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As três parábolas que aparecem em Mateus compõem a parte final do Discurso das Parábolas: o tesouro escondido, o mercador de pérolas preciosas e a rede lançada ao mar. As parábolas ajudam a fixar o olhar para perceber melhor a presença do Reino de Deus nas coisas mais comuns da vida.
O discurso do capítulo 13 é um retrato das comunidades de Mateus, nos anos 80. As parábolas do semeador, do grão de mostarda e do fermento foram escritas para ajudar as comunidades que se sentiam impotentes e desanimadas com problemas internos e externos. A oposição do judaísmo e a crescente perseguição causaram desânimo nos membros delas. Com essas parábolas, Mateus os encorajou no compromisso com a vida. Vale a pena comprometer a vida na luta por Jesus e seu Reino, até o fim.
As duas pequenas parábolas destacam o valor único do Reino. Tanto o tesouro quanto a pérola expressam o ele deve ser para o(a) discípulo(a): algo absoluto, sendo que tudo o mais deve ser deixado ou perder importância em relação ao Reino. Encontrar o “tesouro escondido” é uma forma sensível de lembrar que lidamos com algo gratuito, dado por Deus. Encontrar “a pérola”, porém, requer esforço, buscá-la até encontrá-la. Em ambos os casos, quando esse dom é encontrado, nossa resposta deve ser “vender tudo” por ele. Alegria (cf. Mt 13,44) é a reação que corresponde à graça do Reino. A partir dele, tudo o mais se ordena e adquire valor próprio. Ser cristão, ter uma responsabilidade na comunidade, não pode ser motivo de prepotência, é um dom do Senhor para estar a serviço dos demais.
Na primeira parábola, o termo de comparação era “tesouro escondido no campo”. Na segunda é a atividade, o esforço do mercador que busca pérolas preciosas. É isso que importa, ou seja, procurá-las sem descanso, até encontrá-las. Quando se ouve o Evangelho e se entende o que é o Reino de Deus, não se deve perder tempo. Deve-se livrar de tudo que prende para acolhê-lo. Quanto custa entrar no Reino de Deus? É gratuito, mas “custa” tudo o que temos. É grátis, mas, não é “nada barato”.
A parábola da rede lançada ao mar (cf. Mt 13,47-50): nela o Reino é semelhante a uma rede lançada ao mar e apanha de tudo. Isso era algo típico da vida dos que a ouviam, muitos eram pessoas que viviam da pesca. Sabiam que, ao lançar a rede ao mar, tudo entrava nela: coisas boas e coisas menos boas. O pescador não pode controlar o que vem de baixo, do fundo da água do mar, onde a rede se move. Ele só saberá quando puxar a rede e sentar com seus companheiros para fazer a separação, então saberão o que vale e o que não vale. Novamente, Jesus não explica a parábola, mas dá uma indicação: “Assim será no fim do mundo”. Haverá uma separação entre o bem e o mal.
O novo e o velho (cf. Mt 13,51-52): este breve diálogo de Jesus com seus discípulos, colocado no fim do discurso das parábolas, resume a intenção de todo o capítulo e apresenta o modelo ideal de discípulo. A compreensão das pessoas “simples”, dos “pequeninos” da comunidade, é diferente da dos doutores, que se ajustam aos limites da lei (o antigo). Os verdadeiros discípulos, além de compreenderem os mistérios do Reino, são capazes de haurir oportunamente do antigo (as promessas do Antigo Testamento) e do novo (a vida e a pregação de Jesus). Nessa conclusão, o autor deixa sua impressão digital. As atitudes que Jesus propõe aqui refletem muito bem os critérios que Mateus seguiu na composição de seu Evangelho, buscando relacionar a vida e a pregação de Jesus (o novo) com as promessas do Antigo Testamento (o antigo). O discípulo de Jesus não apenas permanece com a antiga lei, mas aceita o novo tesouro do Reino de Deus e junto com a lei o ensinará às pessoas. Ele não apenas permanecerá com o antigo, mas também ensinará o Evangelho do Reino. Jesus já havia dito: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição” (Mt 5,17).
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