Não é fácil identificar as verdadeiras relíquias da sagrada cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitas igrejas ao redor do mundo afirmam ter um pedaço dela; essas relíquias de fato são verdadeiras?
Além da Basílica da Santa Cruz, em Roma, as catedrais de Cosenza, Nápoles e Gênova, na Itália, o Mosteiro de Santo Toribio de Liébana (que tem a maior peça), Santa Maria dels Turers e a Basílica de Vera Cruz, entre outros, na Espanha, afirmam ter um fragmento da cruz. A Abadia de Heiligenkreuz, na Áustria, também guarda uma peça e outro pedaço está na Igreja da Santa Cruz, em Jerusalém.
O Museu de Londres, há poucos anos, fez uma mostra de nome “Cruz e espinhos da coroa de Jesus Cristo”.
Os concílios de Niceia (325) e de Trento (1543-1565) deram validade espiritual à devoção dessas relíquias. Isso não significa que a Igreja confirmou a veracidade de todas elas, apenas considerou que a sua veneração tem valor espiritual, uma vez que houve de fato uma cruz onde Jesus foi crucificado.
O que sabemos sobre a cruz de Cristo?
Por quase trezentos anos, não houve menção sobre o destino dela. No século IV, o bispo e historiador Eusébio de Cesareia publicou um relato em seu livro A história da Igreja sobre a descoberta em Jerusalém da “vera cruz” por Santa Helena.
Segundo São Cirilo de Jerusalém, em 348 havia ali um grande fragmento da santa cruz, como atesta ele em suas Catequeses batismais (4,10; 10,19; 13,4): “Até a presente data pode ser visto entre nós (…) mas, em virtude dos extratos que a fé multiplicou, foi distribuído em pequenos fragmentos por toda a terra”.
Uma piedosa tradição acredita que Santa Helena, mãe do imperador Constantino, no século IV, após pesquisas na Terra Santa, encontrou a cruz de Cristo e depositou um pedaço relativamente grande dela em seu palácio Sessorianum, que veio a ser posteriormente a Basílica da Santa Cruz, em Roma. É desse fragmento grande que provavelmente saíram os pedacinhos da cruz existentes na Basílica do Latrão e no Vaticano.
Portanto, podem de fato existir em algumas igrejas pedaços da cruz do Senhor, embora sua comprovação seja difícil.
A Festa da Exaltação da Santa Cruz, em 14 de setembro, teve como origem a recuperação da cruz de Cristo por parte do imperador Heráclio, em 628, pois a cruz foi roubada catorze anos antes pelo rei persa Cosroe Parviz, durante a conquista da cidade santa de Jerusalém.
O historiador Tiago de Voragine, em seu livro Lenda dourada, do século VIII, diz que Santa Helena encontrou três cruzes onde está a Basílica do Santo Sepulcro. Para saber qual seria a cruz de Cristo, ela colocou uma mulher doente em cada uma delas e aquela que finalmente a curou foi considerada a de Jesus.
Para buscar a veracidade dessas relíquias da cruz de Cristo seria preciso ao menos um exame de carbono 14 para identificar a idade desses muitos fragmentos, mas esse é um exame caro que as igrejas não têm condições de realizar. Além disso é considerado invasivo e um pouco destrutivo para a relíquia.
Mas o que é uma relíquia? É um fragmento de osso ou um objeto que tem alguma relação com um(a) santo(a) aos quais os católicos prestam veneração. O culto das relíquias exprime a visão correta que o cristão tem do corpo humano; o corpo de um justo, portador da graça santificante, é templo de Deus e seus órgãos são “instrumentos que o Espírito Santo utiliza para toda obra boa” (Santo Agostinho). Portador de um germe de imortalidade aqui na Terra, ele será ressuscitado glorioso quando Jesus voltar.
As relíquias de primeiro grau são as mais importantes, pois eram partes do corpo da pessoa de devoção. Já as relíquias de segundo grau são os objetos que pertenceram a ela. As de terceiro grau são compostas por qualquer objeto tocado por ela.
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