A meditação tem se tornado uma prática em todos os níveis, até mesmo feita por pessoas que não são cristãs. Santa Teresa de Jesus, contudo, nos diz que meditar, para os cristãos, é questão de vida ou morte. Sua proximidade com Jesus, nos ajuda a adentrar o mistério da vida e da morte.
Na Quaresma de 1554, com 39 anos, Santa Teresa de Jesus chega ao ápice da luta contra as próprias debilidades. A descoberta da imagem de “um Cristo muito chagado” marca profundamente a sua vida (cf. Vida 9). A santa, que nesse período encontra profunda consonância com o santo Agostinho das Confissões, assim descreve o dia decisivo da sua experiência mística: “Acontece… que de repente tive a sensação da presença de Deus, que de nenhum modo eu podia duvidar que estava dentro de mim, e que eu estava totalmente absorvida nele” (Vida 10, 1).
A santa realça como a oração é essencial; orar, diz, “significa frequentar com amizade, porque frequentamos face a face Aquele que sabemos que nos ama” (Vida 8, 5). A ideia de santa Teresa coincide com a definição que s. Tomás de Aquino dá da caridade teologal, como “amicitia quaedam hominis ad Deum”, um tipo de amizade do homem com Deus, que foi o primeiro a oferecer a sua amizade ao homem; a iniciativa vem de Deus (cf. Summa Theologiae II-II, 23, 1). A oração é vida e desenvolve-se gradualmente com o crescimento da vida cristã: começa com a prece vocal, passa pela interiorização mediante a meditação e o recolhimento, até chegar à união de amor com Cristo e a Santíssima Trindade. Obviamente, não se trata de um desenvolvimento em que subir os degraus mais altos quer dizer deixar o precedente tipo de oração, mas é antes um aprofundar-se gradual da relação com Deus que envolve toda a vida. Mais do que uma pedagogia da oração, a de Teresa é uma verdadeira “mistagogia”: ao leitor das suas obras ensina a rezar, orando ela mesma com ele; com efeito, frequentemente interrompe a narração ou a exposição para irromper em oração.
Papa Bento XVI, em audiência geral, 2 de Fevereiro de 2011
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