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FUNDADOR DOS MÍNIMOS
(1436-1507)
“Vós deveis renunciar a todo ódio e a toda inimizade, guardai-vos diligentemente das palavras mais ásperas e, se elas saíram da vossa boca, não vos importeis de extrair o remédio da mesma boca, pela qual foram desferidas aquelas feridas. E, assim, perdoai-vos uns aos outros e não fiqueis pensando na injúria recebida.”
Francisco nasceu em Paula, na Calábria, Itália, filho de Paulo Aléssio Martolillo e de Vienna Fuscaldo. Eram uma família cristã que possuía uma pequena propriedade no campo, uma sorte nesses tempos e nessa região, onde tudo pertencia ao Estado ou a vários nobres do lugar.
Seus pais tinham pedido a Deus um filho, prometendo que ele prestaria serviço gratuito no convento vizinho por um ano, vestindo o hábito de São Francisco.
O CUMPRIMENTO DE UM VOTO
Aos 12 anos, o menino cumpriu corretamente com alegria a promessa paterna. No convento foi jovial e pronto para qualquer serviço, sempre presente onde havia mais necessidade, e isso levou a pensar que ele tinha o dom da bilocação.
Cumprido o voto, os frades quiseram que o rapaz continuasse entre eles, mas Francisco quis voltar para casa, não tanto por saudades, mas porque desejava ver mais claramente qual seria a sua vocação. Pediu ao pai e à mãe para acompanhá-lo em uma longa peregrinação. Juntos foram até Montecassino, onde admirou o trabalho dos monges e sua esplêndida liturgia, depois foi a Loreto, onde visitou aquela que é considerada a casa de Nazaré e ficou encantado com a simplicidade da moradia do Verbo, bem semelhante à sua casa natal, e finalmente chegou a Assis.
Nessa cidade cada coisa falava ao seu coração, mas, sobretudo, impressionou-lhe um aspecto particular da vida de São Francisco: o de se retirar muitas vezes à vida eremítica para poder ficar mais próximo de Deus e estar depois mais disposto ao serviço ao próximo.
A OPÇÃO PELOS POBRES
O contato com tantas misérias humanas fez com que ele se convencesse de que, sempre que há mais apego às riquezas por parte de alguns, provoca-se a fome e a opressão em outros. Bastava escutar os pobres e observar ao redor para ver as injustiças que os barões e poderosos cometiam contra os camponeses, reduzidos a verdadeiros escravos, sem nenhuma possibilidade de apelação, pois os ricos tinham a seu favor também os homens encarregados da justiça e da ordem pública.
Dos ricos e dos poderosos, Francisco jamais teve medo e deles aceitava ajuda somente se, primeiro, tivessem tratado bem os próprios dependentes. Naturalmente esse seu modo de agir suscitou a ira de muitos barões, habituados a ser reverenciados pelos eclesiásticos e até mesmo pelo rei de Nápoles, Fernando de Aragão, ao qual os religiosos do reino prestavam obediência.
Quando o santo levantou a voz contra as opressões do rei, este, enfurecido, enviou os guardas com ordem de trazer acorrentado aquele frade que ousava contestá-lo: mandou derrubar o convento de Paula e enviar para casa todos os eremitas, alegando que eles eram perturbadores da ordem pública.
Os guardas chegaram repentinamente, entraram na igreja e encontraram Francisco em adoração diante do Santíssimo, mas, quando se aproximaram para prendê-lo, o frade desapareceu. Procuraram-no por toda parte, mas, inutilmente.
O povo gritou ao ver o milagre e, quanto à demolição do convento, não é bom nem falar! Se quisessem ter a vida salva, deveriam partir imediatamente para Nápoles e falar ao rei que ele deveria ir a Paula para venerar o santo e para lhe pedir conselhos.
Os emissários do rei compreenderam que não tinham nada mais a fazer do que partir imediatamente e foram contar ao rei o que havia acontecido. O rei se deu conta de que não era oportuno perturbar um “leão” no seu território.
A VISITA PAPAL
Quando Francisco voltou da Sicília, uma surpresa o esperava: o Papa Paulo II tinha enviado o núncio para pesquisar sobre “os eremitas de São Francisco”.
Um dia, o visitador pontifício lhe fez a observação de que a regra era muito severa, pois prescrevia o jejum quaresmal por todo o ano. Francisco então pegou de uma fogueira alguns carvões acesos e, colocando-os sobre a palma da mão, mostrou-os ao seu espantado interlocutor e lhe disse: “Não tenhais medo, excelência, a quem ama e serve a Deus com sinceridade de coração tudo é possível. Todas as criaturas se tornam dóceis à vontade daquele que observa e cumpre fielmente a vontade do Criador”.
O parecer do mensageiro papal sobre os novos eremitas foi favorável, mas, por causa da prematura morte de Paulo II, foi preciso outra visita antes da obtenção da aprovação pontifícia, que foi dada por Sisto IV em 1474.
A CAMINHO DE ROMA
Em Roma, o Papa quis ordená-lo, ao menos, sacerdote para poder apresentá-lo mais dignamente diante da corte da França, mas Francisco foi irredutível. Se o Papa quisesse enviar à França um dignitário eclesiástico, bastava escolher um entre tantos que havia em Roma, mas, se quisesse que fosse ele próprio, era simplesmente um pobre eremita de São Francisco e não poderia se tornar outra pessoa.
A MISSÃO NA CORTE
Chegando à França, não conseguiu curar o rei da doença, mas este teve tempo suficiente para ouvir os conselhos de Francisco, rever e reparar as numerosas injustiças cometidas, tanto no âmbito civil como no eclesiástico. Encontrada a paz de espírito, apresentou-se diante de Deus.
Enquanto se ocupava dos afazeres do rei e do Papa, Francisco difundia na França a sua ordem. Quando morreu o soberano, e ele se preparava para voltar, o Papa, por solicitação da própria corte, pediu-lhe para permanecer ainda na França. Francisco, que mesmo na corte tinha continuado a viver segundo o seu carisma, aceitou com serenidade a vontade do Papa e simultaneamente trabalhava para aperfeiçoar a sua regra, fundar a segunda e a terceira ordem e escrever o Correttorio e outros livros.
Morreu em Plessis-les-Tours aos 2 de abril de 1507, deixando para a Igreja uma nova família espiritual, a dos mínimos, um nome que recorda a sabedoria evangélica do último lugar e a presença de Cristo nos “menores”.
Sendo a espiritualidade de Francisco de Paula a mesma do pobrezinho (poverello) de Assis, também como este foi acusado de excessiva severidade. Na realidade, o estilo de vida, honesto e austero que ele quis para si e para seus filhos não só favoreceu a vida evangélica, mas trouxe saúde e longevidade aos membros da ordem.
Mesmo sendo uma ordem de eremitas, ele via essa experiência espiritual não como uma vantagem exclusiva do indivíduo que a vivia, mas como base para uma autêntica caridade para com o próximo, sobretudo para com os mais pobres, “os mínimos”, em que o mais vivo resplandece o rosto de Cristo crucificado.
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