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Pentecostes aconteceu quando a Igreja, representada na sua origem pelos discípulos “todos reunidos no mesmo lugar” e “cheios do Espírito Santo”, começou a anunciar “as maravilhas de Deus”. Cada povo, ali presente, entendia-os falar “em sua própria língua”. Pentecostes acontece sempre na vida da Igreja e de cada um de seus fiéis.
Cinquenta dias depois da Páscoa, os judeus costumavam celebrar a entrega das tábuas da Lei, por Deus, a seu povo através de Moisés ao pé do Monte Sinai. Chamava-se o Dia da Aliança. A vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos coincide com a festa de Pentecostes da nação judaica. Aqui, todas as imagens estão muito aquém da realidade. Melhor dizendo: o essencial está muito acima do que se pode imaginar. Deus não dá só uma Lei escrita em pedra, mas dá o seu próprio Espírito que habita e transforma os corações. Em Pentecostes inaugura-se o tempo do culto “em espírito e verdade” a que se referiu Jesus Cristo quando conversava com a Samaritana no poço de Jacó.
Assim como Moisés subiu ao Monte Sinai para depois descer com as tábuas da Lei para entregá-las ao povo, assim também foi necessário que Jesus Cristo subisse para junto do Pai de onde fez descer o seu Espírito sobre os apóstolos e sobre a Igreja em cumprimento à sua própria promessa: “Quando eu voltar para o Pai, farei descer sobre vós o Espírito Santo para que tenhais força de dar testemunho de mim.” Na verdade, esta vinda do Espírito Santo não se limita a uma determinada época, nem a um determinado lugar onde os apóstolos estavam reunidos, mas “a todas as nações debaixo do céu” e se estenderá “até os confins da terra”. Exatamente para que assim acontecesse, Jesus fez, de cada apóstolo e discípulo seu, testemunha de sua mensagem.
Apóstolos e discípulos, não somos apenas mensageiros mas testemunhas de Jesus Cristo. O simples mensageiro leva a mensagem em mãos, como um carteiro, ou anuncia de boca como quem fala ao microfone. Testemunha verdadeira é aquele que vive a mensagem que anuncia aos outros. Quem são esses “outros”? São todos, discípulos e discípulas, aqueles que seguem o que o Mestre ensina, sem distinguir classe social, cor da pele, cultura, ideologia… A prova de que Ele veio para todos encontra sua expressão concreta no “dom do Espírito” que permite aos discípulos “falarem em outras línguas”. O testemunho do amor é entendido por todas as línguas.
Trata-se de um testemunho que perdeu o medo e que se faz corajoso pela ação do Espírito Santo; trata-se de uma vida cuja razão de ser é o amor gratuito, numa medida sem medida ao alcance de todos os povos; trata-se do testemunho de uma vida que passa a pertencer àquele que “tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim”; trata-se de um testemunho que não pode ser dado sem a ação do Espírito Santo: “Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito”. Na 1ª. Carta aos Coríntios, São Paulo atesta: a manifestação do Espírito é dada a cada um em vista do bem comum, porque é “o mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos”.
Pentecostes é a plenitude da Páscoa. Só realiza a Páscoa (vida nova) quem se deixa “habitar” pelo Espírito Santo. Na Páscoa, “no primeiro dia da semana”, Jesus ressuscitado apareceu aos onze discípulos, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo”. Páscoa está intimamente ligada à vida nova que se recebe no Batismo e Pentecostes celebra a confirmação do Batismo pelo Crisma, reafirmando o compromisso missionário da Igreja: “Como o Pai me enviou, eu vos envio.” Quatro vezes o Espírito Santo manifestou-se visivelmente na vida de Jesus: no seu batismo, em forma de pomba; na transfiguração, em forma de nuvem; no dia da ressurreição, no sopro de Jesus sobre os apóstolos e, em Pentecostes, em forma de vento e línguas de fogo. Manifesta-se invisivelmente, de modo permanente, na vida da Igreja, nos dons e carismas “em favor do bem comum”. O crescimento na santificação de cada fiel é fruto dos sete dons do Espírito Santo: o dom da Sabedoria mostra o caminho de Deus na vida do cristão; o dom da Inteligência o esclarece na fé; o dom da Ciência o faz conhecer a ação salvadora de Deus; o dom da Piedade o faz ver em Deus o Pai e amá-lo; o dom do Conselho o conduz a discernir como agir corretamente; o dom da Fortaleza o faz experimentar a força de Deus que atua na vontade humana, e o dom do Temor de Deus mostra-lhe que Deus deve ser amado sobre todas as coisas. São esses dons que confirmam o discípulo de Jesus Cristo na fé, na esperança e na caridade.
Lembro-me de ter ouvido um sacerdote, no dia de Pentecostes, perorar sua homilia com esses sentimentos que os faço meus: “Abramos nossas mentes ao Espírito da Verdade para reconhecermos em Jesus Cristo nossa única verdade; abramos nossos corações ao Espírito do Amor para amarmos todos os filhos de Deus e particularmente os pobres; abramos nossos braços ao Espírito da Unidade para vivermos a fraternidade em nossas comunidades; abramos nossas vidas ao Espírito da Vida para vivermos a comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”
Dom Eduardo Koaik
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