“Sede bem humildes; é nosso Senhor quem faz tudo; nós somos seus simples instrumentos. Confiai sempre e muito na divina providência; nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários. Novamente vos digo: confiai em Deus e em Maria Imaculada; permanecei firmes e adiante! Recomendo-vos muito e muito a santa caridade entre vós e especialmente para com os doentes das santas casas, dos asilos etc. Tende grande amor à prática da santa caridade. Está terminada minha missão; morro contente e dou, de todo coração, a vós toda a minha bênção.” (Testamento espiritual de Santa Paulina)
Amabile Lucia Visintainer, em religião Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, nasceu em Vigolo Vattaro, Diocese de Trento, Itália, filha de Antonio Napoleone e Anna Pianezzer, a 16 de dezembro de 1865, segunda de catorze filhos (nove homens e cinco mulheres). Foi batizada no dia seguinte ao nascimento e, segundo o uso do tempo, foi crismada a 27 de abril de 1874, durante a visita pastoral do bispo de Trento.
Pela pobreza dos familiares, como as outras meninas da localidade já aos 8 anos ajudou os pais no trabalho da filanda (fábrica de tecidos), atividade comum naquela região do Trento. Durante a emigração sul-tirolesa de 1875 para o Brasil, a família de Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer emigrou juntamente com cinco filhos, entre os quais Amabile, que tinha 10 anos.
VIDA NOVA EM VÍGOLO, SANTA CATARINA
Para o grupo trentino foram assinaladas terras para colonizar na Província (hoje Estado) de Santa Catarina, ao sul do Brasil, onde logo nasceram vilas que, tendo no centro Nova Trento, tomaram os nomes das terras deixadas: Vígolo, Bezenello, Valsugana etc.
Religiosamente, a região era confiada ao pároco de Brusque, região alemã, mas, em 1879, por causa da presença de imigrantes italianos, foi confiada aos padres jesuítas da Província Romana.
Amabile, tendo mais ou menos 12 anos, fez a Primeira Comunhão e começou a ler.
Logo depois de sua chegada, o Padre Augusto Servanzi, superior da Residência de Nova Trento, confiou a Amabile, de 15 anos, e a uma sua amiga a limpeza da Capela de São Jorge, a leitura do Catecismo às crianças e a visita aos doentes.
Durante dez anos, dos 15 aos 25, foi fiel ao mandato recebido do Padre Servanzi, embora, em 1887, ano da morte da mãe, devesse acudir à família, pai e sete irmãos, dos quais três em tenra idade, porque nasceram no Brasil.
O HOSPITALZINHO, O INÍCIO DE TUDO
Em 1890, o Padre Marcello Rocchi, missionário da Residência de Nova Trento, transformou a assistência aos doentes em domicílio no tipo hospitalar, naturalmente nos limites do possível, confiando – a pedido do povo – o serviço a Amabile e à sua amiga.
Com a transferência de Amabile e da companheira da casa paterna à limitadíssima habitação (de quatro por seis metros), já batizada pelo povo “hospitalzinho” e onde foi recolhida a primeira cancerosa, a 12 de julho de 1890, nasceu aquela que, nos planos da providência, devia se tornar a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
O instituto começou na extrema pobreza, pelo que as primeiras irmãs, além do cuidado dos doentes e das órfãs e dos trabalhos na paróquia, para viver deviam trabalhar na roça (à meia) e na pequena indústria da seda, muito conhecida, segundo a tradição e a capacidade trentinas. O Instituto nasceu e permaneceu sob a direção dos padres da Companhia de Jesus: de 1890 a 1895, Padre Marcello Rocchi; de 1895 a 1921, Padre Luigi Maria Rossi; de 1921 em diante, Padre Giuseppe Gianella etc…
A PRIMEIRA APROVAÇÃO
O primeiro ato do Padre Rossi foi obter do bispo de Curitiba a aprovação do nascente instituto (25 de agosto de 1895) e regularizar a profissão dos votos a 7 de dezembro de 1895, quando Amabile tomou o nome religioso de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus.
Quando, em 1903, Padre Rossi foi transferido de Nova Trento para a cidade de São Paulo (SP), quis constituir Madre Paulina superiora-geral das duas comunidades, Vígolo e Nova Trento, já com cerca de trinta religiosas. No mesmo ano, ele chamou Madre Paulina para São Paulo e lhe confiou a direção de um orfanato na colina do Ipiranga.
A DURA PROVA DE MADRE PAULINA EM SÃO PAULO
De 1903 a 1909, o instituto passou para São Paulo com novas fundações (quatro), sob o governo de Madre Paulina.
Em 1909, ela precisou afrontar uma prova que duraria até sua morte. Por artimanhas de uma irmã, secretária e assistente, e pela ingerência de uma benfeitora, a autoridade da fundadora foi, dia por dia, diminuída. Em agosto desse ano, por ordem do arcebispo de São Paulo, dom Duarte Leopoldo e Silva, e com a aprovação do Padre Rossi, Madre Paulina não foi reeleita pelas irmãs, artificiosamente preparadas e convocadas para o capítulo-geral, que foi chamado o primeiro do Instituto.
De 1909 a 1918, Madre Paulina foi designada para Bragança Paulista (SP) como súdita, mas sempre tratada como “Veneranda Madre Fundadora”.
A nova superiora-geral, Madre Vicência Teodora da Imaculada Conceição, serviu-se dela não somente no governo, mas, também nas novas fundações e nas visitas canônicas, especialmente quando, depois de 1918, Madre Paulina foi chamada pela superiora-geral com a permissão do Padre Rossi para a casa-mãe em São Paulo.
UM EXEMPLO DE VIDA RELIGIOSA
Seja na vida em família, seja na vida religiosa, como fundadora, superiora-geral e súdita, Madre Paulina deu provas de intenso espírito religioso e de heroicas virtudes, sendo exemplo às religiosas no serviço aos doentes, às órfãs, aos idosos, na aceitação dos sofrimentos físicos causados pelo diabetes, em razão do qual precisou sofrer a amputação do braço direito. Morreu piamente no dia 9 de julho de 1942.
Em 31 de maio de 1967, seus restos mortais foram transladados do Cemitério Santíssimo Sacramento, em São Paulo, onde fora enterrada, para a casa-geral no Ipiranga, na mesma cidade.
Foi beatificada pelo Papa João Paulo II, em Florianópolis (SC), aos 18 de outubro de 1991. Pelo mesmo Sumo Pontífice foi canonizada, em Roma, Itália, aos 19 de maio de 2002. Sua festa litúrgica é no dia 9 de julho.
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