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JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2023: SAIBA COMO ESTÃO OS PREPARATIVOS PARA O ENCONTRO COM O PAPA
Jovens de todo o mundo têm percorrido uma extensa jornada para vivenciar uma experiência profunda com a Igreja ao lado do Papa Francisco. E em 2023 não será diferente.
De 1º a 6 de agosto, a juventude católica se reunirá na capital portuguesa para momentos de formação e intensa oração. A preparação para a Jornada Mundial da Juventude já passou por várias etapas. Até o momento, mais de 10 mil voluntários se juntaram para ajudar na organização. Vamos relembrar um pouco do que foi realizado desde o seu anúncio até agora.
O SÍMBOLO
Após o anúncio de Lisboa como cidade-sede para acolher toda essa geração de jovens católicos, a Jornada Mundial da Juventude revelou o seu símbolo oficial.
A divulgação ocorreu no dia em que se celebra a eleição papal de São João Paulo II, que é o fundador e patrono deste encontro entre os jovens. “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39) foi o tema escolhido para esta edição. Os elementos que compõem o símbolo foram inspirados no tema escolhido pelo Santo Padre.
PRESSA ESTÁ NO AR
Em janeiro de 2021, a organização do evento apresentou o hino da Jornada Mundial da Juventude. Pressa está no ar foi inspirado no “sim” de Maria e em sua pressa em ir ao encontro de sua prima Isabel, conforme relatado nas Escrituras. A canção foi escolhida por meio de um concurso em Portugal.
A letra da música foi composta por João Paulo Vaz, enquanto a melodia foi criada por Pedro Ferreira, professor e músico. Ambos fazem parte da Diocese de Coimbra.
O hino ganhou uma versão em chinês, feita pela Comunidade Católica Chinesa em Portugal em colaboração com a Diocese de Xi’an. Essa versão contou com o trabalho de vinte jovens chineses, alguns dos quais estavam na China quando contribuíram para essa nova versão.
SANTOS E BEATOS PATRONOS
O Comitê Organizador da Jornada Mundial da Juventude escolheu treze patronos, entre mulheres, homens e jovens, que demonstraram como a vida de Cristo preenche e salva a juventude. Dom Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa, destacou as principais referências históricas desses santos e beatos em um texto.
A Virgem Maria é a padroeira por excelência da Jornada Mundial da Juventude. São João Paulo II é o patrono, responsável pela sua iniciativa. Confira os demais patronos:
São João Bosco
São Vicente
Santo Antônio de Lisboa
São Bartolomeu dos Mártires
São João de Brito
Beata Joana de Portugal
Beato João Fernandes
Beata Maria Clara do Menino Jesus
Beato Pier Giorgio Frassati
Beato Marcel Callo
Beata Chiara Badano
Beato Carlo Acutis
A PREPARAÇÃO
Próximo à marca de duzentos dias para o evento, uma delegação do Comitê Organizador Local (COL) se reuniu com o Dicastério para os Leigos, Família e Vida, juntamente com a Secretaria de Estado da Santa Sé, para discutir os detalhes da Jornada Mundial da Juventude.
Na ocasião, o embaixador de Portugal junto à Santa Sé, Domingos Fezas Vital, também participou das discussões sobre o que será realizado em agosto. Dom Américo Aguiar, secretário executivo da Jornada Mundial da Juventude, teve uma audiência privada com o Papa Francisco, na qual apresentou detalhes do que estava sendo preparado até então.
“TÊM SEDE DE HORIZONTE”
Em 20 de janeiro, celebrando a marca de 400 mil inscritos, o Santo Padre divulgou um vídeo de agradecimento aos jovens que decidiram participar da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Ele incentivou esses jovens a terem sede de horizontes, a olharem sempre adiante e a não construírem barreiras diante da vida. Segundo o sucessor de Pedro, as barreiras restringem, mas os horizontes fazem crescer.
Lisboa, a capital portuguesa, será a sede desta edição da Jornada Mundial da Juventude. Para celebrar os dem dias restantes até o evento, o Santuário Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ), relembrou o evento e acolheu diversos jovens no início deste mês para uma série de atividades relacionadas a ele.
Fonte: Mauriceia Silva, com colaboração de Thiago Coutinho, Notícias Canção Nova.
