A Família é o lugar privilegiado para a realização pessoal do ser humano, sua missão, como a de Cristo é viver, crescer e aperfeiçoar-se. Exercitando, todo o dia, o que Ele nos ensinou “AMAR – DOAR – PARTILHAR – SERVIR”. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amar.
A família é o berço da vocação. Nela deve acontecer a primeira catequese, o primeiro ecoar da Palavra de Deus. Vivemos, no entanto, numa realidade na qual se questiona a família como incentivadora tanto da catequese como da vocação. É diante dessa realidade que devemos ter a iniciativa de organizar algum trabalho que ajude as famílias a despertarem para a “vocação de ser família”. A pastoral familiar e movimentos que trabalham mais especificamente a realidade conjugal e familiar já são uma boa iniciativa.
Aqueles que ouvem o chamado à vida sacerdotal e o atendem prontamente, nem sempre são de famílias que incentivam, mas, muitas vezes, são contrárias à opção de vida de seus filhos. Por outro lado há aqueles pais que sonham em ter um filho padre, e o filho acaba sendo padre apenas para realizar um sonho que não é seu. Ser padre é algo que foge do convencional, quem opta por essa função, que não é profissão, vai contra aquilo que normalmente os pais esperam para seus filhos: casamento, emprego, etc. Não podemos estar presos ao convencional, é preciso estar abertos ao novo, ao diferente.
O padre não pode fugir das suas raízes, antes ele é, como todo filho, reflexo de sua família. Por mais que haja influência da televisão, internet, amigos, tudo está interligado e, no centro, está a família. Podemos pensar também em pessoas que se tornam nossa família. Quem cresce num orfanato ou em qualquer outro local que acolha crianças que não podem ficar com seus pais, ou são abandonadas, tem uma família diferente.
Uma família cristã, de batizados na fé cristã, deve criar um ambiente familiar, no qual a criança cresça de forma sadia e tenha não só consciência de sua vocação à vida, mas também de sua vocação cristã. Pelo batismo nos comprometemos com a conversão da estrutura de pecado tendo que assumir uma postura que mostre que não concordamos com o individualismo, a exploração, com a banalização da sexualidade e da família. Cresce cada vez mais o descrédito do sacramento do matrimônio e a falta de seriedade no tempo de namoro reduzindo este último apenas ao prazer. Muitos casamentos facilmente entram em crise chegando até mesmo ao divórcio.
É dentro dessa realidade familiar que surge a vocação sacerdotal. O próprio Cristo nasceu numa realidade familiar e sua família é um exemplo de uma família humana que soube viver sua missão. A exemplo da Sagrada Família nossas famílias devem cultivar o amor, o respeito mútuo, a doação, o diálogo, enfim, aquilo que faz uma família viver na harmonia. Talvez alguém pense: é comum haver discussões, briguinhas, numa família. Mas se nós afirmamos que é comum isso ou comum aquilo, caímos no comodismo e não convertemos a situação que, muitas vezes, é de pecado.
Vivemos numa época de crise em relação às vocações não só sacerdotais, mas também religiosas e leigas. É preciso intensificar nossas orações pelas vocações, trabalhar a dimensão familiar e proporcionar que nossas comunidades sejam lugares onde as pessoas possam encontrar algo que as ajudem a valorizar mais o ser família. Que nossas comunidades sejam verdadeiras famílias onde cada um tem seu espaço e se sinta bem.
Não é à toa que hoje se valoriza tanto a santidade em casal. O que antes era só para os celibatários, hoje é também para os casados. Os pais devem ser exemplo para seus filhos educando-os para valorizarem a religião e os valores familiares. Os pais devem viver sua vocação e devem incentivar os seus filhos a também ouvirem o chamado de Deus.
Com famílias mais conscientes de sua missão já é mais um passo para termos jovens e adultos que dêem uma resposta generosa ao chamado de Deus.
Pe. Leandro dos Santos
Assessor Diocesano do SAV
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