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É preciso ganhar tempo, aproveitá-lo, antecipar-se, não perdê-lo! Estas são expressões que falamos com extrema frequência.
O tempo da Quaresma é o tempo da criança, dos sonhos dos adolescentes com a vida, dos anciãos, carregado de memórias. Tempo medido e contado, ou tempo a ser desfrutado, ou, quem sabe, desperdiçado. Tempo simbólico, quarenta anos ou quarenta dias, vinte e cinco ou cinquenta anos, aniversários e jubileus, como o Jubileu da Misericórdia, o qual estamos celebrando!
Fomos feitos por Deus e mergulhados no tempo, não apenas naquele estudado pela física ou marcado pelo relógio, mas no tempo presente, dado por Ele, carregado de sentido porque se torna história da nossa salvação.
A sabedoria milenar na Igreja construiu, pouco a pouco, o que se chama”Ano litúrgico”, com o qual, a partir da morte e ressurreição, seu ”mistério pascal”, os cristãos percorrem os eventos da vida do Senhor nesta terra, para O reconhecerem sempre presente (Mt 28,20), até Sua vinda gloriosa no final dos tempos.
Acolher as graças oferecidas por Deus
A pedagogia da Igreja nos faz reencontrar os mesmos acontecimentos salvíficos, mas nos espera crescidos e mais maduros, capazes de acolher melhor as graças de cada época do ano. Todas as suas etapas são “tempo oportuno”. Atualiza-se o apelo do Apóstolo São Paulo ”Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi, no dia da salvação, eu te socorri”. E agora o momento favorável, é agora o dia da salvação (2Cor 6,1-2).
A que se dedicar na Quaresma
Quarenta dias dedicados à oração, à fraternidade e ao jejum! Todas as pessoas que fazem uma experiencia ”religiosa”, mesmo em outras vertentes, até não cristãs, descobrem a necessidade de um relacionamento com Deus, um novo trato com o próximo e as exigências de equilíbrio das forças de sua própria natureza. Observa-se que muitas delas fazem dietas ou jejuns muito mais estritos e exigentes do que a Igreja propõe para a Quaresma, por motivos espirituais, estéticos ou por prescrições médicas. E que não faz mal a ninguém orar, amar o próximo e educar a própria vontade.
O que fazer para viver bem a Quaresma
Entretanto, a Igreja celebra a Quaresma com um olhar mais amplo e profundo. Como os cristãos assim se chamam por terem recebido no Batismo a vida nova nascida do próprio Cristo morto e ressuscitado, celebram, cada semana, no domingo, a Sua Páscoa e a comemoram anualmente, preparados pela Quaresma, renovando, como num aniversário de Batismo, a fé professada e sua renúncia ao pecado e ao Demônio.
A Quaresma tem os olhos voltados para a Vigília Pascal. A vela acesa no Círio Pascal, para a renovação das promessas feitas, será um dos grandes símbolos da vida em Cristo. O mesmo Cristo, as mesmas celebrações, mas um tempo novo!
Que durante a Quaresma chegue a todos o convite da Igreja a intensificarem o tempo de oração. Comecemos pela participação na Missa Dominical, preparada de preferência, em família. Propomos ainda a retomada de bonito costume: a ida da família à igreja, com todos os seus membros, escolhendo um horário que dê certo para todos, marcando presença na Missa paroquial e acolhendo os dons de Deus que são oferecidos em abundância. Depois a oração pessoal, especialmente com a Bíblia, descobrindo a riqueza da chamada leitura orante da Palavra de Deus.
Por Dom Alberto Taveira Corrêa – Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA
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