APÓSTOLO
(SÉCULO I)
“Muito douto na lei do Senhor, prudente e perspicaz na explicação da Sagrada Escritura, cauteloso em dar conselhos, agradável na pregação, operador de milagres, testemunha [do Ressuscitado], elevou as mãos ao céu e entregou o espírito”.
Esse elogio se encontra em uma lápide da catedral de Tréveris, na Alemanha, que se orgulha, junto com a basílica romana de Santa Maria Maior, de possuir as relíquias de São Matias.
Além do que encontramos nos Atos dos Apóstolos a respeito de sua agregação ao colégio apostólico, não sabemos muito mais da sua vida.
Eusébio de Cesareia considera-o um dos 72 discípulos do Senhor. É certo que, depois da ascensão, Pedro, encontrando-se no Cenáculo com os apóstolos, Maria e outros crentes, em número aproximado de 120 pessoas, propôs retornar a doze o número dos apóstolos, como quis o Mestre, escolhendo entre os presentes um que tivesse estado com Jesus desde o início.
A comunidade apresentou dois candidatos: José, chamado o Justo, e Matias. Depois de uma breve oração tiraram a sorte e esta caiu sobre Matias.
No prefácio da festa da liturgia ambrosiana lê-se: “Para que o número dos apóstolos fosse completado, dirigiste um singular olhar de amor sobre Matias, iniciado no seguimento e nos mistérios do teu Cristo. Sua voz uniu-se à das outras onze testemunhas do Senhor e levou ao mundo o anúncio que Jesus de Nazaré verdadeiramente ressuscitou e que aos homens tinha descerrado as portas do Reino dos Céus”. As notas que caracterizam os apóstolos são três: a fidelidade no discipulado, ter seguido Jesus desde o início; o encontro com o Ressuscitado, para testemunhar sua ressurreição, não por ter ouvido dizer, mas por tê-la constatado pessoalmente; o mandato, ser escolhido por Deus e enviado. Matias possuía as duas primeiras, enquanto que a terceira a recebeu por meio da Igreja reunida no cenáculo.
Não temos outras informações historicamente seguras a respeito desse apóstolo. São Clemente Alexandrino relata algumas afirmações que no seu tempo eram atribuídas a Matias. Aqui as transcrevemos: “Admirai as coisas presentes, porque elas revelam a grandeza de Deus; combater contra a carne e submetê-la, não lhe concedendo nenhum prazer ilícito, e crescer na fé e na sabedoria; se um vizinho de um escolhido peca, também peca o escolhido, porque este, se tivesse se comportado como o Verbo prescreve, o outro teria se envergonhado de viver uma vida má e não teria pecado”.
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