UM MOCHILEIRO EM MISSÃO PELO BRASIL
Yvan Junior, registrado Francisco Ivon da Silva Junior, ousou escrever uma história missionária pelas estradas do Brasil. Fossem essas de asfalto, de terra, as grandes rodovias ou os caminhos jamais mapeados, em todos os chãos Yvan enxergava uma oportunidade para levar a Boa-Nova a corações sedentos de Deus.
Terço de Nossa Senhora nas mãos. Mochila nas costas. Bíblia junto aos pertences. Pés firmes de uma Igreja em saída por terras brasileiras. Os primeiros suspiros de 2022 e os novos sopros de evangelização na alma itinerante do jovem de 27 anos.
Yvan sequer imaginava que daquele 1º de janeiro em diante contemplaria 365 dias de surpresas nas pegadas da missão, além de percorrer 3 mil quilômetros a pé, 9 mil quilômetros de carona, nove Estados brasileiros, 91 cidades e uma infinidade de filhos e filhas de Deus encontrados pelo caminho. O cearense da cidade de Jaguaribe aceitou o chamado de deixar a sua querida “terra do queijo coalho, renda de filé e Virgem das Candeias” para seguir aonde aprouvesse.
O Senhor chama. E mais: transforma. De Abrão o homem recebe o nome de Abraão. De Francisco Ivon passa a ser Yvan Júnior, mochileiro, aspirante franciscano, um escolhido. A pedido de Deus, o servo segue à terra por Ele confiada. O desígnio divino o torna profeta das nações e o envia sob os ares da juventude. Promessas que nascem da voz do Pai desde o Gênesis até os escritos de Jeremias.
Os pés de Yvan já vinham de uma extensa caminhada de fé e vocação. Em 2014, ele fez a primeira grande mochilagem de Jaguaribe (CE) até Aparecida (SP), percorrendo mais de 2.500 quilômetros de carona para pagar uma promessa e agradecer pela cura do avô. Anos depois, nos tempos de seminarista, o Papa Francisco lhe mostrou o verdadeiro sentido da evangelização nas páginas da Encíclica Evangelii Gaudium.
“Eu lia as páginas no momento pessoal de oração e pensava: ‘Por que não viajar de carona e conversar com as pessoas, já que eu gosto tanto da estrada? Por que não usar toda essa aventura de fazer trilhas, de conhecer outras cidades, conhecer outras realidades como uma ferramenta para também levar o Evangelho para os que estão na estrada? Em 2021, cheguei até o noviciado, deixei a caminhada de seminarista e fiquei me perguntando o que faria no novo ano que se aproximava. Daí pensei em tirar o Projeto Mochileiro Missionário do papel e colocá-lo em prática”, sublinha Yvan Junior.
Pelo Brasil ele foi desbravando Brasis e descobrindo as respostas de Deus para a sua nação e especialmente para a sua própria vida. No rosto um sorriso. A alegria do Evangelho. O testemunho de uma vida tão iluminada quanto o sol que cobre toda Jaguaribe. Luz de Cristo.
NOS CAMINHOS DA TERRA DE SANTA CRUZ
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas, São Paulo, Paraná, Goiás e Pará foram os Estados brasileiros onde Yvan peregrinou. “Raramente eu me identificava como um missionário nessas peregrinações. Eu era um mochileiro. Nas conversas, as pessoas iam descobrindo que eu era um missionário, que tinha uma Boa-Nova para trazer, que talvez eles já conheciam e que estava adormecida”, comenta.
No primeiro nascer do sol de 2022, ele se despediu da família e partiu de manhã cedo pela BR-116, levando a carta de apresentação escrita e assinada por seu pároco, indicando que estava apto a promover momentos de evangelização em paróquias e comunidades. O filho do Francisco e da Valdeir e irmão da Beatriz e da Cláudia enfrentou o peso da mochila, os pregos da saudade, os pés calejados de bolhas, as dores pelo corpo e as provações vindas de todas as partes. A estrada, grande escola, foi para Yvan Junior lugar de encontro consigo, com o outro e com Deus.
No decorrer do ano, Yvan falou de Cristo a pessoas de todas as idades, foi muito bem quisto pelas comunidades paroquiais por onde passou e em algumas cidades foi convidado a permanecer por semanas. A cada sete dias, planejava o roteiro da semana seguinte, sob o agir do Espírito Santo.
