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Os Salmos são uma expressão da vida, de suas alegrias e tristezas, angústias e apreensões, certezas e dúvidas. Eles expressam a vida em oração e nascem da busca sincera da presença de Deus. Todas as experiências mais profundas da nossa história pessoal e da humanidade encontram nos Salmos a busca da paz: “A Paz é tudo que desejo” (Sl 119). Paz que é a expressão do próprio Deus que se revela e de tudo o que o nosso coração procura.
Os Salmos revelam aspectos essenciais da vida de todo ser humano e levam a viver uma vida em mais profundidade, pois nos questionam, desinstalam e provocam a procurar respostas em Deus e na vida que Ele criou.
Cremos que a Palavra de Deus é Deus, revela sempre quem é Ele e como se manifesta nas diversas situações da vida. Assim, os Salmos expressam o sentido da oração e ao mesmo tempo nos fazem redescobrir o seu sentido profundo.
Os Salmos são “(…) hinos que sob a inspiração do Espírito Santo foram compostos pelos autores sagrados do Antigo Testamento. Por sua própria origem, os Salmos possuem a virtude de elevar para Deus o espírito dos homens, de excitar neles santos e piedosos afetos, de os ajudar admiravelmente a dar graças na prosperidade, de os consolar e robustecer na adversidade” (Instrução geral sobre a Liturgia das Horas, 100)
Foram escritos na cultura oriental e num tempo bem remoto, mas continuam sempre atuais porque traduzem de forma adequada a dor e a esperança, a miséria e a confiança das pessoas de todos os tempos; cantam, sobretudo, a fé no único e verdadeiro Deus e nos conduzem à revelação e à redenção de toda a humanidade.
Eles aparecem citados no Novo Testamento e eram orações que Jesus também fazia com frequência. A Igreja, ao longo dos séculos, por meio de vários ritos e celebrações, sempre utiliza dos Salmos para expressar seu diálogo com Deus; sobretudo na liturgia eles são integrados como um momento constitutivo da oração.
Os Salmos revelam Deus e quem é o ser humano e por isso favorecem o acesso e o conhecimento de Deus e do ser humano.
A oração cristã dos Salmos é uma arte, possível e necessária, apesar dos desafios de linguagem e contextos socioculturais em que foram escritos. São para a Igreja escola de oração.
Fundamental para orar com os Salmos é captar o sentido pleno, sobretudo o sentido messiânico, que é o que leva a Igreja a orar ainda com eles.
Santo Agostinho, na sua obra Comentários aos Salmos, afirma: “Todo o saltério é uma profecia referente a Cristo e à Igreja”.
Os Salmos são poesia e oração, são como árvores que dão frutos continuamente, por isso é preciso ter compreensão de que a linguagem poética vai além da linguagem racional, pois expressa por meio de realidade e símbolos o mistério da própria vida.
Os Salmos expressam e atraem para as atitudes fundamentais da vida: louvar e agradecer, confiar e alegrar-se, pedir perdão a Deus, suplicar e pedir. Cabe a nós assumir essas características e fazer delas expressão de nossa vida e experiência cristãs.
Eles são como um acervo educativo da arte de orar e nos ensinam a viver uma autêntica espiritualidade, reconhecendo o único e verdadeiro Deus e a Ele louvar de coração sincero, expressar com liberdade os momentos de nossa vida, da nossa família, da nossa comunidade, da Igreja, da humanidade.
Ao recitar um Salmo adequadamente, podemos assumir suas palavras como próprias e expressar de modo pessoal o que pensamos, sentimos, como desejamos agir.
Os Salmos nos convidam à conversão e a fazer da vida oração. Ao orar um deles, podemos reconhecer nele a nossa caminhada e os rumos que devemos seguir.
Muitas vezes, Jesus expressou a oração dos Salmos em sua vida e missão. Assim como Maria, que, ao proclamar o seu cântico – o Magnificat –, expressou textos de Salmos que certamente estavam em seu coração.
O Livro dos Salmos é uma coleção de 150 composições poéticas que expressam em oração a alma do povo hebreu. As realidades mais elevadas e os problemas mais desafiadores da vida são expressos nesses maravilhosos poemas. Eles revelam que Deus é o centro de nossa vida e nele devemos buscar luz, sabedoria, refúgio.
“Os Salmos são a voz inata da Igreja.” (São Basílio)
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