No dia 21 de novembro celebramos a apresentação de Nossa Senhora, memória litúrgica que nos revela o mistério da infância de Maria. De acordo com a tradição, ela foi levada ao templo de Jerusalém por seus pais, São Joaquim e Santa Ana, que a consagraram a Deus.
Deus agraciou Maria com as condições humanas para que, anos mais tarde, ela respondesse com liberdade ao seu chamado (cf. Lc 1,28). Maria, assim como Jesus, foi uma pessoa humana igual a nós em tudo, mas, não pecou (cf. Hb 4,15). Ainda menina, não tinha a idade da razão para decidir pelo seu destino, por isso o papel de seus pais nesse momento foi muito importante. A apresentação de Maria no templo nos mostra que ela foi educada na fé desde pequena e que isso a preparou para se entregar a Deus com confiança e amor quando adulta (cf. Lc 1,38).
O que Maria foi fazer no templo? Ela foi trabalhar já desde pequena? Não! Maria foi dedicada a Deus no templo, mas, isso não significou exploração ou trabalho infantil; pelo contrário, foi uma forma de proteger e cuidar de sua infância, permitindo-lhe crescer em um ambiente de amor e aprendizado espiritual.
Na verdade, ao honrar a figura de Maria com essa memória litúrgica da sua infância nos comprometemos a lutar contra o trabalho infantil, promover os valores da infância e do brincar, que são direitos fundamentais das crianças, conforme o Estatuto da criança e do adolescente (ECA), e garantir que todas elas tenham a chance de crescerem em ambientes seguros e amorosos. Criança não namora, criança não é mãe.
Nos dias de hoje, reconhecemos a importância de que as crianças cresçam no seio de uma família. Esse entendimento evoluiu ao longo do tempo e hoje sabemos que o desenvolvimento integral da criança é mais bem promovido quando ela está inserida em um ambiente familiar amoroso e estável. Maria foi acolhida por uma família, São Joaquim e Santa Ana, que a preparou para seu papel especial na história da salvação. Isso nos lembra que o amor e a dedicação de uma família são fundamentais para o florescimento de uma criança.
Orfanatos, ou internatos, como eram chamados no passado, costumavam ser o único recurso disponível para cuidar de crianças que não podiam ser criadas por suas famílias biológicas. No entanto, atualmente, trabalha-se arduamente para garantir que a primeira opção seja sempre a de criar e apoiar famílias, sejam elas biológicas ou adotivas, como ambientes adequados para o crescimento e o desenvolvimento das crianças.
A experiência de crescer em uma família proporciona à criança não apenas cuidados físicos, mas, também, emocionais, psicológicos e afetivos essenciais para seu bem-estar. É nesse contexto que ela aprende valores, recebe apoio educacional e desenvolve habilidades sociais, portanto, promover a criação de famílias acolhedoras, independentemente da composição e diversidade familiar, é uma prioridade em muitas ações em prol das crianças. Jesus cresce em sabedoria e graça também porque cresce dentro de uma família (cf. Lc 2,52).
Ao celebrarmos a apresentação de Nossa Senhora, podemos refletir sobre como apoiar e fortalecer as diversas famílias como ambientes acolhedores para o crescimento das crianças e como colaborar para que todas elas tenham acesso a ambiente amorosos e nutritivos.
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