A Bíblia não é um livro de ciências, nem manual de história. É um livro religioso que quer comunicar uma mensagem de vida. É a expressão da reflexão do povo sobre a vida, a realidade e os acontecimentos.
Ela foi escrita e reelaborada em várias épocas, por vários homens com mentalidade e estilo diferentes.
A Bíblia deve ser sempre nosso livro. É a palavra de Deus que nos serve de guia, luz, caminho. Lendo, refletindo e colocando a palavra de Deus em nossa vida, estamos dando uma resposta à sua palavra, e assim realizando um diálogo com Deus. É oração. Na parábola do semeador (Mt13, 1-23), vemos qual deve ser nossa atitude diante da palavra de Deus.
Isso significa que devemos:
Fazer distinção entre a mensagem e a roupagem literária em que está revestida. O homem oriental tem um estilo cheio de imagens.
Não nos apegar só às palavras, mas ao que o autor quer revelar com elas.
Levar em conta a época em que foram escritos os livros, com suas características.
Deus sempre se manteve fiel à sua palavra, à aliança feita com o homem. E o homem, pelo pecado, foi infiel à Deus. Essa relação de fidelidade de Deus e infidelidade do homem é encontrada na Bíblia.
Em Êxodo, capítulo 32, podemos ler como os homens foram ingratos a Deus fazendo um bezerro de ouro, substituindo Deus por um falso deus. No livro dos Números, capítulo 21, lemos que o povo perdeu a coragem no caminho e começou a murmurar contra Deus e Moisés: “Por que nos tiraste do Egito para morrermos no deserto onde não há pão nem água?”.
As infidelidades dos homens se manifestam nas injustiças, nas opressões, exploração do pobre e oprimido, na ganância, no egoísmo.
Todo injusto, explorador, opressor, egoísta, ganancioso é infiel a Deus e aos irmãos. Só Deus é o verdadeiro Deus, só a Ele devemos adorar.
Deus está presente em todos os acontecimentos e está em tudo, conforme diz o Salmo 138, 1-3; “Senhor, tu estás me olhando e me conheces e vês quando me sento ou me levanto. Tu vês meus pensamentos, meus caminhos e vês se estou andando ou parado.”
E em Êxodo 3, 10-12, vemos a presença de Deus que não abandona o homem e Moisés, “Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo… eu estarei contigo.”.
Os profetas conscientizavam o povo de todo tipo de escravidão que estavam vivendo e mostravam o verdadeiro Reino que Deus queria. Eles mostravam também como Deus quer se relacionar com os homens e como os homens devem se relacionar entre si. O profeta Amós, mostra que Deus quer a justiça e o humanismo. Ele é o Deus de todos os povos. Jeremias ataca todos aqueles que oprimem o povo. Ezequiel mostra que Deus quer a união do povo e que vai reuni-lo dentre as nações. João Batista é o profeta da fidelidade de Deus, da verdade. Ele anuncia a presença de Jesus no meio do povo. “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. (Jo1, 29). A Bíblia não é um livro de individualismo, mas profundamente, um livro que nos faz ler a realidade, descobrir as raízes das opressões, injustiças e explorações que afetam todo o povo que sofre. A Bíblia é um livro que:
compromete toda pessoa a viver em comunidade.
denuncia os opressores, injustos, desonestos, os exploradores dos irmãos.
ilumina a realidade, a vida, os fatos, o dia-a-dia da comunidade.
é fonte de caminhada da comunidade.
é o livro do cristão.
Por isso devemos usá-la sempre em nossas catequeses, incentivar nossos catequizandos, suas famílias, todos a lerem e procurarem a Bíblia a todo momento, com fonte viva e de vida para nós!
Comments0