Nas mais diversas culturas, a água é compreendida como sagrada, fonte da vida, energia vital primordial. Importantes cidades foram construídas justamente próximas aos rios e ao mar. No cristianismo, os sacramentos são o grande rio que possibilita o desenvolvimento da vida na Igreja. Dos sacramentos os cristãos bebem e se alimentam desde o nascimento até o fim natural, do Batismo ao Viático e à Unção dos Enfermos. Esse rio nutrício nasce de um evento, sobretudo: o sacrifício de Jesus Cristo na cruz – do seu lado (coração) aberto pela lança do soldado brotaram sangue e água para a vida da Igreja. Desse manancial místico os sacramentos nasceram e, para nossa felicidade, essa nascente da graça jamais secará.
Sendo assim, os sacramentos não se coadunam com o formalismo de um mero rito exterior (por exemplo: “Eu não acredito nisso, mas batizarei meu filho para ele receber o certificado”). Os sacramentos proporcionam o frescor de uma experiência revitalizante e salvífica. Se o pecado contamina, adoece e mata o indivíduo e a sociedade, os sacramentos salvam e conferem saúde.
O setenário sacramental divide-se em: 1) sacramentos da iniciação cristã (Batismo e Confirmação, que nos ligam à família divina pelo vínculo do Espírito e pelos méritos de Cristo, e a Eucaristia, que atualiza a presença do vivente e a vida da Igreja na história); 2) sacramentos de cura (Reconciliação e Unção dos Enfermos, que purificam e vivificam nossa alma); 3) sacramentos de serviço (a vida que gera vida por meio da doação de si, expressão da caridade cristã).
Nosso grande desafio, talvez, seja tornar a valorizar os sacramentos, desburocratizar o acesso a eles conforme recentes pedidos do Papa Francisco, celebrá-los com alegria, beleza e dignidade. “Existe estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo que a existência cristã adquira verdadeiramente forma eucarística” (Documento de Aparecida, 251). Na celebração dos sacramentos, jorra vida para a Igreja, vida em abundância (cf. Jo 10,10).
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