ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Nessa época de preocupação com a eficiência e com o tempo presente, falar sobre “salvação eterna” é uma dificuldade, pois o interesse maior é o viver cada dia sem pensar no amanhã. Se as pessoas não querem se preocupar com o dia seguinte, muito menos com a salvação eterna, que lhes parece algo tão longínquo. No entanto, precisamente aí residem os valores da vida e da felicidade humanas. É conhecendo o nosso fim último que iremos viver o hoje, o agora.
Ouvimos também que a Igreja só deveria existir para a mudança social, sem a preocupação com a eternidade, que seria uma alienação. Esses termos muitas vezes presentes em palestras e livros já entraram no pensamento e reflexão atuais.
Constatamos, porém, que o pecado ronda e está muito presente na sociedade. Um mundo sem Deus é projetado constantemente como o melhor dos mundos, muitas vezes abusando do termo “laico” mal compreendido como que sendo o contrário da fé.
No entanto, vemo-nos envoltos numa atmosfera em que o sagrado parece que está perdendo a vez e a hora. E a Igreja, como recorda Santo Agostinho, segue como “estrangeira em meio às perseguições do mundo e às consolações de Deus (De Civitate Dei XVIII, 51).
O mesmo Bispo de Hipona nos alerta: “a Igreja, peregrina sobre a terra, em seu seio, unidos pelos laços dos sacramentos, tem também alguns que não estarão na felicidade eterna dos Santos (ibid. I, 35).
Constatamos que a sociedade não vive mais os valores cristãos que marcaram a nossa história: isso foi detectado como “mudança de época”.
Porém, é verdade que nascemos e fomos educados na fé cristã e que iluminou a nossa cultura. Queiramos ou não, em nosso país, a vida cristã com os seus valores é um fator constitutivo da nossa própria identidade de pessoas e também da nação.
Hoje, parece que as pessoas têm grande dificuldade para compreender a mensagem de Jesus à luz dos problemas cotidianos. Vivemos em um aparente confronto entre religião e sociedade moderna, entre a Igreja e os tempos de uma “nova” cultura. Vivemos esse tempo como “tensão” entre Deus e os homens. O sagrado, a mensagem da salvação, é para o homem de todos os tempos uma importante notícia numa sociedade secularizada, intolerante, plural e multifacetada. Como compreender a mensagem cristã no atual pensamento contemporâneo que rejeita o sagrado?
Ao reconhecer Jesus como nosso salvador, devemos ter presente que esta tensão sempre existirá. Nossa missão será não esmorecer e continuamente propor, pelo exemplo principalmente, mas também pelas palavras, a grande notícia a que somos chamados a dar ao mundo contemporâneo. Anunciar Jesus como um conhecimento de coração, de vida, de esperança, de alegria interior. Se assim vivermos, aí estaremos anunciando a salvação de Jesus, que é um apelo pela autenticidade de vida.
Devemos ter em mente que a salvação anunciada por Jesus é viver a felicidade anunciada por Ele, que foi condenado, abandonado, excluído e rejeitado em um ambiente hostil à sua mensagem.
A sua mensagem, portanto, é sagrada, mas ao mesmo tempo profundamente humana. Mensagem que não exclui ninguém, que é para todos os seres humanos, mas, comprometedora, pois nos pede uma relação com Cristo tal como Ele viveu em relação ao Pai. Para isso supõe-se o “sim” de cada um de nós, à semelhança de Maria. A sua mensagem nos leva a melhorar os relacionamentos que temos uns com os outros porque existe a certeza de que Ele está entre nós.
Não podemos deixar para amanhã as nossas respostas: “eis agora o tempo aceitável, eis agora o dia da salvação” (2Cor 6,2).
João Paulo II advertiu-nos: “também as pessoas do terceiro milênio precisam descobrir que Cristo é seu salvador. Esta é a mensagem que os cristãos têm que levar com renovada coragem ao mundo de hoje” (Homilia da Festa de Cristo Rei – 24/02/2002).
O caminho da salvação, portanto, a felicidade que nos é prometida por Jesus, não deve ser arrefecida frente à sociedade de hoje. Pelo contrário, temos o dever de atualizar esta mensagem. Buscar nas Palavras de Jesus frutos de esperança e de amor para os homens e as mulheres, os jovens e as crianças que recebem todos os dias ventos contrários à religiosidade e à crença do transcendente. Todos os cristãos devem renovar as suas forças de evangelização!
A resposta cristã para o mal é, sobretudo, espalhar a boa nova, e tornar cada vez mais presente a mensagem de salvação em Jesus. Os cristãos têm, sim, uma “boa notícia” para os homens de hoje, e devem compartilhar com estes, os que estão dispostos, e os que também não estão dispostos a ouvir.
E essa partilha de salvação que devemos ter com essa sociedade chamada de “pós-moderna” deve ser enfrentada, principalmente, pelo testemunho de vida, tal como nos observa Paulo VI na sua encíclica Evangelii Nuntiandi (41). O homem contemporâneo tem uma sensibilidade maior pelos homens de boa vontade, e quer ouvir os que testemunham mais do que aqueles que querem somente ensinar.
Precisamos ter isso em mente: todas as realidades humanas devem ser impregnadas pela mensagem de salvação que Cristo nos promete e nos afirma, não apenas em fórmulas escritas de princípios, mas em verdade e em vida. E nesse sentido, quanto mais vivermos a vida cristã com coerência, melhor poderemos colaborar com a vida mais justa e fraterna que todos desejam. Viver acolhendo a boa nova da salvação supõe uma vida renovada e transformada que, por sua vez, será como “fermento da massa” da “civilização do amor”.
As mudanças realizadas à força apenas conseguem colocar um “verniz” na vida das pessoas, muitas vezes com violências incríveis e falta de respeito à dignidade humana. Somente homens novos e santos é que detêm o grande segredo da revolução do amor, que é a ação do Espírito Santo que começa por atingir a pessoa por dentro e a leva a viver uma nova vida na paz e alegria!
Comments0