O santo casal Sant’Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria e avós de Jesus Cristo. Eles são também importantes para o Carmelo, já que, são patronos da Ordem do Carmo, ao lado de São José, pai adotivo de Jesus e dos Santos Arcanjos: São Gabriel, São Miguel e São Rafael.
Na história e plano da salvação da humanidade, desde o Antigo Testamento, Deus revelou-se aos homens por amor e por misericórdia. E, no plano desta Redenção, antes de chegar a plenitude do tempo e Deus enviar seu Filho nascido de mulher (Gl 4,4); antes mesmo da Encarnação no ventre desta Mulher, a tradição remonta, a partir do próto-evangelho de Tiago, isto é, os evangelhos apócrifos, a história deste santo casal, Sant’Ana e São Joaquim, que pela bondade e misericórdia de Deus, fizeram parte do plano salvífico de Jesus Cristo.
Sant’Ana, abençoada por Deus, obteve semelhante graça como de Sara, esposa de Abraão. Ambas, ao serem estéreis e de idade avançada, foram visitadas pelo Senhor, que dignou-se abençoá-las com a graça da concepção. O Senhor instituiu uma aliança com Abraão, e do entre de sua mulher, a sua descendência, da qual seria pai de uma multidão de nações e reis (Gn 17, 4). Mas foi do ventre de Sant’Ana que nasceu a Bem-Aventurada e Perpétua Rainha, de quem se falará de geração em geração, a Virgem Maria (Lc 1, 48). E dela, o grande Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo; quando se completou o tempo previsto.
A mãe de Nossa Senhora, assim como ela, é poderosa intercessora. A senhora Sant’Ana, passou por humilhações em sua vida em razão de sua infertilidade. Mas esta, juntamente com seu esposo, São Joaquim, perseveraram em constantes súplicas e orações. Clamaram humildemente para que Deus lhes fosse favorável, dando-os a graça de terem uma descendência. E, suas orações alcançaram os céus sendo fecunda e frutuosa, pois, receberam a visita e anúncio do anjo do Senhor que lhes dissera que seriam pais. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação!” (2 Cor 1, 3). Sant’Ana, diferentemente de Sara, não sorriu nem duvidou do milagre que estava para acontecer, pelo contrário, agiu com fé e gratidão. Não é mera coincidência estas atitudes, mas sim, proféticas, porque Maria, o fruto puro e imaculado de seu ventre, mais tarde cumpriria a mesma profecia na visita do Anjo Gabriel, ou seja, Ela também não duvidou e, mais do que isto, se entregou para ser a Mãe de Deus.
Caros irmãos e irmãs, nas imagens da senhora Sant’Ana, ao seu lado, ainda menina, está a Virgem Maria. Sendo que existem dois tipos desta representação; a primeira, que é a mais tradicional, vemos Sant’Ana sentada. Eis, pois, a Mestra! Aquela que ensinou as virtudes e a palavra de Deus à Maria. E, ainda hoje, continua a ensinar seus devotos a ciência do alto. Na segunda, ela encontra-se de pé, uma vez que, é a guia que conduziu os primeiros passos da mãe de Deus e, sobretudo, os passos espirituais, como também os de seus devotos nos melhores e mais eficazes caminhos até Jesus Cristo. Ela, como mestra, nos diz de sua própria experiência com o Senhor: “Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infidelidade” (Dt 30, 15). Pois, é um conselho do próprio Senhor anunciado por ela mesma em conformidade com a própria vida: “Escolhe, pois, a vida, para que viva tu e tua descendência” (Dt 30, 19).
E São Joaquim? Como dignou-se receber tamanha honra? Este, viveu na presença do Senhor, era um homem justo e piedoso, influente no seu tempo e no Templo santo em Israel. Observador das leis Judaicas e da Torá. Ele, assim como sua esposa, também se encontrava atormentado por não ter gerado um rebento em Israel, causa de contradição e vergonha perante a comunidade. E por essa razão, foi confrontado de oferecer suas dádivas no Templo de Deus. Mas este lembrou-se de que também Abraão em idade avançada, recebeu do Senhor um filho, Isaac. Sendo assim, como um bom judeu e temente a Deus, buscou a verdadeira Justiça que vem do Céu. Retirou-se para o deserto e, armando sua tenda, suplicou incessantemente ao Senhor em meio à jejuns e orações por quarenta dias, dizendo: “não sairei daqui nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor meu Deus. Que minhas preces me sirvam de comida e bebida”.
Caríssimos, mais uma vez, percebemos como que tanto a mãe de Maria como São Joaquim, foram piedosos e perseverantes na oração. Aliás, Sant’Ana, por sua vez, em sua dolorosa humilhação orou ao mesmo tempo dizendo: “Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e bendize-me da maneira que bendisseste o ventre de Sara, dando-lhe como filho Isaac!” “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4, 6). Assim, não tardou para que o Senhor escutasse os rogos deste santo casal, que logo exultaram de alegria pelas boas graças que receberam de Deus. E a alegria foi tanta que num gesto de gratidão, Sant’Ana oferece o fruto puro e imaculado de seu ventre ao Senhor, consagrando-a aos três anos no templo. A Virgem Maria estava desde sempre predestinada a ser totalmente do Pai. Mais tarde, esta menina consagrada no templo, viria a ser o próprio templo do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Morada do Altíssimo e Mãe de Jesus Cristo.
Com efeito, irmãos e irmãs, contemplando as virtudes e qualidades de Sant’Ana e São Joaquim, vemos como eles foram grandes aos olhos de Deus e, principalmente, mestres espirituais na vida da Virgem Santíssima. E, sendo eles essenciais na vida espiritual, Sant’Ana constrói em casa um oratório, indicando que o centro da vida desta família é a oração e o encontro constante com Deus. Ah, Virgem Mãe de Deus, agora vemos os sinais de tua piedade naquele memorável encontro com os apóstolos no Cenáculo em Jerusalém, quando perseveraram juntos unânimes na oração! (Atos 1, 14).
Eis, pois, o casal justo e santo, que do céu intercedem por nós!
“Festejemos Sant’Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria. Deus lhes concedeu a benção prometida para todos os povos”. Amém. Assim seja!
Frei Marlom Francis, O.Carm.
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