ESCRITO NO ESPELHO
21/03/2014PAÍSES PAÍSES!
22/03/2014A grande meta da quaresma é a Páscoa – festa central do cristianismo, ponto alto do ano litúrgico. Neste tempo assumimos percorrer com Jesus, o caminho da provação e da cruz e vamos recebendo a força e a alegria do seu Espírito para proclamarmos a vitória da vida, enquanto lutamos contra todas as forças de violência, de injustiça e morte que, dolorosamente persistem no mundo. Cada celebração, deve ser uma forte experiência desta caminhada pascal, para que possamos fazer de nossa vida uma páscoa contínua.
1. Caminhada catecumenal: A quaresma é, por excelência , um tempo batismal. A liturgia da Palavra da quaresma do Ano A (2002) constitui-se num valioso itinerário de fé e adesão crescente,consciente e livre, ao projeto de Jesus. Nos dois primeiros domingos, a liturgia apresenta Jesus como aquele que vence o mal, e por isso é glorificado por Deus no Tabor, antes mesmo de Ele enfrentar a”hora das trevas” e, nos outros domingos, as grandes “catequeses batismais”de João ( cap.4, 9 e 11).As primeiras leituras, com textos do AT narram fatos significativos da História da Salvação( pecado de Adão, vocação de Abraão, Moisés e a água da rocha, Davi e a visão dos ossos em Ezequiel) e formam um todo catequético em sintonia com os evangelhos. Com textos de grande valor teológico das cartas de Paulo, as segundas leituras também apresentam certa ligação com as primeiras leituras e os evangelhos.Nossa vida torna-se , então, uma oferta de louvor, um sacrifício espiritual que apresentamos continuamente ao Pai , em união com Jesus, o servo pobre e sofredor.E, assim, por ele, com ele e nele o Pai seja louvado e glorificado.
2. Caminhada de conversão: Mais do que uma simples preparação da Páscoa , a quaresma constitui-se um ensaio da vida nova no Espírito:
tempo de romper com todas as expressões de mal que existem em nós, sepultando o “homem velho”;
tempo de abrir-nos à Vida sempre nova que brota da Cruz; tempo de nos tornar uma nova criatura, revestindo-nos de Jesus Cristo;
tempo de nos converter ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua Palavra, que nos propõe “buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça”(Mt 6,33);
tempo de renovar e reavivar a opção de nossa fé feita em nosso batismo, no desejo de um novo recomeço no seguimento como discípulos do Senhor. Dedicando mais tempo e densidade à oração tanto pessoal quanto comunitária fortalecendo as razões de nossa esperança.
Tomando uma atitude contra o consumismo, assumimos o jejum do autodomínio sobre nossa alimentação, nossas palavras, nossos sentimentos.E, sobretudo, com a prática do jejum verdadeiro, ou seja, a prática da justiça e da misericórdia, base da verdadeira oração, retomamos o compromisso de “volta ao primeiro amor” (Ap 2,4), na relação de aliança com Deus.
3. Conversão para a fraternidade: Como passo fundamental na caminhada pascal, a dimensão comunitária da quaresma é assumida por nós pela 39 Campanha da Fraternidade:”por uma terra sem males”: que sempre nos pede conversão e solidariedade em situações bem concretas de nossa realidade. ” A solidariedade é para os povos o que a ternura é para as pessoas” ( D. Pedro Casaldáliga). Este ano, numa busca de coerência evangélica diante dos 500 anos de evangelização no Brasil , há pouco celebrados, a Igreja nos convida a colocar a fraternidade a serviço da vida e da dignidade dos povos indígenas de quem ” nós podemos também aprender o sentido comunitário da vida, a valorização da terra como fonte de recursos e sobrevivência humana, o estilo de vida sóbria e solidária… É um convite a todos os cristãos para engajarem-se na esperançosa luta pela conquista e garantia dos direitos dos povos indígenas. É também uma oportunidade para compartilharmos valores,sabedoria, conhecimentos e formas de ver a realidade” (cf. Texto base CF/02).
4. Sugestões pastorais para as equipes de celebração:
Preparar o ambiente da celebração dentro de certa sobriedade: cor roxa para as vestes litúrgicas e a ornamentação da mesa da Palavra e do altar, sem flores e sem o canto do Glória e do Aleluia, o que não significa tristeza, mas um “concentrar de energias para o grande dia”. O cartaz da CF/02, poderá ser ampliado e colocado em lugar de destaque, junto à cruz. Evitar pregá-lo na estante da Palavra ou no altar.
A cruz também ganha destaque e, seria bom, que ela fosse entronizada solenemente, incensada em cada celebração, ocupasse um lugar permanente e bem visível durante a quaresma e, a cada domingo enriquecida com símbolos ou ações simbólicas ligadas aos textos bíblicos ou ao tema da CF/02.
Durante a quaresma, o ato penitencial poderá receber também um destaque maior como anúncio da misericórdia de Deus e de apelo à conversão, ligado com a realidade da comunidade e a situação dos povos indígenas É bom fazê-lo diante da cruz e usar gestos, com: ajoelhar-se, inclinar-se ou o rito da aspersão, acompanhado de refrões ou cantos apropriados.Nas celebrações da Palavra, o ato penitencial, em alguns domingos, poderá ser feito após a homilia, como resposta à interpelação que a Palavra de Deus faz. Ritualizar bem a entrada da Bíblia, a proclamação das leituras, o canto do salmo e da aclamação ao evangelho.Há símbolos batismais importantes que os próprios textos Bíblicos sugerem em alguns domingos, como cruz, água,luz profissão de fé…..e que serão retomados com toda intensidade na Vigília Pascal.
O momento mais indicado pela Oração da Campanha da Fraternidade é nas preces dos fiéis, podendo ser intercalada com um refrão apropriado.
Toda esta vivência quaresmal só terá sentido como preparação da páscoa, com as celebrações do Tríduo Pascal e sobretudo da Vigília pascal, a “mãe de todas as vigílias”, que por ser tão importante merece ser cuidadosamente preparada para que a páscoa do ano 2002, seja profundamente vivida pala comunidade, “como festa verdadeira e acontecimento inesquecível” !
“Celebremos a Páscoa, não com o velho fermento, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os pães sem fermento, isto é, na pureza e na verdade” ( 1 Cor 5,8).