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26/12/2018Dinâmica dos Símbolos da nossa Fé
28/12/2018São João Evangelista, o Apóstolo Virgem, é sem dúvida um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de “o discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela “como Fonte da Sabedoria” a segurança doutrinária que mereceu dos Padres da Igreja o título de “o Teólogo” por excelência. Comemoramos sua festa no dia 27.
Sabemos pelos Evangelhos que São João, era filho de Zebedeu e de Maria Salomé. Com seu irmão Tiago, auxiliava o pai na pesca no lago de Genezaré. Pelos Evangelhos sabemos, também, que seu pai possuía alguns barcos e empregados que trabalhavam para ele. Maria Salomé é apontada como uma das santas mulheres que acompanhavam o Divino Mestre para O servir.
Assim como seus outros dois irmãos, Simão e André, era pescador e discípulo de São João Batista, o Precursor. Deste então, os três receberam o batismo, zelosos que eram, preparavam-se para a vinda do Messias prometido.
Certa vez, estavam João e André com o Precursor, quando passou Jesus a alguma distância. O Batista exclama: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo”. No dia seguinte repetiu-se a mesma cena, e dessa vez, os dois discípulos seguiram Jesus e permaneceram com Ele (Jo 1, 35-39).
Algumas semanas depois estavam Simão e André lançando as redes às águas, quando passou Jesus e lhes disse: “Vinde após mim. Eu vos farei pescadores de homens”. Mais adiante estavam Tiago e João numa barca, consertando as redes. “E chamou-os logo. E eles deixaram na barca seu pai Zebedeu, com os empregados, e O seguiram” (Mc 1, 16-20).
A partir de então passaram a acompanhar o Messias em sua missão pública. Logo, a eles juntaram-se outros, que perfariam o número de doze, completando assim o Colégio Apostólico.
Preeminência de três Apóstolos sobre os demais
Desde logo, Pedro, Tiago e João tomaram preeminência sobre os outros Apóstolos, tornando-se os “escolhidos dentre os escolhidos”. E, como tais, participaram de alguns dos mais notáveis episódios na vida do Salvador, como a ressurreição da filha de Jairo, a Transfiguração no Tabor e a Agonia no Horto das Oliveiras.
São João foi, também, um dos quatro que estavam presentes quando Jesus revelou os sinais da ruína de Jerusalém e do fim do mundo. Mais tarde, com São Pedro, a quem ele unia-se com respeitosa e profunda amizade, foi encarregado de preparar a Última Ceia. São Pedro amava ternamente São João, e essa amizade é visível tanto no Evangelho quanto nos Atos dos Apóstolos.
Por sua pureza de vida, inocência e virgindade, João tornou-se logo o discípulo amado, e isso de um modo tão notório, que ele sempre se identificará em seu Evangelho como “o discípulo que Jesus amava”. Apesar de os Apóstolos não estarem ainda confirmados em graça, isso não provocava neles inveja, nem emulação. Quando queriam obter algo de Nosso Senhor, faziam-no por meio de São João, pois, seu bom gênio e bondade de espírito tornavam-no querido de todos.
Mas essa serenidade, esta doçura, este caráter recolhido e amoroso [de João Evangelista] são algo diferente da inércia e da passividade. Os pintores nos acostumaram a ver nele um “não sei o quê” de feminino e sentimental, que está em contraste com a energia varonil e o zelo fulgurante que se descobre-se em algumas passagens evangélicas.
Se Nosso Senhor, amava particularmente São João, esse também O amava de maneira especialíssima. Com seu irmão Tiago, recebeu de Cristo o cognome de “Boanerges”, ou “filhos do trovão”, por seu zelo. Indignaram-se contra os samaritanos, que não quiseram receber o Mestre, e pediram-Lhe para fazer descer sobre aqueles “não dóceis” o fogo do céu.
Foi por esse amor, e não por ambição, que ele e o irmão secundaram a mãe, Salomé, solicitando que um e outro ficassem à direita e à esquerda do Redentor, em seu Reino (um tanto equivocadamente, pois imaginavam ainda um reino terreno). Quando Nosso Senhor perguntou-lhes se estavam dispostos a beber com Ele o mesmo cálice do sofrimento e da amargura, com determinação responderam afirmativamente.
O primeiro devoto do Coração de Jesus
Entretanto, uma das maiores provas de afeição de Nosso Senhor a São João deu-se na Última Ceia. Quis o Divino Mestre ter à sua direita o Apóstolo Virgem, permitindo-lhe a familiaridade de recostar-se em seu coração. Diz Santo Agostinho que nesse momento, estando tão próximo da fonte de luz, ele absorveu dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja.
A pedido de Pedro, perguntou a Jesus quem seria o traidor, e obteve a resposta. São João teve porém um momento de fraqueza “e das mais censuráveis” quando os inimigos prenderam Jesus; São João, fugiu como os outros Apóstolos. Era o momento em que Nosso Senhor mais precisava de apoio!
Logo depois o vemos acompanhando, de longe, o Mestre no palácio do Sumo Sacerdote, como ali era conhecido. Fez entrar, também, Simão Pedro. Pode-se supor que ele tenha permanecido sempre nas proximidades de Nosso Senhor, durante toda aquela trágica noite e que, de lá não saiu. Ausentou-se somente para ir comunicar a Maria Santíssima o que se passava com o Filho d’Ela. Acompanhou-a então no caminho do Calvário e com Ela permaneceu ao pé da cruz. Era o sinal evidente de seu arrependimento.
