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“Coração orante na Igreja e para a Igreja, a vida contemplativa feminina”, assim começa o documento Cor Orans da Congregação para os Institutos de Vita Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Não restam dúvidas que a vida monástica feminina é uma grande riqueza para a Igreja e fonte de graças abundantes. Na história do Carmelo a presença de homens e mulheres que se aproximavam dos conventos carmelitas para beber da espiritualidade, remonta a tempos antigos. Entre os mais diversos tipos de associação ao carisma carmelitano se destacavam as “conversas” que se consagravam por meio dos votos e se empenhavam na vivência da Regra e obedecendo aos superiores da Ordem. Segundo Joachim Smet[1], o referimento mais antigo desse tipo de associação ao Carmelo encontra-se num contrato entre a paróquia de São Donato em e os carmelitas de Lucca (Itália) em 1284. O registro mais antigo de uma profissão religiosa feminina é da Irmã Benvenuta Ranieri, emitido em Bolonha em 1304[2].
Como ainda não existiam mosteiros femininos, essas mulheres viviam perto dos conventos dos frades em casas privadas. Com o passar do tempo aumentou-se a necessidade de regularizar esse estilo de vivência do carisma e da espiritualidade carmelitana. Uma figura de grande importância nesse momento foi o Beato João Soreth que, ocupando o ofício de superior geral da Ordem emprenhou-se na promoção da vida contemplativa feminina que se adequava perfeitamente com seu projeto de renovação da Ordem do Carmo. Em 1452, a bula Cum Nulla de Nicolau V deu a autorização pontifícia para receber mulheres na Ordem do Carmo. Portanto, podemos considerar como o início das comunidades carmelitas femininas de maneira regular[3].
Outra pessoa de grande importância para a história das monjas carmelitas é a Beata Francisca d’Amboise, uma jovem duquesa que depois da morte do marido estava decidida a consagrar a própria vida a Deus quando encontrou o Beato João Soreth em 1457 e, incentivada pelo carmelita, fundou o mosteiro em Bondon e depois em Nantes.
A vida contemplativa feminina foi se difundindo na Itália, França e Espanha e tantos outros países que, com o passar dos anos, enviaram suas monjas como verdadeiras apóstolas em fundações pelo mundo. O início da vida contemplativa carmelita está intimamente ligado ao ideal de reforma do Beato João Soreth que propôs uma vida de intensa contemplação e intimidade com Deus. Em todos os lugares onde existe um mosteiro de monjas carmelitas, o povo de Deus bebe da mais pura fonte da espiritualidade do Carmelo e recebe as graças que emanam dos claustros onde, dia e noite uma comunidade medita a Lei do Senhor e reza por toda a humanidade.
No estilo de vida claustral, as monjas carmelitas podem viver com mais intensidade o aspecto da contemplação que é uma das bases da espiritualidade carmelitana. Uma contemplação que se reflete em todas as atividades das irmãs durante as horas do dia, como por exemplo, no trabalho, na convivência fraterna e nos momentos de oração comunitária e pessoal. A monja carmelita é, de certo modo, mãe de muitas almas. Assim dizia Santa Teresinha numa das cartas à sua Irmã Celina[4]: “A nossa missão como Carmelitas é formar operários evangélicos que salvem milhões de almas das quais nós seremos as mães”. Na mesma carta, Teresa afirma: “penso que a nossa parte é muito bela, que temos nós a invejar aos sacerdotes?”.
Santa Teresa d’Ávila, com intuito de instruir suas filhas no caminho da oração nos deixou grandes obras que hoje são referências para a Teologia Espiritual. Os claustros do Carmelo deram à Igreja muitas Santas mulheres que viveram nos mais diversos períodos da história, algumas que conhecemos os nomes, outras que morreram no anonimato e outras que neste momento estão em oração por cada um de nós.
Gratos por essa maravilhosa vocação, recordemos as palavras do Papa Francisco na Constituição Apostólica Vultum dei Querere: “A vida consagrada é uma história de amor apaixonado pelo Senhor e pela humanidade: na vida contemplativa, esta história constrói-se, dia após dia, através da busca apaixonada do rosto de Deus, na relação íntima com Ele. A Cristo Senhor, que «nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19) e «Se entregou a Deus por nós» (Ef 5, 2), vós, mulheres contemplativas, respondeis com a oferta de toda a vossa vida, vivendo n’Ele e para Ele, em «louvor da sua glória» (Ef 1, 12). Nesta dinâmica de contemplação, sois voz da Igreja que incansavelmente louva, agradece, geme e suplica por toda a humanidade e, com a vossa oração, sois colaboradoras do próprio Deus e reergueis os membros cadentes do seu corpo inefável[5]”.
[1] JOACHIM SMET, I Carmelitani I, Roma 1989, p. 175.
[2] SMET, p. 175.
[3] SMET, p. 178.
[4] Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Obras completas, Carta 135.
[5] Papa Francisco, Constituição Apostólica Vultum dei Querere, sobre a vida contemplativa feminina. 2016.
Por: Frei Juliano Luiz da Silva, O.Carm.
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