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Há um hino da Igreja chamado Queremos Deus que, apesar de antiquíssimo, é extremamente significativo e muito se enquadra no contexto atual em que a fé está sendo provada, semelhantemente ao contexto em que surgiu esse hino.
“Queremos Deus, homens ingratos/Ao Pai supremo, ao Redentor/Zombam da fé, os insensatos/Erguem-se em vão contra o Senhor./ Dá nossa fé, ó Virgem/O brado abençoai/Queremos Deus que é nosso Rei/Queremos Deus que é nosso Pai!”. Assim inicia o hino que é uma forte resposta às ameaças sofridas pela Igreja Católica no século XVIII dentro do contexto da Revolução Francesa, que propagava os ideais iluministas, que incluíam um sentimento anticlerical e antirreligioso.
Pautada pela liberdade, igualdade e fraternidade, a Revolução Francesa quis sobrepor a razão à fé, subtraindo da última qualquer possibilidade de expressão, deixando-a de lado a qualquer custo. Diante disso, protestou-se por meio desse hino, que foi traduzido do francês para diversos idiomas, e os fiéis católicos bradavam com viva voz dizendo não aceitar tais pensamentos.
Apesar de terem-se passado séculos e a humanidade procurado encaminhar-se para a ideia de respeito mútuo entre os que creem e os que não creem, esta sociedade contemporânea vive algo semelhante, quem sabe até pior. Vez ou outra aparece um episódio de zombaria da fé, principalmente com os objetos sacros e com as verdades de fé dos cristãos, como ocorreu no carnaval de 2019, em São Paulo (SP), quando uma escola de samba trouxe em sua comissão de frente uma luta ferrenha entre Jesus e o diabo, causando uma séria polêmica, visto que o diabo humilhava Jesus. Aqui não entra em questão se a cena daquele episódio quis mostrar se Cristo venceu ou foi vencido pelo diabo, o que se observa é que, de fato, o público cristão ficou chocado ao contemplar aquilo. Isso é só um dos poucos exemplos, dentre tantos outros bem mais horrendos que não convém citar.
Nesse ínterim, a profecia do velho Simeão torna-se tão presente quanto no tempo da infância de Jesus, quando Ele entrava no templo e falava como quem tinha autoridade. Diz a profecia: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições” (Lc 2,34). Temos de convir que, até hoje, Jesus continua sendo um sinal de queda para os que não creem e de soerguimento para os que creem. Como foi antes, Ele é um marco divisor para a humanidade; é, sem dúvida, um sinal de contradição. Os que creem o enxergarão como Deus; os que não creem o enxergarão apenas como um personagem da história, como no caso em questão, que trava fervorosas lutas contra o diabo e que num momento é vencido e noutro vence.
Diante dessas constatações tão desrespeitosas à fé será que os cristãos vão continuar assistindo, de plateia, a tais atitudes ou se posicionarão com viva voz e fé destemida assim como os cristãos de outrora, na época em que a Revolução Francesa era uma ameaça? É hora de reagir – primeiro com preces, segundo com repúdios pacíficos –, senão continuarão zombando da fé os insensatos!
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