Entre as principais atividades desenvolvidas, o cearense visitou famílias, conviveu com moradores em situação de rua, realizou celebrações da Palavra, rezou o Terço de Nossa Senhora com várias pessoas, visitou os santuários da Menina Benigna e do Padre Cícero em seu Estado, trilhou o Caminho da Fé entre São José do Rio Preto (SP) e Aparecida. Yvan fez-se um entre todos, um cristão, um outro Cristo.
“No Caminho da Fé, quando eu chegava às pousadas e as proprietárias descobriam que eu era missionário – porque as notícias correm –, elas não queriam cobrar e nem que eu trabalhasse. Pediam que eu realizasse celebrações da Palavra para as pessoas que estavam na pousada, os peregrinos do caminho. Foi como um retiro espiritual para mim e para todos”, recorda-se.
Estar entre pessoas sempre foi o intuito de Yvan e de seus itinerantes dias. Em Curitiba (PR), participou da Festa de Jesus das Santas Chagas, partindo para o Estado de Goiás em seguida.
“Quando eu cheguei a Goiás, não sentia a minha perna direita e tive que retornar para São Paulo (SP). Tive um rompimento no ligamento do joelho e isso me impossibilitou de andar. Senti muita dor. Só queria encerrar o projeto chegando a Belém (PA), porque era um sonho passar pela Festa do Círio de Nazaré. Um colega mandou uma frase da Madre Teresa de Calcutá para mim, dizendo ‘Deus me chamou a ser fiel e não bem-sucedido’, e isso me acalmou”, partilha.
Muito mais mensagens chegavam ornadas de agradecimentos e de frutos gerados pela missão, desde motoristas que caridosamente deram uma carona a Yvan até dos que participaram de encontros de oração por ele celebrados. Com as devidas melhoras do corpo, um sacerdote da Arquidiocese de Belém e também servo da Comunidade Obra de Maria foi canal do agir da providência divina para Yvan, informando que uma senhora benfeitora iria custear as passagens de avião até o Pará.
“Passei todo o Círio de Nazaré em Belém. Preguei para jovens, participei da vida comunitária em uma comunidade, fiquei muito encantado com o Círio de Nazaré e depois voltei para São Paulo, desenvolvendo atividades com a Ajuda à Igreja que Sofre e acompanhando as vocações franciscanas, junto às quais Deus despertou a minha vocação para o carisma. Nós distribuíamos marmitas para os irmãos de rua e fazíamos outras ações”, afirma.
De todas as certezas, Yvan destaca que é a de ter sido o principal evangelizado pelo projeto e pelas pessoas que encontrou. Recorda-se do Terço rezado com o caminheiro que lhe deu carona, das lágrimas que o motorista derramou. O caminheiro, depois de expressar toda a fé posta naquela devoção, visitou na memória as mulheres de sua família e a Igreja Católica, que há dez anos não frequentava.
Em outro momento e em uma estrada de terra, uma simpática mulher ofereceu carona ao jovem, conduziu-o até o centro de uma cidade e, enquanto dirigia, contou-lhe que havia sofrido traições, que perdera grande parte de seus bens materiais e que tinha recebido grandes golpes da vida, motivos esses para ter pensando em pular da ponte minutos antes de avistar Yvan e ter escutado uma voz lhe dizendo para desistir do plano e ir de encontro ao mochileiro. Yvan disse a ela confortantes palavras e, bastante agradecida, foi vista à noite na Casa do Pai para a santa Missa.
No Caminho da Fé, no Estado de São Paulo, Yvan trilhou a rota ao lado de três mulheres que se apresentaram como católicas não praticantes. Após os conselhos do missionário, elas foram tocadas a reiniciar uma caminhada de amor nos mandamentos da Igreja. Começaram a participar ativamente de suas comunidades e semanas depois agradeceram ao jovem pelo apoio na fé.
Os testemunhos iam surgindo como frutos na terra semeada pelos esforços de Yvan. Certa vez, um garoto com muita fome lhe pediu uma marmita para se alimentar. Yvan deu-lhe todo o dinheiro que tinha e recebeu de Deus a resposta para a criação de um novo projeto, o Mochila Solidária. Inúmeras pessoas em situação de rua puderam ser ajudadas com alimentação, produtos de higiene pessoal e acomodação. Para suprir o projeto, rifas foram um dos recursos utilizados pelo missionário.
