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Entre o povo judeu, no tempo de Jesus, havia diferentes formas de pensamentos em torno do Messias que viria: para alguns seria um novo rei poderoso, no estilo de Davi; para outros, um líder militar capaz de derrotar o poder inimigo, o romano; outros como um novo Sumo Sacerdote, que purificaria o Templo. Em todos os pensamentos, a base era a de um Messias triunfante, poderoso e nacionalista.
Pilatos indaga: “Hei de crucificar o vosso rei?”. E é chocante a situação física do homem pregado na cruz. Esse é um rei? De que reino? No letreiro sobre a cruz é feita uma declaração com ar de humilhação: “Este é rei dos judeus” (v. 38). Jesus é condenado à morte por se fazer rei. Assim dizem seus acusadores. Quando indagado por Pilatos, Jesus o confirma. Ele é rei, contudo é um rei diferente. Não o que usa da violência e fere a vida buscando manter o seu domínio, mas aquele que dá a própria vida para que todos tenham liberdade e vida plena. Ele é o Messias-Rei como apresenta Is 11,1-9, que traria o reino da justiça e da paz.
As pessoas, que ouviram sua pregação, olham para o crucificado e, desconcertadas, ficam sem entender o que estava acontecendo. Os chefes, que haviam sido questionados por essa mesma pregação, agora zombam, sentindo-se vitoriosos: Aquele que se apresentou como Salvador não é capaz de salvar a si mesmo (v.35-38). Eles não compreenderam nada uma vez mais. Nós, igualmente, corremos o risco de não entender. Equivocamo-nos, por exemplo, quando cremos que Jesus é rei de um reino que não tem relação com este mundo, mais espiritualizado. O Reino de Deus que Jesus proclama tem a ver com toda a nossa vida e com as condições em que vivem os seus filhos e filhas. A oposição não é, então, entre o espiritual e o temporal, e sim entre a força de dominação e o poder de serviço. Jesus não é um rei como os deste mundo, que dominam e maltratam os demais; ele não usa seu poder em benefício próprio, por isso não salva a si mesmo. O Senhor veio para nos ensinar que todo poder (político, religioso, intelectual) deve estar a serviço dos pobres e oprimidos.
Em tudo isso que se apresenta diante dos olhos, a orientação e norma do Reino que o Senhor proclama é servir, não dominar. Cometemos traição quando usamos o poder recebido – seja ele qual for – para impor nossas ideias e manter privilégios. Uma atitude de serviço supõe sensibilidade para escutar o outro; só esse testemunho pode abrir corações e mentes ao anúncio do Reino de Deus. Jesus é crucificado no meio de dois considerados malfeitores, como se ele também o fosse. O comportamento de Jesus, que não usou seu poder em benefício próprio, atingiu o coração de um dos malfeitores (v. 40-41). O testemunho do Senhor o fez compreender de qual Reino Jesus era rei. De um Reino que a partir de hoje, neste mundo e nesta sociedade, deve mudar a nossa forma de ver as coisas, de nos relacionarmos com os outros e de agir.
Jesus e seu projeto dividem até os próprios malfeitores. Um deles zomba de Jesus e o desafia a usar o poder para libertar a si mesmo e aos outros. Há quem interprete neste personagem aqueles que esperavam um Messias poderoso que usaria sua força e poder restaurando, assim, a grandeza da nação. Pensam que para derrotar o poder opressor é necessário um outro poder. Porém o outro se converte ao projeto de Jesus. Ele reconhece que não é pela força que se faz justiça. O Reino do amor é sim aquele que faz vigorar a verdade, a justiça, a liberdade e a vida para todos.
O perdão é mais um sinal do senhorio de Jesus: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (v. 34). Os membros da comunidade sentem, celebram o perdão de Jesus, que está na origem da vida cristã. Jesus responde: “hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43).
O “estar hoje no paraíso” não expressa um fato cronológico, mas sim que a salvação começa a se tornar uma realidade a partir da cruz. Nunca é tarde para retomar o caminho do Evangelho. Qualquer dia pode ser o hoje da salvação.
Infelizmente, quantas vezes em nossa vida pessoal, familiar, social e eclesial reproduzimos os modelos de ‘reinado’ do mundo, e não o amor-serviço de Deus em Jesus Cristo! Quantas vezes estabelecemos relações de poder, autoritárias, em vez de fraternas! Quantas vezes podemos estar a serviço dos antivalores deste mundo, seja por ação ou omissão! O modelo de “reino” que Jesus nos apresenta, o “Cordeiro imolado”, como o chama o profeta Isaías, interpela-nos e chama-nos à conversão.
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