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Um novo ano se inicia e muitas perguntas começam a povoar nossas mentes. Talvez a que mais nos exige tempo e energia é “O que vai me acontecer neste novo tempo?”. De fato, lançarmo-nos no futuro pode até parecer vantajoso, mas, esse movimento só tende a nos deixar mais ansiosos e preocupados com o que ainda nem chegou. Não queremos assim dizer que não vale a pena sonharmos com o futuro e minimamente projetá-lo, mas é preciso reconhecer que o aqui e agora, o hoje da minha vida, é fonte de muitas luzes para o amanhã.
Pensar no nosso projeto de vida como algo a alcançar apenas posteriormente pode fazer com que não estejamos atentos(as) aos processos humanos que vivenciamos, processos esses que falam de nossa trajetória até aqui: alegrias, dores, sonhos, dúvidas, capacidades e fragilidades. Todos eles juntos, constituindo as tantas facetas de nossa existência, algumas já integradas e outras ainda dentro de um horizonte de amadurecimento.
Levando em consideração que o nosso futuro estará repleto de experiências que já vivenciamos anteriormente é importante pensarmos que para construirmos um projeto de vida fecundo faz-se necessário olharmos – com muita honestidade, mas também com muito carinho – para quem já somos. É bem verdade que não estamos acabados, todos os dias buscamos ser pessoas melhores. Precisamos reconhecer que projetar a vida é um processo, um caminho dinâmico e exigente pelo valor que a vida de cada um tem.
Dando um passo de cada vez, vamos descobrindo a necessidade de nos conhecermos bem para planejarmos quais outros passos serão necessários para construirmos um futuro cheio de esperança.
Muitas vezes, encontramos jovens que, longe de seus verdadeiros desejos, caminham por veredas sonhadas por outras pessoas ou até seguem a massa, seja por omissão ou medo de serem os protagonistas de seus próprios itinerários. Dois instrumentos podem nos ajudar a planejar nossa vida em perspectiva: o discernimento e a esperança. O primeiro, além de nos ajudar a reconhecer quem verdadeiramente somos, pautará as tantas possibilidades e escolher aquela que nos dá mais sentido na vida, tendo em conta, inclusive, toda a realidade que nos cerca e nossas capacidades de intervenção nesta mesma realidade. Já a esperança será o motor que dará fecundidade ao processo de projetar nossas vidas. Mesmo frágeis, muito podemos fazer. Mesmo que o futuro nos cause inseguranças, o convite é o de sempre confiar: em Deus, nas tantas mediações e em nós mesmos. É a esperança que nos dará as verdadeiras condições de sonhar, construir o nosso projeto e apostar nos meios necessários a fim de alcançá-lo.
Valeria a pena dizer, por fim, que nenhum projeto de vida é construído e ganha sentido isoladamente. Pouco a pouco, vai-se descobrindo que lançar o olhar para o futuro em busca de sermos felizes nos levará aos demais. Um projeto de vida que está aberto aos demais, sobretudo às suas necessidades, ganha raízes muito mais profundas se comparadas aos que estão delimitados em cumprir as satisfações pessoais do sujeito. Abrindo-nos à gratuidade, descobriremos que não há prejuízos quando se ama e se quer o bem de todas as pessoas.
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