O mês de agosto é conhecido na Igreja como o Mês Vocacional, porém, surge uma série de perguntas na mente dos jovens: o que é vocação? Vocação é profissão? Como fazer o discernimento e escolher um caminho a seguir? Foi pensando nisso que este artigo quer esclarecer tais questionamentos.
A princípio, convém entender os termos em seu real significado. “Vocação” é uma expressão um tanto quanto religiosa, vem do verbo no latim “vocare”, que quer dizer “chamar”, “chamamento”. Compreende-se vocação como um chamado que o próprio Deus faz ao ser humano, a fim de que este enquanto viver corresponda à vocação à qual foi chamado. Há a vocação universal e a vocação específica, a saber: a vida de santidade é a vocação universal e todos são chamados a esse estado de vida: “Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está escrito: ‘Sereis santos porque eu sou santo’” (1Pd 1,15). Vivendo uma vida santa é que a pessoa corresponderá bem à vocação específica, que é um dom particular que Deus dá à pessoa antes mesmo de seu nascimento e que, uma vez correspondida, colocar-se-á a serviço de todos: “Antes que te formasse no seio de tua mãe, eu te conheci, antes de saíres do ventre, eu te consagrei e te fiz profeta para as nações” (Jr 1,5). Entende-se a vocação específica como a vocação à vida sacerdotal, familiar, religiosa e consagrada, a vocação dos fiéis leigos e dos catequistas.
Profissão é diferente de vocação? No tempo de colégio, sobretudo no ensino médio, muitos adolescentes fazem um teste vocacional para saber quais as aptidões que têm para, a partir disso, definir qual curso escolher no vestibular e vir a trilhar essa carreira profissional. Sendo assim, a profissão, diferentemente do âmbito religioso, está mais ligada ao campo físico, em que o próprio indivíduo analisa suas habilidades e escolhe a profissão em que pode desenvolver e aperfeiçoar seus talentos, porém, mesmo sabendo que é uma escolha sua, deve lembrar-se de que todo talento é dado por Deus e que deve ser posto ao serviço de todos. Toda profissão deve se tornar uma vocação. Por exemplo: um jovem quer cursar Medicina porque observa que reúne em si qualidades para ser médico, tudo bem! Se ele vocacionar sua profissão será um ótimo médico: atenderá bem seus pacientes, estará sempre disponível, seu maior interesse será salvaguardar a vida e a saúde do enfermo em qualquer condição etc. Do contrário, se ele se tornou médico por outros interesses e tão somente pelos benefícios que a profissão pode trazer com certeza será um péssimo profissional.
Tendo em vista essas definições, pode-se dizer que a vocação é um chamado divino dado ao homem para o bem comum de todos e profissão é uma escolha humana, mas, que deve ser vocacionada, ter Deus como orientador, a fim de que também seja posta em benefício do bem comum, sem quaisquer outros interesses. No fim, compreende-se que tudo deve ser uma vocação, um chamado à doação da própria vida, por isso tem que ter como princípio norteador aquele que chama e que é a origem de todo dom: Deus. Com Ele, toda vocação é vocação e toda profissão se torna vocação.
Como discernir isso? O caminho para esse discernimento é, em primeiro lugar, a oração, dizendo “Que queres de mim, Senhor? Quais os motivos que estão me levando a corresponder a essa vocação, é pensando no bem comum e para estar a serviço de todos? É algo que vem do interior do coração, um dom dado por Deus ou porque outras pessoas querem que eu siga esse caminho? Abraçando essa caminhada buscarei corresponder com uma vida santa, sendo para todos um exemplo?”.
Se em seu caminho vocacional ou profissional Deus estiver sempre à frente, sua vocação será, de fato, vocação e sua profissão se tornará vocação! Dirá com a vida que vale a pena entregar-se à vontade de Deus e todos colherão os frutos de sua oferta de vida.
Vocação, portanto, vale uma vida inteira, por isso é importantíssimo parar, refletir e fazer um discernimento à luz da vontade de Deus. Feliz e abençoado discernimento vocacional!
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