“Certa vez eu estava em uma comunidade e fui pedir comida e a pessoa me negou. Aquilo foi muito forte para mim. Eu chorava muito, porque lembrava da minha avó, que dizia que a gente podia negar tudo às pessoas, menos comida. Chorava na praça e um senhor chegou, perguntou a mim o motivo e falei para ele, já que eu estava com muita fome naquele dia e não tinha dinheiro. Passou um carro preto, ele fez um sinal com a mão e falou de mim para o casal de senhores dentro do veículo. Eles me levaram para a casa deles, deram-me comida. Eles participavam de uma igreja protestante e falei que eles eram sinal da providência de Deus em minha vida”, cita o jovem.
Em janeiro de 2023, os pés de Yvan, hoje aspirante franciscano, puderam sentir novamente o chão de suas origens em Jaguaribe. O sentimento de vitória o visitou. Uma vitória assistida entre ele e Deus. A história escrita com fé, suor, sangue, dor, perseverança e alegria. A história dessa vez escrita com os pés, não com as mãos. Com Yvan, o prêmio mais valioso de todos: a felicidade.
“Eu trouxe de volta comigo a bandeira da minha cidade. Na Evangelii Gaudium, o Papa cita que o discípulo é ‘um homem que faz memória’, e ter levado a bandeira em meu ombro me lembrava que eu levava comigo a história de um povo que sofre, que luta, que tem fé, que confia na mãe de Deus, que reza, que celebra e que, diante de todas as circunstância, tem esperanças. O meu povo está presente no meu sotaque, no jeito de falar, de agir, nas minhas expressões, no meu rosto”, diz.
Em um convento franciscano na cidade de Ituporanga, em Santa Catarina, o mochileiro missionário acolheu a sua nova casa, a nova missão, a nova rotina e as novas surpresas de Deus. Em sua liberdade, Yvan escolheu obedecer nas mínimas coisas ao seu superior, confiando ao religioso até mesmo a itinerância de seus testemunhos sob autorização pelos lugares e momentos adequados.
“Deus nos chama a sermos santos felizes e plenos de amor. A Igreja é viva. A Igreja é jovem. Precisamos ser contagiados pelo Evangelho e não termos medo de sermos santos, de renunciar – mesmo que nos doa –, de levantarmos quando cairmos. Deus não nos tira nada, Ele nos dá tudo”, sublinha.
UMA IGREJA EM SAÍDA COM O PAPA FRANCISCO
Francisco Ivon tem à sua frente duas grandes inspirações: São Francisco de Assis, baluarte de sua vocação, e o Papa Francisco, o pastor de sua Igreja.
Ao saber que o novo Pontífice da Igreja viria ao Brasil realizar a Jornada Mundial da Juventude em 2013, o jovem de 17 anos, sonhador desde sempre, organizou-se como pôde com vendas e ações para ver Jorge Bergoglio de perto. Yvan viajou de avião pela primeira vez e viu, no Rio de Janeiro, a radicalidade das palavras de Francisco de Assis impressas nas palavras do Papa Francisco, já naquela emocionante missa de envio que participou.
“O Papa Francisco está conosco há dez anos. São dez anos do agir do Espírito Santo na Igreja e do ruah de Deus sobre a Terra. Ele traz a mensagem de um Deus que se preocupa com o homem em sua totalidade e São João Paulo II também realizou um importante papel para nós, jovens, motivando-nos a termos coragem e entusiasmo”, reflete.
Yvan contempla o legado de Francisco para uma Igreja do encontro, a Igreja do rosto da misericórdia de Deus, do anseio a todas as vocações, da proximidade com as pessoas, do diálogo, da escuta, da cura das feridas, dos impulsos do Espírito Santo, da saída para as periferias existenciais, uma Igreja que é resposta para as dúvidas do mundo e que está de portas abertas às pessoas e às moções de Deus. “O maior convite dessa Igreja em saída é que, como Francisco, sejamos instrumentos em um mundo de paz e bem”, conclui Yvan Junior.
O que dizer de um jovem cearense que tanto caminhou pelas estradas reais de um Brasil ainda em descoberta e de seus brasileiros? Um autêntico missionário que trilhou diversos caminhos impulsionado pelo zelo da evangelização e disposto a propagar a Boa-Nova. O Livro de Isaías responde: “Que formosos são, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a Boa-Nova, e que apregoa a vitória! Que diz a Sião: ‘O teu Deus é rei’” (Is 52,7).
Fonte: Luiz Felipe Bolis, Massaranduba, Diocese de Campina Grande (PB), blog Editora Ave-Maria.
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