Custódia da Mãe de Deus ao Apóstolo Virgem
Foi então que, recebendo-a como Mãe, obteve o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: “João, que era virgem, ao crer em Cristo, permaneceu sempre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem” Ensinam os Padres da Igreja que, esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção.
Foi ele também o único dos Apóstolos a presenciar e a sofrer o drama do Gólgota, servindo de apoio à Mãe das Dores, que com seu Filho compartilhava a terrível Paixão.
Quando, no Domingo da Ressurreição, Maria Madalena veio dizer aos Apóstolos que o túmulo estava vazio, foi ele o primeiro a correr, seguido de Pedro, para o local. E depois, estando no Mar de Tiberíades, aparecendo Nosso Senhor na margem, foi o primeiro a reconhecê-Lo.
Uma das três colunas da Igreja nascente
Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro. Juntos estavam quando, indo rezar no Templo junto à porta Formosa, um coxo pediu-lhes esmola. Pedro curou-o, e depois pregou ao povo que se reuniu por causa de tal maravilha. Juntos foram presos até o dia seguinte, quando corajosamente defenderam sua fé em Cristo diante dos fariseus. Mais adiante, quando o diácono Felipe havia convertido e batizado muitos na Samaria, era necessário que para lá fosse um dos Apóstolos a fim de os crismar. Foram escolhidos Pedro e João para a missão.
São Paulo, em sua terceira ida à Jerusalém, narra em sua Epístola aos Gálatas (2,9) que lá encontrou “Tiago, Cleofas e João, que são considerados as colunas”, e que eles, “reconhecendo a graça que me foi dada (para pregar o Evangelho), deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo”.
Depois disso os Evangelhos se calam a respeito de São João. Mas resta a Tradição. Segundo essa, ele permaneceu com Maria Santíssima durante o que restou de sua vida mortal, dedicando-se também à pregação. Depois da intimidade com o Filho, o Apóstolo Virgem é chamado a uma estreita intimidade de alma com a Mãe que, sendo a Medianeira de todas as graças, deve ter entregue a ele todas as graças e em altíssimo grau. Que grande virtude deveria ter alguém para ser o custódio da Rainha do Céu e da Terra!
Assim, teria ele permanecido com Ela em Jerusalém e depois em Éfeso. “Dois motivos principais deveriam ter ocasionado essa mudança de residência: de um lado, a vitalidade do cristianismo nessa nobre cidade; de outro, as perniciosas heresias que começavam a germinar. João queria assim empenhar sua autoridade apostólica, quer para preservar, quer para coroar o glorioso edifício construído por São Paulo; e sua poderosa influência não contribuiu pouco para dar às igrejas da Ásia a surpreendente vitalidade que elas conservaram durante o século II”.
Após a dormição de Nossa Senhora -que é como a Igreja chama o fim de sua vida terrena- e a Assunção d’Ela aos Céus, fundou ele muitas comunidades cristãs na Ásia menor.
Vivo após o martírio
Ocorre então o martírio de São João, que é comemorado no dia 6 de maio. O Imperador Domiciano o prendeu e o levou à Roma. Na Cidade Eterna, ele foi flagelado e colocado num caldeirão de azeite fervendo. Mas o Apóstolo Virgem saiu dele rejuvenescido e sem sofrer dano algum. Domiciano, espantado com o grande milagre, não ousou atentar uma segunda vez contra ele, mas o desterrou para a ilha de Patmos, que era pouco mais do que um rochedo. Foi ali, segundo a Tradição, que São João escreveu o mais profético dos livros das Sagradas Escrituras, o Apocalipse.
Após a morte de Domiciano, o Apóstolo voltou a Éfeso. É lá que, segundo vários Padres e Doutores da Igreja, para combater as doutrinas nascentes de Cerinto e de Ebion – que negavam a natureza divina de Cristo- ele escreveu seu Evangelho 4. Ordenou antes, a todos os fiéis, um jejum que ele mesmo observou rigorosamente, para em seguida ditar a seu discípulo Prócoro, no alto de uma montanha, o monumento que é seu Evangelho. Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele o começa de uma altura sublime: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus”.
Esse Evangelho, dos mais sublimes textos jamais escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que figura no ordinário da Missa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém.
Segundo São João Crisóstomo, os próprios Anjos aí aprenderam coisas que não sabiam. São João escreveu também três Epístolas, sempre visando estabelecer a verdadeira doutrina contra erros incipientes que se infiltravam na Igreja.
Segundo uma tradição, o discípulo que Jesus amava teria morrido em Éfeso, provavelmente em 27 de dezembro do ano 101 ou 102.
Mas alguns exegetas levantam a hipótese dele não ter falecido, com base na seguinte passagem do Evangelho: “logo após a pesca milagrosa no lago de Tiberíades – depois da Ressurreição de Jesus- , Nosso Senhor confiou mais uma vez a Igreja a São Pedro. Esse, voltando-se ao Nosso Senhor, perguntou-lhe, referindo-se a São João: ‘E este? Que será dele?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha?’” O próprio São João comenta: “correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria.” Mas Jesus não lhe disse “não morrerá”, mas “que te importa se quero que ele fique até que eu venha?” (Jo 21, 15-23).
Via Canção Nova