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Ao contemplarmos o primeiro mandamento da lei de Deus no artigo anterior, abordamos os meios que possibilitam amar a Deus em primeiro lugar. Tendo feito essa reflexão agora é hora de analisar que só ama a Deus em primeiro lugar e sobre todas as coisas quem inclina seu coração a Ele.
Temos de convir que o coração é um órgão vital, ou seja, essencial na conjuntura dos órgãos que formam o ser humano. Por exemplo, você pode viver sem as amígdalas, sem a vesícula ou o apêndice, mas sem coração ninguém consegue sobreviver. De igual forma, o amor a Deus é crucial para que viva e prossiga decididamente na caminhada. Há jovens que dizem: “Eu não vou à Igreja e sou feliz. Estudo, trabalho, tenho o que eu quero, para que rezar e buscar a Deus?”. Acham que o coração é para ser inclinado às coisas do mundo e ao seu bel prazer. Enganam-se, porque se inclinar o coração a isso fosse sinônimo de um verdadeiro amor e felicidade não existiriam pessoas tão infelizes, sem contemplar a beleza da vida. Amar a Deus é o princípio do saber, como assegura a Sagrada Escritura. É sábio quem inclina o coração a Ele.
A conversão é um processo de toda a vida, que nunca pode parar, visto que em todo o tempo se é desafiado a não crer em Deus e, consequentemente, não amá-lo. Há meios para aproximar-se de Deus e buscá-lo de todo o coração. Dentre eles, destacam-se a adoração, a oração, o sacrifício e promessas e votos, conforme apresenta o Catecismo da Igreja Católica: “A adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, amor infinito e misericordioso. ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’ (Lc 4,8)” (2096); já em relação à oração, diz que “é condição indispensável para se poder obedecer aos mandamentos de Deus. ‘É preciso orar sempre, sem desfalecer’ (Lc 18,1)” (2098). Quem reza, aproxima-se de Deus e Ele se deixa aproximar.
Quanto ao sacrifício, “É justo que se ofereçam a Deus sacrifícios, em sinal de adoração e de reconhecimento, de súplica e de comunhão: ‘Verdadeiro sacrifício é todo o ato realizado para se unir a Deus em santa comunhão e poder ser feliz’” (Catecismo da Igreja Católica, 2099). Um sacrifício de coração sincero agrada a Deus. Em se tratando das promessas e votos, além das promessas sacramentais, expressas no Batismo, Confirmação, Matrimônio e Ordem, o cristão pode apresentar a Deus promessas pessoais, frutos de seu coração, evidentemente sem negociar com Ele, mas, num ato de profundo amor e reverência: “A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel” (Catecismo da Igreja Católica, 2101). Os votos, por sua vez, “são um ato de devoção, no qual o cristão se oferece a si próprio a Deus ou Lhe promete uma obra boa. Portanto, pelo cumprimento dos seus votos, ele dá a Deus o que Lhe foi prometido e consagrado” (Catecismo da Igreja Católica, 2102).
Ao buscar esses meios, os cristãos reconhecem que Deus é Deus e a Ele se devem converter a fim de um dia ser salvos. São atitudes eficazes para ter uma vida reta e totalmente dependente do Altíssimo, de modo a não se deixar levar pela ideia de que se é feliz sozinho e que o coração deve estar à deriva de suas próprias inclinações. Não! O coração deve estar totalmente inclinado para Deus e reconhecê-lo naquilo que Ele é: soberano, majestoso, glorioso, enfim.
Por fim, ao meditar sobre o primeiro mandamento da lei de Deus, que seu coração conjugue o verbo amar em primeiro lugar para Ele e assim saberá, de certo, que “onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).
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