Vocação da Igreja
01/05/2011A vocação de Jesus Cristo
02/05/2011Diz São Paulo: Jesus foi “igual a nós em tudo, menos no pecado”.
Ele morreu por nós pregado numa cruz para que pudéssemos ter ncvamente a vida que jamais acabará, a vida divina! E ainda mais: Ele vive e quis ficar presente no meio de nós para que nunca nos sentíssemos abandonados, sozinhos. Ele está na Igreja, com a luz e a força do Espírito Santo para nos iluminar e encorajar ao longo do caminho.
Como foi possível isto?
“Deus enviou seu Filho que nasceu de uma mulher” Gl 4,4
A Bíblia nos conta que uma jovem de Nazaré foi chamada para ser a Mãe de Jesus, o Filho Deus. E Lucas, o evangelista da infância de Jesus, narra como isto se deu, e qual a resposta dessa jovem judia, que nunca sonhava tão alto. Depois que o anjo diz: ” O Filho que de ti nascer será chamado Filho do Altíssimo e o Espírito Santo descerá sobre ti…” Maria responde: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra (Lc 1, 35-38).
POR QUE A DEVOÇÃO A MARIA?
Maria é a padroeira dos diferentes povos espalhados por todo o mundo. Em cada país Maria tem um título e sua história própria misturada com a história do povo. E todos são o rosto de Maria, “projeção” do rosto sofrido do povo e ao mesmo tempo desejo de restauração da vida. Maria é mulher das dores, é símbolo de resistência contra toda opressão.
Na “dogmática” popular, a intimidade com Maria é maior que com Jesus devido a circunstâncias históricas do passado e também a uma questão de origem antropológico-cultural-psicológica, que precisaria de uma análise mais profunda.
Quando Constantino reconheceu o cristianismo como religião oficial, Jesus foi ficando assim sua figura mais próxima dos detentores do poder desse mundo e, conseqüentemente, mais longe das massas. Daí a aproximação da figura de Maria. A ela conferem seus segredos; Ela é capaz de ouvi-los e guardá-los em seu coração. Ela anda com o pobre, entende o problema das mulheres, mesmo os mais íntimos. Maria sabe das dores das mulheres e por isso não se escandaliza com nada.
Em Maria é, sobretudo, a dimensão da maternidade que é valorizada pelo povo, aliás, também pela tradição institucional das Igrejas cristãs. A maternidade aproxima Maria do povo.
Maria é então a “santa”, a “mãe”, “minha mãe do céu”, a pessoa para o povo. Para ela se orientam os desejos não satisfeitos, os pedidos, os temores e as incertezas.
MARIA, LIBERTAÇÃO OU ALIENAÇÃO?
Maria não é uma mulher passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante. Maria é uma mulher forte e corajosa que invoca a justiça de Deus sobre os opressores dos pobres.
É uma mulher comprometida e conseqüentemente toma partido. Deus não luta de ambos os lados. Deus e Maria se colocam ao lado daqueles cuja dignidade tem que ser recuperada e cuja justiça tem que ser realizada.
Ao longo dos quinhentos anos de colonização das Américas, Maria sempre foi invocada e usada pêlos colonizadores como ícone de dominação. Estes traziam consigo imagens de uma Maria europeia que nada tinha a ver com nossa realidade latino-americana.
Mas como dizia, Maria não compactua com os poderosos, e desde o princípio da colonização já se colocou ao lado dos pobres e oprimidos, quando se manifesta a Juan Diego e pede ao índio um templo. Parece estranho, mas não é. Na verdade Maria quer fazer morada em solo indígena, ela quer ser indígena. Assim se torna divindade nativa, disposta a acolher os pedidos dos nativos e socorrê-los em suas dificuldades.
Em nosso solo brasileiro, não é diferente. Às margens do rio Paraíba, três pescadores encontram uma pequena imagem e passam a render-lhe culto. Estes, na sua pequenez, reconhecem na humilde imagem a presença da mãe que se solidariza com o sofrimento dos pobres.
