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A afirmação do título é do Papa Francisco, quando ele, na Carta Apostólica Patris Corde, aborda José como “pai no acolhimento”. A misericórdia comporta a ação de acolher, de olhar e sentir o outro e, sem delongas, abrir a comunhão. Acolhida não é simulação de abertura, tão comum em alguns lugares, que serve para manter aparências, apenas. É algo grande, com compromissos e consequências.
Papa Francisco indica que, ao receber a missão de acolher Maria e dar suporte para o nascimento de seu Filho, José não impôs nada. Teve a nobreza de aceitar, subordinar-se a uma missão que assumiu com todas as suas forças. Francisco nota a decisão de José em valorizar sua esposa, o que é inspirador em um mundo onde a mulher sofre violências múltiplas. Ele diz: “José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado, que, mesmo não dispondo de todas as informações, decide-se pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento”. Pode-se entender, assim, que acolhida não é dependência psicológica, afetiva ou física, mas estímulo para ser mais, para crescer.
Na história não entendemos tudo o que nos cerca e José também não entendeu, plenamente, o que acontecia com ele e sua esposa, mas assumiu com esperança, amor e fé, expressos na responsabilidade absoluta sobre a situação. Isso é acolhida!
O Papa indica que a espiritualidade de José não “explica” os fatos, mas “acolhe” a realidade. É o que se chama de “realismo cristão”, que não é resignação passiva, mas posição de protagonismo diante do que há, dos desafios do agora. Afirma Francisco: “A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente”.
A intervenção de Deus na vida de José é um sinal. A atualidade é marcada pelas inseguranças, doenças, incertezas e violências políticas, instabilidades econômicas. José ouviu “(…) não temas (…)” (Mt 1,20). Ele deu lugar, na sua vida, a algo que não havia escolhido, mas que existia, era real e exigia uma resposta. Segundo o Papa Francisco existe um significado oculto naquilo que vivemos e que não controlamos. Mesmo o erro pode ser revertido com esperança, dedicação e amor.
Não se trata de soluções fáceis, simplificadas e autoconsoladoras. Papa Francisco, não na Carta Apostólica Patris Corde, mas em outro texto, contou de um sofrimento pessoal: a enfermidade pulmonar que levou metade de um de seus pulmões na adolescência. Ele conta que recebeu a visita de uma pessoa simples, que não prometeu cura nem disfarçou a gravidade do problema. Segundo o Papa, ess pessoa apenas segurou sua mão e ficou lá, um longo tempo, com ele. Isso foi, de fato, acolhida!
José foi o “acolhedor” do Mistério de Deus, ainda que não entendesse ou controlasse tudo. O mundo moderno tem necessidade de acolhida, de cuidados com a natureza, com os pobres, os enfermos, as mulheres e os jovens em risco. Não tem necessidade de políticos e supostos governantes que fazem bravatas de prepotência e desprezo.
Todos precisamos aprender com José. “O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil”, afirma Francisco.
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