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A Igreja celebra no dia 22 de fevereiro a festa da Cátedra de São Pedro. É profundo o seu significado. A palavra “cátedra” significa cadeira, assento, e neste caso é aquela em que se assentou Pedro apóstolo. Ela está no Vaticano, na Basílica de São Pedro. É muito interessante o sentido de celebrar essa festa, que está fundamentada na sagrada autoridade do Papa.
Tudo parte de Jesus, que desde o início da sua vida pública escolheu doze homens para estar com Ele e para participar da sua missão (cf. Mc 3,13-19). Ele lhes conferiu a participação em sua autoridade (cf. Lc 9,2) e eles permanecem associados a Cristo e ao Reino de Deus, pois Jesus dirige a Igreja por meio deles (cf. Lc 22,29-30; Catecismo da Igreja Católica, 551). Jesus confiou a Pedro uma missão única, ele aparece como o primeiro na lista dos apóstolos (cf. Mc 3,16; 9,12; Lc 24,34). Após a profissão de fé de Pedro, Jesus promete fundar sobre o apóstolo a sua Igreja e entrega a ele as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16,16-19). Jesus também intercede pela fé de Pedro, a fim de que ele confirme os seus irmãos (cf. Lc 22,31-32; Catecismo da Igreja Católica, 552). Após a ressurreição, Jesus confirma a missão de Pedro de apascentar as ovelhas do Senhor (cf. Jo 21,15-17). Em Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, é Pedro quem prega ao povo em nome dos apóstolos, dando início à Igreja (cf. At 2,14ss.).
O apóstolo Pedro tem nas pessoas dos papas seus legítimos sucessores, sendo a Cátedra de Pedro hoje ocupada pelo Papa Francisco. Os ensinamentos de Pedro em seus sucessores atualizam os ensinamentos de Jesus, como é reafirmado na Constituição Dogmática Dei Verbum: “Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os apóstolos transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. 1Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. 2Ts 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3)” (8).
Nessa ocasião de tão feliz celebração, símbolo da missão magisterial que Pedro recebeu de Cristo, é relevante meditar sobre o extraordinário dom do magistério eclesiástico cuja função é continuar a missão de Jesus pastor. Essa missão deve ser exercida “para sempre pela sagrada ordem dos bispos, que são os verdadeiros sucessores dos Apóstolos e pastores da Igreja” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 20). Quanto à infalibilidade dos bispos e do Santo Padre, ela está ligada ao carisma da infalibilidade da Igreja com que o Divino Redentor dotou-a na “definição de doutrinas de fé ou costumes” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 25).
Mas como pensar no magistério eclesial hoje com o protagonismo leigo em alta e tão necessário neste tempo? A Lumen Gentium, constituição dogmática sobre a Igreja, responde a essa questão ao tratar da unidade que é uma resposta e um dever de todos os cristãos diante das condições do nosso tempo que a tornam ainda mais urgente “para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 1).
Nesse sentido é extremamente relevante a imagem da Igreja como corpo místico de Cristo apresentada pelo apóstolo Paulo (cf. 1Cor 12) e na Constituição Dogmática Lumen Gentium: “Também na edificação do corpo de Cristo existe diversidade de membros e de funções. É um mesmo Espírito que distribui os seus vários dons segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministérios para utilidade da Igreja (cf. 1Cor 12, 1-11)” (7).
As mudanças teóricas e práticas apresentadas pelo Concílio Vaticano II colocaram o cristão leigo como protagonista, membro efetivo da Igreja; muda-se a imagem dos fiéis leigos para o aspecto positivo dentro da comunidade cristã e na sociedade. O papel relevante e imprescindível dos leigos na missão da Igreja tem sido constantemente enfatizado pelo Papa Francisco, verifica-se isso na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, “Alegria do Evangelho”. Nela, o Papa exorta a que se viva uma fé em que “o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 95).
Como bom pastor, o Papa, seguindo o documento conciliar, “exorta os fiéis ao trabalho apostólico e missionário. Por seu lado, os fiéis devem aderir ao seu bispo, como a Igreja adere a Jesus Cristo, e Jesus Cristo ao Pai, a fim de que todas as coisas conspirem para a unidade e se multipliquem para a glória de Deus (cf. 2Cor 4,15)” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 27).
A tarefa confiada pelo Papa aos leigos diante das realidades do contexto atual é desafiante, mas é neste momento da história que eles são chamados para que, em unidade com os pastores de Cristo, exerçam o seu protagonismo na missão da Igreja e levem com o auxílio da graça do Espírito Santo o projeto de vida de Jesus Cristo para o mundo de hoje.
Referências:
BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2010.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 2000.
CONSTITUIÇÃO Dogmática Dei Verbum: sobre a Revelação Divina. In: CONCÍLIO VATICANO II. 1962- 1965. Vaticano II: mensagens, discursos, documentos. Tradução de Francisco Catão. São Paulo: Paulinas, 1998, pp. 345-358
CONSTITUIÇÃO Dogmática Lumen Gentium: sobre a Igreja. In: CONCÍLIO VATICANO II. 1962- 1965. Vaticano II: mensagens, discursos, documentos. Tradução de Francisco Catão. São Paulo: Paulinas, 1998.
FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulinas, 2013.
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