Interessante notar que a imagem que havia sido jogada nas águas, segundo pesquisadores, era uma virgem branca. A imagem encontrada é negra, as águas do rio a tornaram da cor do povo maltratado. Pobres e pescadores a recolheram em suas redes, e ela renasceu dando mais força e identidade a eles, sobretudo aos negros da região circunvizinha que passaram a encontrar nela uma expressão de sua raça, de sua cor e de sua história. Este sinal foi interpretado como uma desaprovação de Maria à escravidão em nosso país.
Maria não fica indiferente diante da opressão. Ela toma partido e se coloca sempre do lado dos oprimidos. “Os cristãos que se colocam no seguimento de Jesus e de Maria não poderão ouvir as contradições da sociedade. Não lhes cabe uma pretensa instância neutra porque tal posição não existe e mascararia uma opção em favor dos poderosos deste mundo sobre os quais a Virgem invocou a manifestação do poder do braço divino (Lc 1,46-55)”.
Então Maria é importante para nós porque:
– Mãe de Jesus, Filho de Deus; Mãe da Igreja; Mãe de todos nós; Mãe e protetora de todos os cristãos; Mãe e modelo de todas as vocações; Mãe e medianeira nossa junto ao Pai.
OS DOGMAS MARIANOS
1. Maria mãe de Deus: A THEOTÓKOS
O termo grego que sintetiza o mistério da fé contido no dogma – theotókos-Mãe de Deus- data do Concílio de Éfeso ( 431 – DS 251). Assim, não é outro o filho de Maria, senão o próprio Deus que, de sua glória, assume a fragilidade e a pobreza da condição humana, entre os “nascidos de mulher”(Jo 15, 14; 25,4).
Trata-se do processo Kenótico, descendente da encarnação que a carta aos Filipenses exalta no capítulo 2,5-8. É o próprio Deus que toma carne na carne de Maria e que, uma vez dada à luz por suas entranhas maternas, encherá de espanto seus conterrâneos que se perguntarão ao ver as maravilhas e os poderosos sinais que realiza.
2. A virgindade de Maria
“A virgindade de Maria não é, pois, uma questão simplesmente genital ou sexual, ou um prodigioso e extraordinário caso de partenogênese, nem envolve desprezo pela sexualidade e pelo matrimónio.
É, sim, um anúncio da mais profunda significação, que está em absoluta consonância com a Boa-nova do Evangelho e com a maneira pela qual Deus costuma agir com seu povo.
Trata-se, além de tudo, da glória do Deus onipotente que se manifesta naquilo que é pobre, impotente e desprezado aos olhos do mundo. A virgem desprezada em Israel é o lugar do Shekinah, a morada da glória de Javé. A preferência de Deus pêlos pobres torna-se clara e explícita ao encarnar-se ele mesmo no seio de uma virgem”.
3. Da Imaculada Conceição
Pio IX lança a bula “IneffabilisDer (8/12/1854), dizendo assim: “satisfazer ao piíssimo desejo do mundo católico”, com o seguinte texto:
“Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina, a qual retém que a beatíssima Virgem Maria no primeiro instante da sua concepção por singular graça e privilégio de Deus onipotente e em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do género humano, tenha sido preservada imune de qualquer mácula da culpa original, é revelado por Deus e, portanto, deve ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis.”
4. Da Assunção de Nossa Senhora
No dia 1° de novembro de 1950, o Papa Pio XII declarou e definiu como dogma infalível a assunção de Nossa Senhora, com a Constituição Apostólica “Munificentíssimas Dei.
“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada e imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que mais plenamente estivesse conforme o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo”. (LG 59).
Textos bíblicos para refletir:
– Lc 1,26-38
– Lc 1, 39-56
– Jo 2,1-10
– Jo 19, 25-27
Fonte: Catequese Católica