Somos convidados ao banquete do Reino, onde não há privilégios, mas sim privilegiados: os empobrecidos, para os quais Deus prepara a mesa com muito carinho.
Observamos que a verdadeira modéstia nos conduz a Deus e nos dá a consciência da nossa fragilidade e da necessidade de aprender com os outros. Com Nosso Senhor Jesus temos um novo modo de experimentar a Deus.
Jesus – Mt 25,14-30 – nos ensina que a modéstia e a gratuidade são as condições para sentar à mesa com Jesus em seu Reino. Infelizmente vivemos em um mundo em que as pessoas querem ocupar os primeiros lugares. Até na Igreja observamos, infelizmente, que muitos queremos apenas aparecer, ao invés de trabalhar, de gastar a sua vida para anunciar o Evangelho e viver a modéstia. As manifestações reiteradas do Papa Francisco têm nos ensinado que a modéstia e a gratuidade são os grandes segredos da felicidade e do seguimento de Jesus Cristo.
Realmente nós devemos convidar para o banquete do Reino, para participar de nossas festas e de nossos banquetes aqueles que vivem nas periferias, os pobres, os marginalizados, as prostitutas, os que vivem em situações de risco e de dificuldades.
Aqui vale a pena refletir sobre as palavras do saudoso Cardeal Martini acerca da missão do bispo: “Cada bispo saiba, porém, que, se não puser em prática as fortes palavras de Jesus sobre a pobreza, não apenas com relação aos edifícios, mas também aos próprios métodos de evangelização, não poderá contar com a ajuda de Deus”.
Só em Deus poderemos encontrar refúgio e fortaleza para viver a modéstia e a solicitude, particularmente neste mês da bíblia em que , caminhando com São Lucas, somos chamados a refletir sobre o tema: “Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas” e com o Lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que tinha perdido”. A alegria de ser cristão é, sem sombra de dúvida, unicamente a de ser simples, como Jesus, e de viver a gratuidade. Deixar cair as máscaras dos falsos dossiês, que muitas vezes criamos para esconder as máscaras de nossas mediocridades que nos assombram, dos pecados que muitas vezes escondemos, porque temos dificuldades de ocupar os últimos lugares, porque muitas vezes, infelizmente, muitos procuram os primeiros lugares para o aplauso e para a louvação. Jesus não quer isso. Quer a modéstia!
Por DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO – ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG
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