A oração é um momento especial na catequese, mas precisa antes de tudo, ser um instante de reflexão, encontro pessoal e de seriedade. O catequista tem a função de ser um mediador nesta descoberta. Explico: um mediador porque se supõem que na família de cada um, a oração esteja sendo praticada e exercitada.
Mas, como na prática nem sempre isso acontece de “mediador” muitos catequistas passam a ser “iniciadores” da oração para muitos jovens e crianças.
Por esta razão, para uma tarefa tão importante, é preciso achar a fórmula ideal, a técnica adequada para convencer. E não é tão complexo assim fazer com que crianças e jovens orem, não somente na catequese, mas coloquem a oração como parte de suas vidas. O catequista tem a função de esclarecer aos seus catequizandos e aos pais deles, que ao rezar, não estarão cumprindo apenas uma tarefa exigida pelo catequista ou pela Igreja, mas sim, para as suas vidas.
Neste contexto, a oração inicia bem antes e ela já fica demonstrada na maneira como os jovens e as crianças são acolhidas ao chegarem ao encontro. Um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um “seja bem-vindo” já são trechos de uma linda oração. Acolher também é orar. Quando o catequista acolhe, olha nos olhos, conversa informalmente, dá a mão, abraça com carinho, a oração já está em pleno andamento. A catequese precisa resgatar estes pequenos, mas importantes valores.
Não tocaremos corações, não indicaremos um caminho e não convenceremos ninguém a nada se as nossas atitudes em relação aos pais, crianças, jovens e até mesmo os outros colegas catequistas, não forem de acolhimento. Insisto nisso: acolher é orar. E de que forma você acolhe? Em que momento você sorri para seus catequizandos? Quando você os observa mais de perto em suas feições, expressões e atitudes? Qual o seu contato mais próximo? Você se interessa por eles? Ouve, nos momentos informais, o que eles têm para lhe contar? Partilha o seu dia-a-dia?
Em muitas turmas de catequese, a oração sempre ocorre numa sala fechada, no início do encontro, de forma solene e automática. Em muitos casos, o catequista é quem manda e reza. Os demais apenas obedecem. A oração, nestes moldes, não se torna algo compartilhada, dividida e espontânea. Assim, um momento que poderia ser rico em reflexões, passa a ser dividido com “risadinhas” fora de hora e com brincadeiras que tiram o seu verdadeiro objetivo. Rezar apenas para dizer que rezou, não tem validade e se torna apenas uma tarefa executada sem atingir o coração.
Oração na catequese não é tarefa que precisamos pedir como tema de casa.
Oração na catequese não é algo imposto pelo catequista na base do autoritarismo.
Oração na catequese não tem uma hora exata para acontecer.
O encontro de catequese em si, já é uma oração e deve acontecer de forma natural, gradual e sistemática, sem atropelos e imposições.
Apresento abaixo, alguns passos importantes que podem servir para fazermos da oração um momento especial na catequese:
* A leitura bíblica é um momento de oração. Faça deste instante, de contato com a Palavra de Deus, algo permanente nos seus encontros. Exercite o manuseio da Bíblia. Escolha passagens atraentes e explique o significado. Reflita junto, faça propósitos, tire lições. A leitura orante é um momento enriquecedor;
* O acolhimento, a conversa informal e o sorriso, são momentos de oração;
* Tire seus catequizandos da sala onde se realizam os encontros semanais, pelo menos por breves instantes. Vá até a igreja com eles e circule pelo templo;
* Leve-os até o sacrário e explique como é importante aquele lugar;
*Destaque a necessidade que todos têm de oração. Aproveite a ida a Igreja e esclareça o porquê de alguns gestos e ritos, como o sinal da cruz e a genuflexão;
* Ensine-os a rezar. Diga a eles que devem pedir, mas também agradecer. Faça com que lembrem de seus pais, familiares e amigos em suas orações;
* Deixe que eles se espalhem pela igreja e rezem, de forma individual. Reze também você com eles. A oração feita assim torna este momento mais solene, cheio de vida. Embora pareça algo individual, orar desta forma transforma o instante coletivo na medida em que todos estão juntos no templo, com o mesmo objetivo, ou seja, a oração, um encontro pessoal com Deus;
* Faça com que seus catequizandos, se cumprimentem ao chegar e se despeçam ao sair. Instrua-os a praticarem os pequenos gestos. Um aperto de mão, um abraço, demonstra o carinho e a educação que devem ter no trato uns com os outros. O exercício de pequenos gestos,é oração das mais profundas;
* Não fuja do contato com os pais. Procure-os e ao conversar com eles, coloque a eles a importância de também rezarem em casa, juntos, em algum momento do dia. Pode ser uma oração breve, mas estimule-os a rezar com os filhos e em família;
* Não são só os outros que precisam rezar. O catequista também precisa, e muito, encontrar momentos para a oração. Isso significa o fortalecimento da sua fé e do seu entusiasmo pela missão que lhe foi confiada. É fundamental que isso aconteça. Sem oração, a catequese se torna incompleta, sem rumo e sem objetivo concreto;
Autor: Alberto Meneguzzi
Jornalista e relações públicas formado pela Universidade de Caxias do Sul ( UCS), catequista de crisma há 20 anos na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes em Caxias do SuL/RS
Editor do JORNAL LOURDES, publicação comunitária voltada à evangelização
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