Nossa Senhora Rainha
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24/08/2015A natureza nos deu uma língua e dois ouvidos para que ouçamos duas vezes mais do que falamos. Como temos usados nossas palavras?
Uma das armas mais poderosas que Deus nos deu foi a palavra. Os filósofos dizem que elas “são mais fortes que os canhões”. De fato, pela Palavra o mundo foi criado por Deus. A partir do “fiat luz”, tudo começou a ser criado; começou o Big Bang, há 14,3 bilhões de anos.
A Carta aos hebreus diz que Jesus é o “Esplendor da glória de Deus, sustenta o universo com o poder de sua palavra” (Hb 1,3). Foi lançando no rosto do demônio por três vezes a Palavra de Deus, que Jesus o venceu no deserto. “Está escrito” disse três vezes ao Tentador e ele recuou. “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Dt 8,3;Mt 4, 4). Pela palavra, Jesus curou cegos e leprosos, expulsou demônios, multiplicou pães, acalmou os ventos e o mar… ressuscitou mortos, amaldiçoou a figueira estéril (Mc 11,14).
A Palavra de Deus é eficaz diz a Carta aos hebreus, realiza o que significa (cf. Hb 4,12), mas a nossa palavra também tem poder. Com elas podemos levantar o ânimo de alguém ou afundá-lo. Podemos perdoar ou condenar, corrigir ou prejudicar, alegrar ou entristecer, orientar ou desorientar, etc… As palavras geram a paz ou a guerra, porque levam consigo o próprio espírito e poder da pessoa que as comunica.
Não é à toa que São Paulo nos exorta: “Nenhuma palavra má saia de vossas bocas, mas só boas palavras que sirvam para edificação e que sejam benfazejas aos que a ouvem” (Ef 4,29). É por isso que Jesus disse: “Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido” (Mt 12, 36). Isto deve nos fazer pensar bem antes de dizer alguma coisa. Palavras frívolas, que nada edificam devem ser evitadas.
É fácil perceber com que facilidade as pessoas querem emitir o “seu” ponto de vista sobre tudo quanto é assunto, muitas vezes sem o menor conhecimento do que estão falando; talvez até mais como uma forma de se exibirem, do que de fato de construir o outro. Eu não posso ficar afirmando algo que eu não entenda bem; podemos e devemos sim dialogar, mas sem ser do dono da verdade; pois mesmos os especialistas em determinados assuntos podem errar. Vejo as pessoas falarem de política, de economia, de religião, etc., como se fossem especialistas no assunto, quando se sabe que pouco entendem do assunto. Ora, isso é uma forma de iludir as pessoas. Dizem que “de médico e louco todo mundo tem um pouco”. Não podemos ficar receitando remédios para as pessoas sem conhecimento de medicina e farmacologia, por exemplo.
Mas, dentro de nós há algo estranho, que nos leva a querer ser o “sabe tudo”; na verdade é fruto do pecado original, que nos deixou orgulhosos e desejosos de parecer melhor que os outros.
Jesus disse que: “A boca fala daquilo que está cheio o coração” (Lc 6,45). Se você só pensa em política, você fala de política. Se você só pensa em dinheiro e em negócios, você também só fala de dinheiro e de negócios. Se você pensa em Deus, gosta de falar de Deus… e assim por diante. Se o seu coração estiver em paz; vivendo na mansidão, na humildade, cheio de misericórdia, também as suas palavras transmitirão isso. Mas se o seu coração for exaltado, rebelde, violento, cheio de ódio… cuidado com as suas palavras, elas transmitirão o seu espírito. As palavras “mostram” o coração.
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O perigo das palavras mal usadas
Também nossas palavras poderão fazer milagres de alegria ou de dor, conforme esteja o nosso coração. O Mestre divino disse:”É do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e loucura” (Mc 7, 21). Por nossas palavras seremos julgados.
É interessante observar que os que mais falam, menos têm o que dizer. A natureza nos deu uma língua e dois ouvidos para que ouçamos duas vezes mais do que falamos. Antes de falar é preciso pensar, analisar, ouvir, e não querer se impor, mas apenas propor um diálogo. Mas também não podemos nos calar quando é hora de falar. Quando se trata de defender algo que a Igreja nos ensina com certeza, algo que é fruto dos Evangelhos, então, não podemos nos calar. Mas, mesmo assim dizia santo Agostinho: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.
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Às vezes o silêncio é mais valioso do que uma palavra; ele também pode ser uma forte resposta. Diante de Pilatos Jesus se calou, porque ele sabia que Cristo era inocente; mesmo que Jesus se defendesse não mudaria a sua sorte.
Prof. Felipe Aquino