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O Catequista é aquela pessoa que faz catequese no comprometimento de edificar Comunidades amadurecidas. O conceito de comunidade que trago como referência é o que se encontra no Documento de Aparecida (DA 178 e 179). Este afirma que as Comunidades Eclesiais de Base: permitem ao povo chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos adultos; têm a Palavra de Deus como fonte de sua espiritualidade e a orientação de seus pastores como guia que assegura a comunhão eclesial; demonstram seu compromisso evangelizador e missionário entre os mais simples e afastados, e são expressão visível da opção preferencial pelos pobres; são espaços para a experiência de e com Deus.
É neste lugar que acontece o processo catequético. Como formação permanente da fé do ser humano, requer uma referência coerente de pessoas que saibam transmitir a mensagem cristã com palavras e, principalmente com o testemunho.
Esta pessoa é o catequista, sobre o qual muitos catequétas afirmam que é pai e mãe na fé. (Isto é tão verdade, como urgente e necessário na consciência de cada pessoa que se dispõe a “ensinar” em nome de Deus). Pai e mãe são pessoas que estão ao lado dos filhos, com quem estes podem contar. Via de regra, os pais são os cuidadores primeiros dos filhos/as.
O Diretório Nacional de catequese, nos números 51 e 52, afirma que a comunidade é a fonte, lugar e meta da catequese. O documento 26, “Catequese Renovada” afirma: “Como bom comunicador, o catequista não fala sozinho. Ele desperta e provoca a palavra dos membros da comunidade… Quando catequiza, ele o faz em nome de Deus e da comunidade profética, em comunhão com os pastores da Igreja… ajuda a comunidade a interpretar criticamente os acontecimentos, proporcionando-lhes a reflexão e explicitação da fé…” (CR 145-146).
Estas afirmativas abrem vários parâmetros para nossa reflexão. Vamos nos ater ao processo de olhar o Catequista em relação à comunidade. Este vive na comunidade, conhece seus membros e é conhecido pelas pessoas, que o têm como referência na vida de fé.
O catequista coerente com sua missão não saberá catequizar se não tiver a comunidade como referencial na ação, pois o processo catequético deve estar a serviço de formar comunidade, como citamos acima. Ele age com um olhar na Palavra de Deus, nos Documentos da Igreja, e outro na realidade. E a realidade mais próxima é a vida da comunidade. Com isso, vemos que fica quase impossível realizar uma catequese coerente, encarnada, se o catequista estiver desvinculado/a da vida comunitária. A pessoa que só aparece no dia e horário da catequese dá mais a entender que é um simples “funcionário” do ensino e não alguém comprometido com a transformação das pessoas que lhe são entregues para delas cuidar.
Quando abre a boca, o catequista deve deixar escorrer de seus lábios as palavras “como mel que sai dos favos”, isto é, encantar as pessoas, fazer uma ponte entre o texto e a vida prática. Assim, poderá ajudar os ouvintes a identificar, naquela realidade, o que já está acontecendo de visibilização do Reino de Deus e o que ainda está por se fazer. Para isto, vai citar as ações pastorais, os vários serviços, pessoas envolvidas e comprometidas com os pobres e necessitados, provocando nos catequizandos uma vontade imensa de fazer parte daquele grupo para apressar a chegada do Reino querido por Deus e esperado por todos nós. Falará da comunidade como um espaço de pessoas que se querem bem, sem ocultar a realidade. Com voz profética, não de quem condena, mas de quem aponta caminhos, ajudará a perceber os sinais da presença ou ausência de Deus nos eventos e ações. Estará presente nas celebrações, nos estudos do grupo de catequistas, no conselho comunitário…. Esta será uma catequese coerente, que vai da teoria à prática, do subsídio ao acontecimento.
Integrado com as demais equipes de serviços, pastorais e movimentos da Comunidade, respira a vida e a fé da Igreja, celebrada na liturgia, expressa na prática pastoral das comunidades e nas suas orientações. A catequese se beneficia dessa articulação e inserção de seu catequista, ao mesmo tempo em que contribui para uma pastoral orgânica ou de conjunto. (DNC 13)
O catequista, credenciado para ajudar seus irmãos e irmãs no crescimento na experiência com Deus, vai ter sempre como meta a Comunidade que é a fonte e o lugar da catequese. Catequiza-se para formar comunidade e forma-se comunidade para catequizar. O jeito da comunidade viver a experiência com Deus irá influenciar muito no jeito de se fazer catequese naquele local. Por isso, o catequista deve estar antenado na sua Comunidade e conectado com a Igreja em seus Documentos, para que se possam colocar em evidência as realizações e chamará a atenção para o que ainda não está acontecendo na visibilização do Reino de Deus. Isto, repito, só é possível se o catequista estiver vinculado à sua comunidade de fé.
Nestes princípios, se poderá cumprir o que se recomenda o documento CR no número 52, que transcrevo:
“Por isso, o lugar ou ambiente normal da catequese é a comunidade eclesial. Onde há uma verdadeira comunidade cristã, ela se torna uma fonte viva da catequese, pois a fé não é uma teoria, mas uma realidade vivida pelos membros da comunidade. Nesse sentido ela é o verdadeiro audiovisual da catequese. Por outro lado, ao educar para viver a fé em comunidade, esta se torna, também, uma das metas da catequese. O verdadeiro ideal da catequese é desenvolver o processo da educação da fé, através da interação de três elementos: o catequizando, a caminhada da comunidade e a mensagem evangélica (cf. CR IV parte; cf. abaixo 155 e 185). Quando não há comunidade, os catequistas, obviamente, ajudam a construí-la (cf. CR 311-316). (DNC 51 – 52 )”
Texto escrito por Pe. José Valdecy Romão, da Comissão Regional Bíblico-Catequética do Leste II
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