“Senhora do Carmo, mãe do Perpétuo Socorro”

Prezados confrades, estimados irmãos e irmãs que nos acompanham pelos meios de comunicação; graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Maria é medianeira em vários títulos. E, para nós Carmelitas não é diferente, desta vez, queremos honrá-la meditando brevemente sobre o tema: Senhora do Carmo, mãe do Perpétuo Socorro. Presença benfazeja na história dos Carmelitas e de todos os que clamam por seu amparo e proteção; a Virgem do Carmo, é poderosa intercessora, e muito ama aos que com humildade, buscam Jesus Cristo por meio dela, confiando inteiramente suas vidas em constantes súplicas e orações.

Caros irmãos e irmãs, há séculos, a mãe do Perpétuo Socorro tem auxiliado o povo cristão e, principalmente, seus devotos, nas mais diversas necessidades. Seja na bonança ou na miséria; na saúde ou na doença. Aliás, nunca se ouviu alguém dizer que, uma vez recorrido à Santíssima Virgem, tivesse ficado desamparado. Além do mais, irmãos, ainda que não peçamos seu auxílio, mesmo assim, Maria em seu silêncio orante e contemplativo, estará presente observando-nos e, logo verá que em nossa vida, o vinho se esgotou. E, sendo Ela uma poderosa intercessora, pedirá ao seu Filho que realize um milagre, transformando, ou melhor, convertendo nossa vida da “água para o vinho”. Mas para que aconteça esta intervenção, haverá sempre uma condição pedido por ela a nós: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2, 5).

Caros devotos de Nossa Senhora, contemplem comigo estes fatos históricos, onde a Senhora do Lugar, como é honrada pelos Carmelitas, agiu com seu Socorro Perpétuo. Sim, amados! Uma vez que Maria tornou-se cooperadora da Redenção de Cristo, será ela do início ao fim, pois quem ela anuncia com a vida e com o coração, é por excelência, o Rei do Universo, a razão de tudo desde sempre e para sempre: “Eu sou o Alfa e Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22, 13). E no mesmo Apocalipse no capítulo 12, versículo 1, também nos diz que Maria é Rainha do Céu e da terra coroada de doze estrelas. Vejam como também o Carmelo desde o século XVI, em 1571, no mosteiro das monjas de Santa Maria dos Anjos, em Florença (Itália), proclamam a Virgem Santíssima, como Rainha, Mãe e Priora Perpétua de tal mosteiro. Estas monjas, por serem contemplativas e de muita oração, conseguiram compreender a importância de Maria não somente para o Carmelo, e sim, como a Flor permanente para a humanidade ao ouvi-la anunciar as maravilhas e Misericórdias do Senhor: “Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada e sua misericórdia perdura de geração em geração” (Lc 1, 48; 50).

No início da Ordem do Carmo, os antigos eremitas carmelitas que viveram no Monte Carmelo, tiveram de enfrentar as dolorosas perseguições dos árabes sarracenos. Com efeito, desde sempre fomos chamados a carregar a Cruz de Cristo, assim como fizeram estes valiosos amigos de Jesus no início da Ordem; sendo que, muitos desses antigos eremitas foram expulsos, tendo que fugir para o Ocidente (Europa), e outros martirizados pela espada, dando a vida pelo Amigo e Mestre: Nosso Senhor Jesus Cristo; da qual viviam em Obséquio. Mas ao chegarem na Europa, ocorreram-lhes outras novas perseguições, agora uma outra forma de martírio, sem o derramamento de sangue, que consistiam sob fortes ameaças e pressões o que poderia levar a ruína da Ordem. Mas foi em 1251, em meio a tantas aflições, angustias e incertezas, que São Simão Stock, Prior Geral da Ordem, recorreu a proteção e ao socorro da Virgem do Carmo. Sendo este atendido por Ela e, mais ainda, recebeu a confirmação e proteção perpétua desta terna e doce mãe com os dizeres: “Recebe, filho amado, este escapulário, todo o que com ele morrer, não padecerá à perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e sempiterno”. E junto deste, o privilégio sabatino, donde vem a promessa de Nossa Senhora de que, todo aquele que morresse revestido do santo escapulário e, por ventura, a alma fosse para o purgatório, no primeiro sábado após a morte, Ela mesma a buscaria e a levaria para o Céu, para apresentá- la ao seu Filho Jesus.

Anos se passaram, e o Carmelo continua sua peregrinação rumo a montanha que é Cristo, e dentre este jardim existe a porção da Igreja que é a Província Carmelitana de Santo Elias; que este ano comemora os 300 anos de ereção canônica, que não obstante, passou por vários desafios na sua história, chegando a ter dois frades somente atuando na Província, quando Marquês de Pombal, proibira a aceitação de noviços nas Ordens Religiosas. Contudo, diante de todos estes episódios, encontramos a proteção materna de Nossa Senhora do Carmo, com seu Perpétuo Socorro, nos auxiliando e intercedendo. E assim faz conosco até os dias de hoje.

Eis, pois, a nossa Província em festa celebrando seus 300 anos. Pois conosco está Maria, a Senhora do Lugar! E com o seu santo escapulário nos ajuda a caminhar pelas Sendas do Carmelo hoje e por todo o sempre. Amém. Assim seja!

Nossa Senhora do Carmo, mãe do Perpétuo Socorro… Rogai por nós!

Frei José Agnaldo Sarmento, O.Carm.