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Rute, que significa “amiga da senhora”, é uma mulher moabita. Após a morte de seu marido Quelion, filho de Elimelec e Noemi, casou-se com Boaz e gerou Obed, que foi avô do rei Davi. Era uma mulher estrangeira, uma das quatro na Sagrada Escritura que entraram para a genealogia de Jesus. Rute acompanha a sogra no regresso a Belém e não a abandona após ficar viúva: “Aonde fores, eu irei; aonde habitares, eu habitarei. O teu povo é meu povo, e o teu Deus, meu Deus. Na terra em que morreres, quero também eu morrer e aí ser sepultada. O Senhor trate-me com todo o rigor, se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti!” (Rt 1,16-17).
Rute é uma mulher estrangeira que sofre a perda do seu marido, tendo que trabalhar para sustentar sua parente mais velha em meio a carências. Aquela que se aproximou de Boaz, bisavô de Davi, ensina-nos a como ter uma fé inabalável ao escolher confiar sua vida ao Senhor. Por causa do amor que tinha por Noemi e por Javé, Rute abandonou sua casa e sua família. Ela era trabalhadora, zelosa e leal, mesmo quando enfrentava dificuldades.
O grande escritor e monge Anselm Grün assim se expressa: “Na Bíblia, Rute encarna o arquétipo da estranha e uma mulher que parte para lugares estranhos precisa centrar-se em si mesma (…) é a mulher que busca” (Rainha e fera, Ed. Loyola, p. 133).
Essa personagem tem um valor inestimável para a fé. Primeiramente, ela entra para uma família que não faz parte de sua tribo e assume novos costumes, isso indica abertura aos planos de Deus, mesmo na incerteza de seu futuro. Segundo, diante da morte de seus entes queridos, decide continuar na família e cuidar da sogra, abandonando novamente sua cultura e partindo para Belém. A mulher está disposta a recomeçar e o cuidado com a idosa é um valor, trata-se de honrar o próximo, independente de quem for. Terceiro, ela professa sua fé no Deus que a ampara e Javé passa a ser seu tudo. Ela estabelece com Ele uma relação de confiança e segurança. A casa de Elimelec é reconstruída graças às figuras de Rute e Noemi, modelos de virtude e fidelidade. Quarto, Rute é apresentada como ideal de mulher israelita que se destaca pela gentileza e amabilidade, pelo zelo e amor às coisas de Deus.
A vocação de Rute é um legado para as gerações atuais e a valorização da mulher como instrumento de Deus na formação do povo. Ela contribuiu com a dinastia davídica de onde procede Nosso Senhor Jesus Cristo. Esteve sob a luz do Senhor e não desviou sua atenção à missão de reconstruir sua vida e garantir a hereditariedade dos filhos de Deus. É uma mulher real, concreta, lutadora que esteve em busca do sentido da vida e o descobriu nos acontecimentos, na escuta do Altíssimo.
Que Rute nos inspire a sermos amigos de Deus, estendendo nossas mãos aos que mais precisam de carinho e afeto. Sendo ela estrangeira, busquemos nos seus ensinamentos o respeito pelos que migram em busca de vida digna, pois todos somos irmãos, a sagrada família de Deus.
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