Profeta – propriamente, é o que fala em nome de outrem. Em geral, é o que fala em nome de Deus, podendo predizer o futuro. Neste caso, a profecia é a sua predição. A Bíblia, no Antigo Testamento, apresenta profetas chamados maiores e menores, de acordo com a importância de suas predições, em relação a Cristo.
Isaías
Era descendente de Davi. Por sua clareza ao falar de Jesus, mais parece Evangelista que profeta. Uma de suas principais profecias é a referente à virgindade de Nossa Senhora: “Um virgem conceberá e dará à luz um filho, e seu nome será Emanuel” (Emanuel, significa “Deus conosco”).
É o profeta mais citado no Novo Testamento. São João Batista, o precursor do Messias, identifica-se com “a voz que clama no deserto” e menciona textualmente o capitulo 40: “Preparei o caminho do Senhor, endireitai na solidão as veredas de nosso Deus”. E o próprio Jesus aplicou a si mesmo suas profecias, quando, por exemplo, se apresenta como o Bom Pastor: “Ele apascentará como um pastor o seu rebanho: nos seus braços recolherá os cordeiros” (Is 40, 11).
Vejamos o grau de exatidão e de profundidade do capítulo 53. “Ele não tem beleza, nem formosura, e vimo-lo e não tinha parecença do que era, e por isso não fizemos caso dele. Ele era desprezado e o último dos homens, um homem de dores e experimentado nos sofrimentos; e o seu rosto estava encoberto; era desprezado, e por isso nenhum caso fizeram dele.
Verdadeiramente, ele foi o que tomou sobre si nossas fraquezas (e pecados), ele mesmo carregou as nossas dores; e nós o reputamos como um leproso e como um homem ferido por Deus e humilhado. Mas foi ferido por causa das nossas iniquidades, foi despedaçado por causa dos nossos crimes; o castigo que nos devia trazer a paz caiu sobre ele, e nós fomos sarados com as suas pisaduras. Todos nós andamos desgarrados como ovelhas, cada um se extraviou por seu caminho; e o Senhor carregou sobre ele a iniquidade de todos nós.
Foi oferecido (em sacrifício), porque ele mesmo quis, e não abriu a sua boca; como uma ovelha que é levada ao matadouro, e como um cordeiro diante do que o tosquia, guardou silêncio e não abriu sequer a boca” (….) “entregou a sua vida à morte, e foi posto no número dos malfeitores, e tomou sobre si os pecados de muitos, e intercedeu pelos pecadores”. Escrita com cerca de 700 anos de antecedência, realmente, encontra-se ai a fiel narrativa da paixão de Cristo.
Jeremias
Profetizou cerca de 550 anos a.C., em que deplora a destruição do templo de Jerusalém e a ruína da cidade. Seus gemidos e dores são figuras dos de Jesus: “Oh vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor semelhante à minha dor”. (Lm 1, 12)
Ezequiel
Foi cativo na Babilônia, profetizou, aproximadamente, entre os anos 592 e 570 a.C. Suas profecias são muito obscuras. São Jerônimo considerou-o difícil). Predisse o castigo do povo hebreu e sua libertação da Babilônia, como, também, a vinda do Messias.
“Eis que eu mesmo irei buscar as minhas ovelhas e as visitarei. Assim com um pastor visita o seu rebanho no dia que se acha no meio das suas ovelhas (depois que andaram) desgarradas, assim eu visitarei as minhas ovelhas e as livrarei de todos os lugares por onde tinham andado dispersas no dia nublado e de escuridão”
Daniel
Era descendente de Davi. Jovem ainda, foi levado cativo para a Babilônia, por Nabucodonosor, que, impressionado pelo talento e sabedoria que ele demonstrou, tomou-o a seu serviço. No capitulo 3 de suas profecias, conta o episódio dos três hebreus lançados na fornalha, por aquele rei.
No capítulo 5 narra o festim de Baltasar, em que ele próprio interpretou a misteriosa inscrição gravada na parede (Mane, Técel, Fáres, isto é, Contado, Pesado e Dividido). É, também, o principal personagem na bela história de Suzana, em que a livra de seus malfeitores (Cap. 13).
Por duas vezes foi, milagrosamente, salvo na cova dos leões (Cap. 6 e 14). Contudo, a sua maior importância está no capítulo 9, 24: “Setenta semanas (de anos) foram decretadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa a fim de que a prevaricação se consume e o pecado tenha o seu fim, e a iniquidade se apague e a justiça eterna seja trazida, e as visões e profecias se cumpram, e o Santo dos santos seja ungido”.
De fato, contando-se setenta semanas de anos, ou seja, 490 anos (7 X 70 = 490 – “de anos”: 490 anos), a partir da época em que Daniel fez esta profecia, chega-se a cerca do ano 33 de nossa era, data da morte de Jesus, data em que o Santo dos santos foi ungido – como Sacerdote e Vítima – , data em que as visões e profecias se cumpriram, a justiça eterna foi apaziguada, a iniquidade, o pecado e prevaricação atingiram o auge, sendo, ao mesmo tempo, vencidos pelo Sangue Redentor.
Além dos profetas maiores, há, ainda, outros doze, chamados menores, dentre os quais destaca-se Jonas que, engolido por um peixe, durante três dias, permaneceu vivo em seu ventre, sendo, por isso, figura de Jesus (ressuscitado depois de três dias no sepulcro). “Clamei desde o ventre do sepulcro e tu ouviste a minha voz” (Jn 2, 3).
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