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“Celebrando a Vigília Pascal, morramos para a iniquidade e ressuscitemos para a justiça, que desapareça o antigo estilo de vida e resplandeça o novo.” (São Leão Magno)
A celebração da ressurreição do Senhor começa com a Vigília Pascal. Essa celebração começa no anoitecer ao Sábado Santo, quanto se faz a celebração da luz, na qual a Igreja medita sobre as maravilhas que Deus realizou para seu povo. É a celebração mais longa do ano litúrgico e está dividida em quatro partes: bênção do fogo e preparação do círio; liturgia da Palavra; liturgia batismal e liturgia eucarística.
É uma noite especial, na qual celebramos e refletimos sobre a ressurreição do Senhor. Toda sua dor e sofrimento terminam com o jubiloso anúncio “Jesus ressuscitou”.
Proponho fazermos um percurso pelas quatro partes dessa celebração, com o propósito de podermos participar mais intensamente da rica liturgia que a Igreja nos oferece e colher seus abundantes frutos espirituais.
BÊNÇÃO DO FOGO E PROCLAMAÇÃO DA PÁSCOA
A bênção do fogo e a preparação do círio demonstram a vitória da luz sobre as trevas. A liturgia explicitamente nos diz: “A luz de Cristo que ressuscita resplandecente dissipe todas as trevas de nosso coração e nossa mente”. Jesus, que é o mesmo “ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8), acolhe-nos e ilumina-nos.
Nessa primeira parte da Vigília Pascal se faz a proclamação da Páscoa, na qual nos é relatado que foi o Senhor “quem pagou do outro a culpa, quando por nós à morte se entregou: para apagar o antigo documento na cruz todo o seu sangue derramou. Pois eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas, com seu divino sangue nos salvou”. Essa proclamação da Páscoa é belíssima e traz o título de Exultet, pois logo no início proclama “Exulte o Céu, e os anjos triunfantes, mensageiros de Deus, desçam cantando; façam soar as trombetas fulgurantes, a vitória de um Rei anunciando”. Na Vigília Pascal, celebramos a “noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor” e com gratidão exaltamos: “Ó Deus, quão estupenda caridade vemos no vosso gesto fulgurar – não hesitais em dar o próprio Filho, para a culpa dos servos resgatar”. Concluindo a proclamação pascal ouvimos jubilosos: “Que Ele possa agradar-vos como o Filho, que triunfou da morte e vence o mal – Deus, que a todos acende no seu brilho, e um dia voltará, sol triunfal. Amém”.
Aqui não temos como transcrever todo o texto do Exultet, mas seria interessante dar uma olhadinha no Missal romano, ler e meditar sobre cada palavra da proclamação Pascal. É uma viagem ao longo da história da salvação.
LITURGIA DA PALAVRA
A liturgia da Palavra da Vigília Pascal é rica em significado. Ao longo das leituras, recordamos a obra da criação, a vocação de Abraão e sua obediência ao chamado de Deus. Contemplamos a libertação da escravidão. A travessia do mar Vermelho é rica de significado, pois nos apresenta a passagem da escravidão para a liberdade, a saída do Egito para a Terra Prometida. Há uma estreita analogia com a Páscoa, passagem da morte para a vida.
As leituras também nos apresentam a consolação que Deus oferece ao seu povo ao longo de sua caminhada. Não poucas vezes o Senhor usou de misericórdia, demonstrando sua benevolência; não obstante isso, o povo escolhido se afasta de Deus, utilizando-se de sua liberdade, depois percebe que é necessário voltar, pois Deus pode verdadeiramente saciar seus corações. O Senhor sempre está perto para acolher e perdoar. A liturgia também nos demonstra a sabedoria eterna de Deus, que alcança todos os povos. Percebemos que o povo escolhido de Deus deve ser um canal de bênçãos para todos os povos. É justamente de seu povo escolhido que nos nasceu o Salvador.
