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Há coisas na vida que exigem constante reflexão e discernimento. Uma deles é seu aspecto religioso. A sede de Deus, a busca do transcendente e do sentido da vida tornam-se cada vez mais significativas diante do vazio que caracteriza o ambiente consumista e de frustração de quem busca na acumulação de bens, do prazer e na ânsia de poder a expectativa de uma vida feliz.
A decepção é maior diante das injustiças sociais, dos antagonismos exacerbados, dos conflitos armados e da insegurança diante dos atos terroristas. É, sem dúvida, para muitos um momento de descobrir os valores que justificam a existência digna e o fundamento de toda a verdade e bem no encontro pessoal com Deus, no mais profundo do seu ser.
Torna-se mais forte a expectativa, por parte da Igreja e da humanidade, de receber de seus membros o testemunho de fé viva e prática de oração. É igualmente indispensável o diálogo inter-religioso que permite manifestar as próprias convicções, a estima recíproca e a convivência no pluralismo que antecede a descoberta da verdade.
A situação de pobreza extrema e desigualdade social, na maior parte das nações, exige uma tomada de consciência da inadequação da atual ordem socioeconômica e requer um esforço conjunto para discernir novos caminhos que respeitem e promovam a dignidade do ser humano. É nesse contexto que podemos perceber melhor as raízes das atuais injustiças que afligem grupos de migrantes, refugiados, vítimas de guerras e nações inteiras marcadas pela fome, endemias, tensões e, infelizmente, pela demonstração de ódio e de revanchismo.
Há urgência de buscar soluções para enfrentar esses desafios. É urgente a necessidade de repudiar todo ato de violência e afastar definitivamente o recurso a ela sob qualquer pretexto. É preciso fortalecer a mediação de organismos internacionais que garantam a autodeterminação e as condições de desenvolvimento, a liberdade religiosa para todos os grupos, um sistema econômico que respeite e busque acima de tudo o bem da pessoa humana e inclua a responsabilidade de promover o bem comum, a revisão drástica do comércio de armas e a garantia generosa de ajudas humanitárias para debelar a fome, a falta de água, as enfermidades crônicas e o flagelo da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), com especial atenção a vários países empobrecidos, entre os quais o nosso.
A solução, no entanto, é mais profunda. Exige conversão interior. O grande desafio de nosso tempo, complexo e assustador, exige abertura ao ensinamento de Jesus, esperança do mundo. As palavras do Evangelho iluminam as trevas da discriminação, da violência e do desespero. Enquanto permanecer resquício de ódio, rancor e vingança, continuarão as dominações e os conflitos.
Não basta a justiça se não houver perdão. Só o amor constrói a paz.
A grande mensagem da Igreja é Jesus Cristo. É Ele quem nos ensina, hoje e sempre, a confiança na misericórdia divina, o mandamento da fraternidade universal, a predileção pelos pobres, aflitos e excluídos, a reconciliação e a concórdia entre os povos. Olhando para o futuro, não podemos perder a esperança, pois Ele está no meio de nós.
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