Este ano, em todo o mês de novembro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, realiza a Coleta do Bem. Seu ponto alto será nos dias 21 e 22 de novembro, solenidade de Cristo Rei. A iniciativa vai unificar a Coleta da Solidariedade realizada durante a Campanha da Fraternidade e a coleta da campanha da Evangelização, normalmente realizada no 3º domingo do Advento, em uma só doação à Igreja no Brasil.
50% dos recursos da Coleta do Bem, a ser realizada em todo país neste mês de novembro, comporão os fundos Nacional e diocesanos de Solidariedade. O Fundo Nacional de Solidariedade, o FNS, é coordenado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Aprovado em 1998, durante a 36ª assembleia geral dos Bispos do Brasil, o fundo promove a sustentação da ação social da Igreja Católica no Brasil, com o financiamento de empreendimentos comunitários, sempre ligados ao tema da Campanha da Fraternidade de cada ano.
O bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, disse em live de lançamento da Campanha É Tempo de Cuidar da Evangelização, no último sábado, 7 de outubro, a partir de sua experiência de acompanhamento da gestão Fundo Nacional de Solidariedade, que os brasileiros têm a capacidade de multiplicar a pouca ajuda que recebem em muito. “Desta quantia que apoiamos os projetos, vidas são salvas e preservadas”, afirmou.
Nestes mais de 20 anos de existência, com recursos do Fundo, a CNBB apoiou milhares de projetos no Brasil. Só em 2019, com a doação dos católicos, o FNS apoiou 238 projetos em todo país.
Na região Centro-Oeste foram aprovados 33 projetos. Em Brazlândia, no Distrito Federal, a CNBB mantém, desde 2014, o projeto social “Correndo Atrás de um Sonho”. A iniciativa busca, por meio do esporte, apontar um horizonte de vida para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. 91 projetos foram aprovados para a região Sudeste. Entre eles, o Fortalecimento dos Catadores de Material Reciclável na diocese de Araçuaí, em Minas Gerais. Com fabricação de artesanato a partir do lixo, eles geraram renda para 32 associados.
A região Sul foi contemplada com 31 projetos, entre os quais um que permitiu fortalecer o trabalho da Pastoral Carcerária do Paraná por meio da capacitação de mais de 60 agentes que levam o apoio espiritual e a presença católica aos presídios da região. No Norte, 21 projetos receberam apoio do FNS. Um deles foi o de “Quintais Agroecológicos”, que fortaleceu a produção agrícola de pequenos agricultores nos municípios de Ji-Paraná e de Ouro Preto do Oeste, em Rondônia. Seu objetivo central foi contribuir para geração de renda para as famílias.
No Nordeste, região contemplada com 62 projetos, uma iniciativa que recebeu apoio foi a de “Empoderamento e a capacitação de Adolescentes” (foto de capa) em Triunfo, Pernambuco, na diocese de Afogados da Ingazeira. 60 adolescentes foram capacitados para compreender o que são as políticas públicas. Eles também aprenderam marcenaria, serralheria, estamparia e informática. Suas famílias também foram beneficiadas.
Um dos projetos contemplados na Paraíba pela campanha é administrado pela Ação Social Arquidiocesana e conta com a parceria do Hospital Padre Zé, que presta às famílias indígenas warao assistência à saúde com consultas e exames médicos. O projeto também incentiva a geração de renda, através do corte e costura, e promove o aprendizado da língua portuguesa pelos waraos em parceria com o Observatório de Antropologia da Universidade Federal da Paraíba e outros parceiros. Ainda distribui remédios fitoterápicos do projeto Vida Positiva, conduzido pela coordenadora de projetos sociais Maria Goretti Rolim.
Segundo Goretti Rolim, o projeto existe há quase dez anos com o objetivo de produzir remédios naturais para as doenças mais comuns a partir do resgate dos saberes populares. “De três anos para cá, o projeto alcançou maior visibilidade. As pessoas começaram a ter resultados significativos e temos vários testemunhos de pessoas que usaram produtos nossos, como sabonetes, pomadas, lambedor, antibiótico natural, tinturas e foram melhorando”, relatou a coordenadora. A produção dos remédios fitoterápicos foi ampliada e hoje eles também são doados para as pessoas em situação de rua e para as famílias indígenas refugiadas.
No caso dos refugiados waraos, o fato de serem indígenas contribuiu para a boa recepção aos remédios naturais, conforme observa o padre Egídio de Carvalho, diretor do Hospital Padre Zé: “como são povos que fazem parte de uma tribo indígena, os remédios fitoterápicos ou naturais são muito mais aceitos por eles porque já fazem parte do dia a dia deles”, explicou, destacando que a parceria entre o MPF, a arquidiocese da Paraíba e o Hospital Padre Zé não se limitou apenas a “alugar casas para colocar as famílias indígenas venezuelanas, mas em fazer o acompanhamento, tanto na dimensão social, psicológica e, sobretudo, na dimensão da saúde”.
A interlocução do Ministério Público Federal entre a arquidiocese da Paraíba, o Hospital Padre Zé e o poder público, durante a pandemia da covid-19, levou o arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson Pedreira da Cruz e o padre Egídio de Carvalho a enviarem ofício de gratidão ao MPF por “toda confiança e o apoio irrestrito” do órgão na ação conjunta de acolhimento dos indígenas venezuelanos da etnia warao.
“Tivemos a participação efetiva do MPF que fez a ponte entre a Arquidiocese, o Hospital Padre Zé e o poder público, sobretudo, o estado da Paraíba, através da Secretaria de Desenvolvimento Humano, que tem sido uma grande parceira nossa nessa atividade de acolhimento às famílias indígenas warao e aos moradores e moradoras de rua”, declarou o padre Egídio.
A gestão dos recursos é feita por um Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB e por conselhos diocesanos. A partir de critérios bem definidos e da verificação da idoneidade das organizações, o Conselho define quais projetos serão apoiados com os recursos, monitora e acompanha o gasto e sua a prestação de contas. No site do Fundo Nacional de Solidariedade, www.fns.cnbb.org.br você encontra uma prestação de contas atualizada e transparente sobre a destinação dos recursos.
Quem desejar doar à Coleta do Bem poderá fazê-lo de duas maneiras. Por meio da oferta nas missas e celebrações realizadas durante os dias 21 e 22 de novembro, quando a Igreja celebra a Solenidade de Cristo Rei. A doação também poderá ser feita de forma simplificada e digital, por meio do site doe.cnbb.org.br.
Não se trata apenas de coleta, segundo dom Joel. “Trata-se de Evangelização. É conhecer Jesus e em nome dele, conhecendo-o mais, colocar em comum o pouco que temos”, disse. Segundo o secretário-geral da CNBB, a pandemia caiu sobre todo mundo com um peso muito forte.
“Neste desafio nós somos desafiados a manter a criatividade entre nós e compartilhar dons e bens. Não é apenas um sistema de arrecadação. É um modo de dizer não há vírus, não há pandemia e dificuldade que tire de nós o amor de Cristo e as consequências da partilha do amor e dos bens”, disse.
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