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Frei João Carlos Dias e Frei Alonso Malaquias, além de frades carmelitas, são também psicólogos e falam nessa matéria sobre “Setembro Amarelo e Espiritualidade”
Eles partilharam sobre a origem do mês Setembro Amarelo, explicaram os fatores que podem aumentar o risco de ideias suicidas e ainda deram dicas de como lidar com a depressão.
A origem do Setembro Amarelo e todo esse movimento de conscientização contra suicídio começou com a história de Mike Emme, nos Estados Unidos. O jovem era conhecido por sua personalidade carinhosa e habilidade mecânica, tendo como sua marca um Mustang 68 que ele mesmo restaurou e pintou de amarelo.
Porém, em 1994, Mike cometeu suicídio, com apenas 17 anos. Infelizmente nem a família, nem os amigos de Mike, perceberam os sinais de que ele pretendia tirar sua própria vida.
No funeral, os amigos montaram uma cesta de cartões e fitas amarelas com a mensagem: “Se precisar, peça ajuda”. A ação ganhou grandes proporções e expandiu-se pelo país.
Diversos jovens passaram a utilizar cartões amarelos para pedir ajuda a pessoas próximas. A fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscarem ajuda.
Em 2003, a Organização Mundial da Saúde(OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. O amarelo do Mustang de Mike é a cor escolhida para representar essa campanha.
A campanha Setembro Amarelo foi criada no Brasil em 2015. O projeto é um trabalho conjunto do CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar a cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
Frei João Carlos, O.Carm, explica que o mês tem como objetivo conscientizar sobre a prevenção do suicídio e dar visibilidade à causa.
“O diagnóstico não é fácil, pois existem diversos fatores! Por isso, o Setembro Amarelo tem o objetivo de despertar a atenção. Neste sentido, o mais importante é a percepção primária, será o diferencial observar os primeiros sinais e este mês serve pra isso para despertar um olhar mais critico para identificar estes transtornos. Só a partir da identificação, será possível manejar isso de uma forma que ajude a pessoa e seja feito encaminhamento para um profissional, quanto antes. Este mês serve também para conversarmos sobre o suicídio, pois isso era um tabu, as pessoas não conversavam sobre isso. A cura de uma pessoa está na tomada de consciência, quando a pessoa tem a consciência do que vive, ela busca a cura, a cura vai começando ali” , disse Frei João Carlos.
Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos e o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Por isso, neste sentido Frei Alonso Malaquias, O.Carm, explica quais os fatores que contribuem para uma conduta suicida.
“Se a pessoa sempre fala sobre o assunto, comenta outros casos de suicídio ou ainda nunca fala sobre os seus planos de futuro, não aparenta ter projetos futuro, vive sempre desanimada com tudo, é bom ficar de olho, pois isso são sinais de alerta que necessitam de um acompanhamento profissional. É importante saber as causas dessa tristeza, é importante observar quando a pessoa começa a se afastar do amigos, quando a pessoa se sente impotente diante da vida”, disse Frei Alonso.
O frade e psicólogo também dá dicas de como prevenir este mal.
“Não se isole, procure viver em comunidade, por mais que seja difícil no inicio. Faça o contrário do que a tristeza manda. Procure ajude, converse com uma pessoa próxima e busque ajuda profissional. É importante praticar um exercício, fazer parte de um grupo, tomar sol”, disse.
Os frades lembram que diversos santos, como Santa Teresinha do Menino Jesus e Santo Inácio de Loyola, passaram por provações que os deixaram em estado de depressão. Mas, permaneceram firmes na fé, rezando, pedindo a Deus e viver a espiritualidade que eram chamados.
“Segundo uma pesquisa de Harvard, a religião favorece um ambiente facilitador de prevenção para o suicídio, pelo contato com as provações que os santos e outras pessoas viveram, mas também pela espiritualidade. Cerca de 50% das pessoas que participam de uma comunidade cristã e que possuem um envolvimento religioso têm menos chances de cometer suicídio, pelo envolvimento religioso”, explicou.
Frei Alonso finaliza dando um conselho para os cristãos que podem ajudar a quem sofre com depressão e outros transtornos
“Cabe a nós é compaixão, é estar junto e sensíveis aos que sofrem. Sofrer com os que sofrem, não podemos ser insensíveis aos sentimentos das pessoas”, partilha.
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