possuir o afeto de todos, pois, um dia nos decepcionamos. O amor próprio ferido impede o nosso crescimento, que deve passar por um bom burilamento interior, sobretudo quando formos atraiçoados pelas nossas próprias paixões, ainda que secretas. Resultados imediatos esvaem-se como fumaça de fogo de palha. Recado final, preparando-nos para o Natal cristão: sirvamos! Servir ao próximo! Esse é o lugar do encontro com Deus. Para isso o seu Filho veio ao mundo, dando sentido para a vida.
Dom Aldo Di Cillo Pagotto
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