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O culto mariano, caso único entre os cultos dos santos, tem suas raízes nove séculos antes do nascimento de Maria. O primeiro profeta de Israel, Elias, morando no Monte Carmelo teve a visão da vinda da Bem-Aventurada Virgem. Viu que ela se elevava em uma pequena nuvem, trazendo uma chuva providencial que salvaria Israel de uma grande seca. É um dos cultos mais antigos da Roma cristã, assim como a Ordem Carmelita que está ligada ao que foi escrito na Bíblia, quando se conta que Elias recebeu a profecia do Mistério da Virgem e Mãe sobre o nascimento do Filho de Deus. Já no primeiro século, os eremitas que se retiraram no Monte construíram uma capelinha dedicada à Nossa Senhora. “Tradicionalmente os carmelitas estão ligados à Nossa Senhora – explica padre Agostino Farcas, pároco da Igreja de Santa Maria do Carmo no bairro Mostacciano de Roma – mas também a Elias, ou seja à capacidade como a do profeta de ouvir a Deus”.
“O Senhor disse-lhe: ‘Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor’. Então o Senhor passou. Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa”
Segundo a iconografia popular, Nossa Senhora do Carmo não leva Jesus no colo, mas estende os braços oferecendo o escapulário. A imagem refere-se à aparição de Nossa Senhora em 16 de julho de 1251 ao carmelita São Simão Stok, entregando-lheu um escapulário e revelando-lhe os privilégios ligados ao culto.
“Não é um amuleto ou um talismã – prossegue padre Agostino – mas um sinal de salvação. Significa estar cobertos pela sua graça, pelos seus dons. Se hoje dizemos ‘quero o escapulário’, acreditamos receber este sinal de salvação que nos leva às virtudes de Maria, nos ajuda a tentar viver como ela”.
Com o tempo as Confrarias intituladas a Nossa Senhora do Carmo e a favor de alguns papas que lhe concederam privilégios espirituais, fez com que aumentasse a devoção popular.
Em 1623, um decreto da Congregação do Índice, consagrava a “Tradição do Sábado”, ou seja a ajuda que Nossa Senhora do Carmo concede neste dia aos seus devotos mortos na graça de Deus para alcançar a plenitude do amor divino.
As origens do culto em Roma remontam a 1535. Naquele ano, alguns marinheiros encontraram na foz do rio Tibre, perto de Fiumicino, a imagem de Nossa Senhora do Carmo que depois foi transportada para a igreja de S. Crisóstomo. Desde então Nossa Senhora do Carmo foi chamada “De Noantri”, ou “Fiumarola”, em recordação do lugar onde foi encontrada. Provavelmente, sem exagerar, a festa no bairro Trastevere é a maior de toda a cidade de Roma.
A imagem de Nossa Senhora do Carmo está conservada na igreja de Santa Ágata no bairro Trastevere. Segundo a iconografia clássica, não leva Menino Jesus no colo, mas estende os braços para baixo e está vestida como uma carmelita terciária. Na igreja, algumas vitrinas expõem as preciosas vestes de seda celestes, brancas e amarelas e três mantôs doados pela princesa Bianca Caracciolo di Fiorino. Além das vestes doadas pela princesa, as roupas custodiadas pelas irmãs de São Pascoal são doações de pessoas de todas as condições sociais. Uma das últimas remonta a 1970 e foi doada por um grupo de costureiras que trabalharam por três anos. A coleção é formada por algumas coroas de prata e de metal usadas na procissão e decoradas com pedras preciosas.
Todos conhecem a grande devoção de São João Paulo II pela Virgem Maria. Abaixo apresentamos uma passagem dedicada à Nossa Senhora do Carmo, escrita pelo Pontífice:
“Reconcilia os irmãos em um abraço fraterno; que desapareçam os ódios e os rancores, que se superem as divisões e as barreiras, que se unam as rupturas e curem as feridas”
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