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Santo Irineu nasceu em Esmirna, atual Turquia, entre 135 e 140 d.C. Ele conheceu o Bispo Policarpo, que foi discípulo do Apóstolo João. Em Lião, na atual França, ele foi bispo até o ano 202 ou 203, quando foi martirizado. Foi um dos que primeiro escreveu com a consciência de que estava fazendo Teologia. Combateu os chamados gnósticos.
O tempo de Irineu foi marcado por heresias sobre Jesus. Os ebionitas diziam que Ele era apenas humano e afirmavam que José era seu pai natural. Isso negava a concepção virginal de Maria e sua maternidade divina. Os docetistas afirmavam que havia o Cristo, a potência de Deus vindo do Céu, e havia o Jesus, um homem de Nazaré, que recebeu a figura física de Maria, mas não um corpo. Ora, José teve o papel de fazer o nascimento de Jesus ser possível. O problema eram a divindade e a humanidade de Jesus, o que será debatido depois, nos grandes concílios. O pensamento de Irineu foi importante e gerou muito da percepção que se terá, depois, na Teologia e na autocompreensão da Igreja, de sua origem, de sua identidade e missão.
Irineu destacou a virgindade de Maria. Em Lucas 1,42-43, Isabel se dirige a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”. Para Irineu, o “fruto do teu ventre” é a concepção virginal, que se encontra afirmada em Mateus 1,21-23, na anunciação a José: “‘Ela (Maria) dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo dos seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: ‘Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa Deus está conosco’”. Havendo a concepção virginal, José não pode ser o pai de Jesus, que, consequentemente, é o Filho de Deus. Ela, então, é que seria a herdeira de Davi e nela se cumpriria a profecia de 1Samuel 7, em que se anuncia um herdeiro de Davi sentado para sempre no trono.
O papel de José se restringe, desse modo, ao de garantidor da virgindade de Maria, de suporte ao seu bem-estar e harmonia perante a realidade social da época.
Note-se que as percepções da consciência judaica, próprias dos personagens históricos Maria, José, os pastores, os contemporâneos e os primeiros discípulos, não é levada em conta. Existe notável distância entre o mundo judaico e o pensamento cristão por um lado; por outro, é de grande importância destacar a divindade de Jesus, com a concepção virginal de Maria. José não pode, nesse conjunto de perspectivas, ocupar um papel decisivo, mas apenas de complemento.
Note-se também que ainda não existiam, no tempo de Irineu, os evangelhos apócrifos. Eles mostrarão José confuso, sem entender os acontecimentos, ou o apresentarão como um idoso, sem possibilidades de geração de um filho, o que preserva a virgindade de Maria e a origem divina de Jesus. Talvez não diretamente, mas pelo menos de modo indireto, o pensamento de Irineu, que é magnífico no seu conjunto, colaborou, de alguma forma, na criação de alguns pontos que serão apresentados, posteriormente, nos apócrifos.
Por outro lado, Irineu valorizou a figura de José como educador. Ele afirmou: “Por isso, José se convenceu sem hesitação: tomou Maria consigo e na educação de Jesus se empenhou com alegria”.
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