ACONTECE NA IGREJA Amor Bíblia Carmelitas Carmelo Catecismo Catequese Catequista Catequistas CNBB Coronavírus Deus ESPAÇO DO LEITOR Espiritualidade Espírito Santo Eucaristia Família Formação Fé Igreja Jesus juventude Maria MATÉRIA DE CAPA Natal Nossa Senhora do Carmo O.Carm. Ocarm Oração Ordem do Carmo Papa Francisco Pentecostés provocarmo Páscoa Quaresma Reflexão SANTO DO MÊS Sociedade Somos Carmelitas somoscarmelitas São Martinho Vida vocacional Vocação vocação carmelita
Já havia diálogo entre Deus e a humanidade, no paraíso terrestre. Iniciado muito afetuosamente, mas com final desagradável.
Em Jesus Cristo, Palavra de Deus em carne e osso, somos interlocutores uns dos outros. A Igreja, em sua renovação conciliar, não pode ficar fora disso.
“Inter”, prefixo latino, significa “entre”; “loqui”, falar. Para ser interlocutor é preciso que se encontrem ao menos duas pessoas.
Em Jesus, nós não só ouvimos Deus falar, mas podemos conversar para Ele nos ouvir, isto é, tornamo-nos interlocutores de Deus. Afinal, conforme Paulo, para o Pai, nós somos “imagem do Filho” (Rm 8,29). Interlocutores, porque Jesus é um homem para a nossa humanidade; é Deus para a nossa fé.
Interlocutores, porque Jesus é a Palavra eterna que desde sempre existe em Deus, porque ela mesma é Deus (cf. Jo 1,1).
Interlocutores, porque recebemos da própria Palavra a capacidade de dialogar com ela. Interlocutores, porque a Palavra de Deus que já se fez ouvir na oportunidade da Primeira Aliança, agora, além de falar, torna-se visível em Cristo. Interlocutores, porque essa Palavra eterna que era Deus se fez carne da nossa carne e armou sua tenda entre nós (cf. Jo 1,14).
Interlocutores, porque a Palavra de Deus se coloca à altura do relacionamento humano, para dialogar conosco como nós dialogamos: fazendo-se entendida como entre nós nos entendemos. Somos, em Cristo, filhos com toda a chance de relação filial com o amor paterno de Deus.
Interlocutores, porque, se assim estamos em condições de nos entender com Ele e Ele conosco e nós entre nós, a Palavra nos dá a possibilidade de nos conformarmos a Ele nosso Mestre para que cada qual de nós possa viver Cristo em si próprio (cf. Gl 2,20). Ainda Paulo: “Não vos conformeis às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente…” (Rm 12,2). Interlocutores: “Nestes dias, Deus falou em seu Filho” (Hb 1,12).
Interlocutores, porque nesse diálogo, o homem descobre a manifestação do Pai em Seu Filho (cf. Ef 4,13): Jesus comunica-nos as coisas do Pai (cf. Jo 12,50); “… dei-lhes as palavras que tu me deste” (Jo 17,8). Interlocutores, porque, se o homem penetra nos mistérios de Deus, a Palavra de Deus também aceita o diálogo para penetrar nas dúvidas, anseios e questionamentos do homem moderno.
Tudo revela que Deus, na Sua revelação, é profundamente adepto do diálogo com os humanos. Percebemos que a interlocução é o maior distintivo da grandeza da pessoa humana. Só pode haver interlocutores nas relações entre pessoas humanas.
Por Padre Augusto César Pereira, SCJ via Aleteia
Comments0