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Sabemos que entre os escritos de Santa Teresa do Menino Jesus a principal obra é a sua autobiografia com o título de “História de uma alma”. Depois da morte da religiosa em 1897, a priora do Carmelo de Lisieux decidiu publicar as memórias de Teresa no lugar da circular comum que geralmente é enviada aos outros mosteiros, benfeitores e amigos depois da morte de uma religiosa carmelita.
Rapidamente os escritos de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, morta em plena juventude nos claustros do Carmelo de Lisieux, ganhou uma proporção inesperada. Aqueles que tinham acesso ao texto sentiam-se fortemente tocados por suas palavras e no correr de pouco tempo as duas mil cópias da autobiografia já tinham sido distribuídas.
A publicação rápida dos manuscritos contribuiu para que a profunda espiritualidade da religiosa se tornasse conhecida, suscitando nas pessoas o desejo de pedir a sua intercessão em graças especiais, o que a Igreja aprovou e confirmou anos depois com a sua beatificação e canonização. Com o passar do tempo, “História de uma alma” foi traduzido em diversas línguas e se tornou referência no tema da espiritualidade.
Porém, uma parte muito importante dos escritos de Teresa, frases conhecidas, pensamentos, reflexões e expressões que revelam muito da sua personalidade não se encontram em “História de uma alma”, simplesmente porque são fragmentos das cartas e bilhetes que não foram publicados imediatamente.
Não podemos dizer que “História de uma alma” não exprima o pensamento de Santa Teresa, mas, é necessário recordar que a autobiografia foi escrita obedecendo ao pedido das superioras. A divisão que conhecemos como manuscritos A, B e C nos ajudam a compreender a estrutura da obra.
O primeiro caderno, manuscrito A, é endereçado à Madre Inês de Jesus (Paulina) que incentivada por Irmã Maria do Sagrado Coração (Maria) pediu que Teresa escrevesse as recordações da infância. A segunda parte das memórias, ou seja, a sua experiência como monja carmelita, Manuscrito C, é endereçado à Madre Maria de Gonzaga, que agora ocupando o ofício de superiora foi incentivada pelas outras irmãs de Teresa a fazer o pedido de um novo caderno. O manuscrito B, inicialmente publicado como a terceira e última parte da autobiografia, foi um pedido da Irmã Maria do Sagrado Coração e dessa vez não se trata de memórias, mas, da apresentação de sua doutrina espiritual.
Com isso podemos perceber que grande parte de “História de uma alma” são memórias detalhadas da infância e da vida religiosa de Irmã Teresa que se dirigia à Madre superiora. Por isso, apesar de ser livre para escrever suas ideias, tinha sempre um objetivo, um ponto específico que a direcionava.
Sabemos que Teresa desde muito cedo, ainda quando criança escrevia cartas e bilhetes aos familiares e pessoas próximas, hábito que a acompanhou durante a vida religiosa, ampliando o seu pensamento para além dos manuscritos A, B e C.
Recordamos também que além da autobiografia e das cartas, a obra de Teresa é composta por diversas poesias, peças de teatro, músicas e pinturas que sem dúvida revelam sua identidade e profunda experiência espiritual.
Frei Juliano Luiz da Silva, O.Carm.
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