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“Realmente, o Senhor ressuscitou.” (Lc 24,33)
“Aconteceu sem mesmo esperar,
Ele apareceu em meio aos discípulos a caminhar.
Falava de amor e o som de sua voz
Abrasava os seus corações.
E diziam
‘Senhor, fica conosco’.”
(Walmir Alencar, Ao partir o pão)
Não raro nos encontramos caminhando desencantados, tomados pela tristeza e decepção de projetos que, aparentemente, fracassaram. Muitas vezes, depositamos nesses propósitos muito da nossa energia e da nossa esperança, de modo que, com o insucesso deles, vemo-nos fragilizados, desiludidos e sem muita coragem para prosseguir.
Esse sentimento é muito semelhante ao vivido pelos discípulos de Cristo no período entre a sua morte e a ressurreição. Aqueles homens e mulheres haviam depositado suas vidas, esperanças, forças e sentidos na causa apresentada pelo Mestre, mas, àquela altura, para eles tudo havia terminado escandalosamente na cruz. Já não havia muito a ser feito, restava juntar os cacos e voltar à vida anterior, como se nada houvesse acontecido – como se isso fosse possível.
As Sagradas Escrituras nos presenteiam com um bonito e catequético relato sobre esse momento – os discípulos a caminho de Emaús. O itinerário realizado por esses discípulos sinaliza, para cada um de nós, um processo que deve acontecer no mais íntimo dos nossos corações. O Cristo já havia ressuscitado, mas aqueles discípulos ainda não haviam feito a experiência da ressurreição. Eles estavam presos ao evento da cruz, ao desalento, ao sofrimento vivido na paixão e morte de Jesus.
A presença daquele, aparentemente, desconhecido é um convite àqueles discípulos a lançar um olhar novo sobre a realidade, um olhar semelhante ao das mulheres que, experienciando a ressurreição, saíram a anunciá-la.
Ao longo do caminho, os olhos deles vão se abrindo à realidade e à presença daquele homem. A experiência da ressurreição se mostra ao avesso do que foi vivido na paixão e morte de Jesus. A morte é um momento trágico e quase cinematográfico – o céu escurece, a terra treme, o véu do templo se rasga. Já a experiência da ressurreição, para aqueles discípulos, dá-se na simplicidade do caminho, na conversa sincera e na leitura da vida à luz das escrituras. O clímax da narrativa acontece no partir do pão, quando finalmente eles reconheceram o Senhor e, exatamente nesse momento, o Cristo desaparece dos seus olhos, dando a entender que ocorre quase como um passe de mágica.
Talvez tenhamos a tentação de nos prender a essa imagem, esquecendo o caminho percorrido até ali. O processo de ressurreição na vida daqueles discípulos se inicia no caminho com o Senhor, que lhes explica as Escrituras e faz arder os seus corações. A presença do Ressuscitado transforma o olhar daqueles peregrinos, eles já não eram mais os mesmos. Seus corações foram tocados pelas palavras e pela presença do Ressuscitado a ponto de pedirem “Fica conosco, Senhor!”.
O Cristo que ao partir do pão desaparece aos seus olhos começa a habitar seus corações tocados e transformados porque também foram ressuscitados com Ele. Os discípulos saíram da morte à vida, do desencanto à alegria e à esperança. Seus sonhos, projetos e causas foram ressignificados pelo Ressuscitado. Tenhamos também nós essa coragem de, caminhando com Ele, fazermos um verdadeiro caminho de ressurreição. Sigamos com coragem e alegria. Ele está vivo e caminha ao nosso lado!
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