Depois da proclamação da Palavra de Deus do Antigo Testamento, a Igreja proclama-a no Novo Testamento, que nos indica essa novidade do plano de salvação de Deus para o seu povo. Ouvimos São Paulo fazendo uma profunda reflexão sobre a ressurreição de Jesus, associando-a ao Batismo, pelo meio do qual o novo povo de Deus se associa à morte e à ressurreição de Cristo, obtendo, assim, uma nova vida. Essa novidade de vida nos é testemunhada pelos discípulos, que se encontraram com o Senhor ressuscitado e o anunciam a todos os povos. Assim, percorrendo a Sagrada Escritura na Noite Santa, vemos como Deus libertou o seu povo e finalmente nos enviou seu Filho como nosso Redentor. A Páscoa inaugura um novo tempo, é a passagem para a plenitude da salvação.
A LITURGIA BATISMAL
Como o Batismo está estreitamente ligado à ressurreição, a liturgia batismal na Noite Santa tem um especial significado, pois é a demonstração de que pelo Batismo fomos feitos criaturas novas, pois o Cordeiro de Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21,6). O canto da ladainha nos demonstra a comunhão que temos com todos os santos e ao mesmo tempo nossa confiança na intercessão de cada um deles, para que também possamos viver em comunhão plena com o Senhor.
A bênção da água batismal é repleta de simbologia, pois evoca sinais e acontecimentos da história da salvação. Descrevemos aqui as primeiras e últimas palavras dessa especial benção: “Ó Deus, pelos sinais visíveis dos sacramentos realizais maravilhas invisíveis. Ao longo da história da salvação, vós vos servistes da água (…) a fim de que o ser humano, criado à vossa imagem, seja lavado da antiga culpa pelo Batismo e renasça pela água e pelo Espírito Santo para uma vida nova”.
Com a renovação das promessas do Batismo, renunciamos ao demônio e a todas as suas artimanhas. Renovamos também nossa fé, proclamando os artigos do Creio, fundamentos de nossa vida cristã.
LITURGIA EUCARÍSTICA
A liturgia eucarística conclui essa sublime celebração. A Eucaristia, a partir do Tríduo Pascal, passa a ser o memorial permanente da ação salvífica de Jesus. Na Eucaristia celebramos “o Cristo, nossa Páscoa, que foi imolado. Ele é o pão da retidão e da verdade”. Assim, desde a ressurreição de Jesus, a Igreja reunida, seja no Cenáculo ou nas comunidades primitivas, nas grandes basílicas ou catedrais, nas igrejas espalhadas pelo mundo todo, celebra o único e suficiente sacrifício para a salvação da humanidade. Em cada celebração eucarística o sacrifício de Cristo é atualizado e seu corpo e sangue tornam-se alimento que nos fortalece para prosseguirmos anunciando que seu amor é infinito e para todos.
Com a Páscoa, celebramos a passagem de Jesus da morte para a vida. A ressurreição de Jesus revela a grande mentira que é a morte, pois ela sempre foi considerada o fim de todas as coisas, mas agora, junto com São Paulo, perguntamos: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei. Graças, porém, sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!” (1Cor 15,55-57).
Convivemos com a morte, pois ela faz parte da natureza, encerra o ciclo terreno de toda criatura, porém, não é a última realidade. Cremos na ressurreição. São Francisco até chamava a morte de irmã, pois não a temia e a considerava a possibilidade de encontrar-se definitivamente com o Senhor.
É verdade que nos entristecemos com a perda de um ente querido. Ainda não compreendemos tudo e o medo do desconhecido nos assusta, porém, pela fé cristã somos convidados a contemplar a ressurreição de Cristo como a possibilidade da nossa própria. A ressurreição de Jesus inaugura as primícias da nossa. A morte já foi vencida, a nova realidade é a vida eterna, pois o Senhor faz novas todas as coisas.
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