A força da renovação existe no seio da Igreja, por obra do Espírito Santo. Apesar de ela ser pecadora, enquanto composta de seres humanos sujeitos às próprias fragilidades, há a santidade de Deus que a faz regenerar-se e superar os próprios limites. Uma força que ajuda o humano da Igreja a se renovar é a juventude, quando ela for bem evangelizada e evangelizadora. Temos, então, uma grande oportunidade de luminosidade dos valores crísticos para o interno da comunidade eclesial e para a sociedade em geral. Juventude vamos sempre ter. Por isso, ela é o presente e o futuro da comunidade cristã e da convivência social, com os valores assumidos por ela do que é humano e divino em sua contínua renovação.
Moisés, o grande personagem bíblico escolhido por Deus para libertar o povo hebreu do jugo dos egípcios, pode encontrar-se pessoalmente com Deus na montanha, onde recebeu a missão divina. Sua curiosidade o levou a aproximar-se de uma sarça que não se consumia. Era o Senhor que o chamava para o diálogo acerca da missão de libertação do povo (Cf. Êxodo 3,1-15). Fruto da ação divina, a sarça da juventude pode perenizar a renovação da Igreja, se ela realmente entrar na intimidade de Cristo e aceitar a missão de evangelizar a sociedade para a libertação de todo tipo de mecanismo de morte. Alimentará a sociedade com os novos critérios do Salvador, para dar vida de sentido a todos, na convivência de fraternidade. Cuidar da juventude para que ela seja fonte de renovação do convívio familiar, eclesial e social é de fundamental importância, para termos dias melhores, onde se superem as injustiças, os desmandos sociais e descaminhos dos vícios e das derrotas humanas.
Na contemplação de Jesus transfigurado no monte Tabor, com a presença de Moisés e Elias, podemos solidificar nossa fé e indicar para a juventude o ideal de dar vida, proposto e vivenciado por Jesus (Cf. Lucas 9,28-36). De fato, o Mestre em seguida foi crucificado, morto e ressuscitado. Os Apóstolos foram testemunhas disso. Passando também pelo mesmo caminho do Filho de Deus, somos capazes de assumir a missão, como os Apóstolos, para que todos se convertam. Não podemos ser como a figueira que não produz figos, para não termos que ser cortados da realização do projeto de Deus, à semelhança da que Jesus queria cortar por não dar frutas (Cf. Lucas 13,1-9). A ascese é um modo de exercitação na prática do bem, que devemos fazer e ensinar à nova geração. Exige treinamento, renúncias, vivência da caridade, responsabilidade na realização do compromisso de fé, serviço ao outro e promoção do bem comum. Sem o ideal de servir não damos frutos de realização da vida de sentido para todos. Somos instados, no seguimento a Cristo, a assumir a responsabilidade de implantarmos os critérios ou valores do Evangelho de Jesus. Sem isso, a juventude não será capaz de dar base à sustentação de um mundo novo, ou uma sociedade onde reina o amor, fundamentado no amor de Deus.
O lema da Campanha da Fraternidade é muito propício para focalizarmos a abertura da juventude ao novo, provindo da missão dada por Deus, com sua resposta de grande disponibilidade: “Eis-me aqui; envia-me!” (Isaías 6,8).
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros
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