Jesus chama as pessoas para segui-lo. E nos Evangelhos, o chamado de Jesus não é coisa de um só momento ou de uma só vez, mas é feito de repetidos chamados e convites. Começa aos poucos à beira do lago (Mc 1, 16) e só termina depois da ressurreição (Mt 28, 18-20; Jo 20,21).
A maneira de Jesus chamar as pessoas é muito simples e variada. Às vezes, é o próprio Jesus que toma a iniciativa, Ele passa, olha e chama (Mc 1, 16-20). Outras vezes são os discípulos que são porta vozes de Jesus (Jo 1, 40-42), ou é João Batista que aponta a Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35-39). Outras vezes ainda, é a própria pessoa que se apresenta e pede para seguir a Jesus (Lc 9, 57-58).
O chamado é gratuito: nada custa. Mas acolher o chamado exige decisão e compromisso. Jesus não esconde as exigências. Deve mudar de vida e crer na Boa Nova (Mc 1, 15), deve seguir em frente e não olhar pra trás (Lc 9, 62). Deve haver muitas renúncias, mas o peso não está na renúncia , mas no amor que dá sentido à renúncia. É por amor a Jesus, ao Evangelho, que o discípulo ou a discípula deve renunciar a si mesmo, carregar a sua cruz e segui-lo (Mt 10, 37-39; Lc 9, 24).
O chamado de Jesus tem um duplo objetivo:
“Vem e segue-me” – chamado para seguir Jesus e estar com Ele e formar comunidade;
“Farei de vocês pescadores de homens” – trabalhar com Ele na missão, no anúncio da Boa Nova de Deus.
Aprendendo com o Mestre:
“Seguir” era o termo que fazia parte do sistema educativo no tempo de Jesus; indicava o relacionamento dos discípulos com o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria, mas não convivem com ele. Os discípulos “seguem” o mestre e se formam na convivência com Ele.
O seguimento a Jesus tinha e tem até hoje três dimensões que formam o eixo central do processo de formação dos discípulos:
Imitar o exemplo do mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e reproduzido na vida do discípulo e da discípula (Jo 13, 13-15). Na “escola de Jesus” só se ensinava uma única matéria: o Reino! E este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
Participar do destino do mestre: Quem segue Jesus devia comprometer-se com ele e “estar com ele nas tentações” (Lc 22, 28), inclusive na perseguição (Jo 15, 20; Mt 10, 24-25). Devia estar disposto a morrer com Ele (Jo 11, 16).
Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, acrescentou esta terceira dimensão: viver a vida de Jesus. “Vivo, mas não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Identificar-se com Jesus ressuscitado, vivo na comunidade. Refazer a caminhada de Jesus. Participar de sua morte e ressurreição.
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