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A imagem do senso comum que temos de Francisco é o homem dos animais, da natureza. Mas vamos perceber aqui que Francisco é mais do que isso. Falar de Francisco é falar de santidade. “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo” (Mt 5,48). Somos criados à imagem e semelhança de Deus e por isso temos como vocação, chamado, a santidade. Quando buscamos viver uma vida santa, não estamos fazendo outra coisa senão encarnar no cotidiano aquilo que já somos, “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26), a santidade.
Francisco nasceu na Idade Média, entre 1181/82, em Assis, uma cidade da Itália. Primeiramente batizado com o nome de Giovanni di Pietro, depois teve o nome mudado pelo pai para Francesco (Francisco). Segundo seus biógrafos, nasce em uma família “bem de vida”. Segundo Tomás de Celano, “Desde os primeiros anos Francisco foi criado pelos pais no luxo desmedido e na vaidade do mundo”.
Somos criados à imagem e semelhança de Deus e livres para viver uma vida santa ou não. Assim sendo, tornar-se santo é uma tomada de consciência de cada ser. Santidade é luta diária, respondendo aos apelos de Deus sem tirar os pés do chão. “Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes” (Sl 8,4-6). Muitas vezes deparamos com uma santidade desencarnada, em que a existência humana quase que fica desprezada. Se isso fosse real nosso Deus não teria encarnado. Não teria se tornado um de nós.
(…) A Igreja canonizou Francisco de Assis. Que significa isso para a linguagem religiosa católica? Significa que Francisco pode ser seguido como modelo de vida. Quem seguir Francisco como modelo de vida não incorrerá em erro, pelo contrário, chegará à perfeição evangélica. Importante pensar aqui que muitas vezes nós queremos receber os méritos dos santos, mas não queremos fazer a experiência de vida que fizeram. Recorremos à interseção dos santos, mas não queremos praticar a verdadeira religião que perpassa pela vivência do amor, da caridade, da misericórdia.
Os santos foram praticantes da verdadeira caridade, tiveram amor à Eucaristia, amor à Sagrada Escritura, amor à Igreja. Sejamos sempre devotos dos santos, mas, antes de tudo, procuremos imitá-los na busca da santidade.
Hoje recorremos à intercessão dos santos. São Francisco faz parte da lida desses santos. Entendamos que eles não têm o poder de nos conceder. Os santos intercedem a Deus por nós. De forma errada muitos irmãos dizem que adoramos as imagens. Está errada essa maneira de interpretar a devoção aos santos Eles, como já dito acima, servem de modelo. Olhando-os buscamos seguir seus exemplos, para que também nós alcancemos a santidade. Não se faz um santo depois de morto, mas se comprova que alguém viveu em santidade, que viveu uma vida santa e por isso pode ser seguido como modelo de vida santa.
Hoje, mais do que nunca, nossa mundo precisa de homens e mulheres santos autênticos que saibam olhar para o lado com coração misericordioso. O Papa Francisco abriu para nós o Ano Santo da Misericórdia e inicia a bula de proclamação do Jubileu dizendo: “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré. O Pai, ‘rico em misericórdia’ (Ef 2, 4). São Francisco de Assis, com sua prática de vida, ainda na Idade Média, já muito bem nos traduzia essa mensagem do Evangelho”.
Por Pe. Benedito Carlos Alves dos Santos
Texto adaptado da edição de outubro da Revista Ave Maria. Para ler os conteúdos na íntegra, clique aqui e assine.
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