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Na Ordem do Carmo há três figuras importantes como inspiradores: Maria, o Profeta Elias e seu sucessor, Santo Eliseu. Cada um, em seu aspecto, funciona como uma engrenagem que, juntos, movem a espiritualidade carmelitana e são representados nas três estrelas do Escudo do Carmo para mostrar sua real importância para o Carmelita, e também para o cristão, que muito ganha se inspirando nesses verdadeiros exemplos.
Neste texto, desejo destacar a vida e a missão do Profeta Eliseu que se destaca na liderança daqueles que hão de servir a Deus no Monte Carmelo, estando, como mostra na Bíblia, a maior parte do tempo ensinando esses filhos espirituais.
Eliseu é uma figura importante do Antigo Testamento, venerado pelos judeus e pelos católicos. Seu ciclo na Bíblia compreende 2Rs 2-9.13,14-21. Ele foi profeta em Israel desde o reinado de Jorão (852-841 a.C) até o de Joás (797-782 a.C). Recebendo a dupla porção do espírito de Elias, ele foi verdadeiro sucessor e líder da escola dos Profetas (2Rs 2, 15-16).
Ele fez muitos milagres em vida como seu predecessor, inclusive alguns idênticos (como a divisão das águas do Jordão [2Rs 2, 14] e a ressurreição de uma criança [2Rs 4, 35]), para mostrar que realmente seguia seu mestre. Pela dupla porção do espírito, ele fez também o dobro de sinais, mas nem por isso se percebeu melhor que seu antecessor, mas com espírito humilde, apenas seguiu a moção do Espírito. Foi fiel a Deus em toda sua vida, e lendo os textos bíblicos podemos perceber que era exemplo de muitas virtudes.
Além do seu ciclo propriamente dito, ele também é citado no livro do Eclesiástico (Eclo 48, 12-14) e em Lucas (Lc 4, 27). Os Padres da Igreja também o mencionam para elogiar suas qualidades e a Ordem do Carmo tem verdadeiro respeito e veneração por esse santo exemplo de seguimento e discipulado que, como figura dos Apóstolos, deixou tudo quanto tinha para seguir o Pai Elias (1Rs 19, 21b) e aprender, para transmitir à futura geração que os seguiria, como chegar a união com Deus.
Para o Carmelita, Santo Eliseu tem uma grande importância, pois é como o irmão mais velho, aquele discípulo em que o frade deve se inspirar. Sendo Santo Elias o Pai da Ordem, seu filho espiritual é como um espelho dele; ora, se o carmelita, para seguir Jesus, deve olhar para Maria, se quiser seguir os passos de Elias, deve olhar para Eliseu, seu fiel servo.
Os textos da Ordem ainda falam sobre o manto que Eliseu recebeu do nosso Pai, revelando sua sucessão profética(2Rs 2, 13). É esse mesmo manto que recebem aqueles que participam da venerável Ordem da Virgem do Carmo, identificando-se assim com esse mesmo Eliseu e também como filhos tanto de um, quanto do outro. Ele bem mereceu ser chamado de “Profeta Santo, querido pai” (Brev. Carm., p. 213), pois cuidou muito bem de seus filhos espirituais, os Irmãos Profetas e antecessores daqueles que, como conta a lenda, permaneceram no Monte Carmelo até sua saída para o mundo e, graças aos cuidados de tão querido Pai, continuam servindo a Deus sem cessar.
Ao ler as passagens bíblicas a seu respeito, podemos ver algumas características marcantes e comuns com seu Mestre, como o silêncio que conduz à escuta de Deus, falando somente o necessário e esperando que o Senhor fale, inclusive quando Este se cala: “Iahweh mo encobriu e nada me revelou” (2Rs 4, 27); essa passagem demonstra, mesmo indiretamente, que Eliseu estava em postura vigilante para saber o que o Senhor iria comunicar, ou seja, estava em constante oração.
Com tudo isso, podemos perceber a modéstia desse grande profeta, que mesmo com tantos dons, permaneceu fiel a Deus e ao que havia recebido de seu mestre, sem se orgulhar nem crer ser melhor que os outros. Em sua humilde grandeza, soube ouvir a voz do Senhor e ajudou a muitos com uma verdadeira caridade (cf. 2Rs 4,1–6,7), pois soube colocar em prática o que recebeu de Iahweh, se tornando verdadeiro espelho para os Carmelitas que têm Elias como Pai Espiritual e têm Eliseu como Irmão mais velho e excepcional servidor. Portanto, que os Carmelitas possam olhar para Eliseu e, a seu exemplo, possam caminhar, como ele, de virtude em virtude, até o Céu.
POR: Frei Paulo Victor
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