Quem diz mensagem diz algo mais que doutrina. Quantas doutrinas de fato jamais chegaram a ser mensagem. A mensagem não se limita a propor idéias: ela exige resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde.
São palavras de João Paulo II e que constam no Diretório Nacional da Catequese (DNG, 97). O diretório, aliás, diz muitas coisas e indica muitos caminhos. Mas precisamos estudá-lo. Quanto mais eu o leio, mais aprendo e consigo visualizar uma catequese diferente. Com isso, fortaleço algumas convicções e me encorajo a tentar concretizar mudanças. Todo catequista precisa ter acesso ao Diretório.
O DNC destaca, entre outras coisas, que a catequese inspira-se nos traços da pedagogia de Jesus. São apresentados como inspiração os seguintes itens que resumo a seguir:
• O acolhimento às pessoas;
• O anúncio verdadeiro do Reino de Deus;
• O envio dos discípulos para semearem a Palavra;
• O convite para assumirem, com radicalidade evangélica o crescimento contínuo da fé;
• A atenção ás necessidades, ás situações bem concretas e aos valores culturais próprios do povo;
• A conversa simples, acessível, utilizando narrativas, comparações, parábolas e gestos; a firmeza
permanente diante das tentações.
Tudo isso pode parecer muito acima dos nossos conhecimentos. Alguns catequistas podem dizer “Tudo muito bom, bonito, bem escrito, mas na prática precisamos de coisas simples como ânimo, apoio, conteúdos, técnicas e dinâmicas, para cativar nossas crianças e jovens”. Entendo.Precisamos sim de coisas simples e sei que em boa parte das comunidades deste imenso Brasil falta ainda uma palavra de conforto, incentivo, um trabalho mais próximo de outras pastorais, párocos mais interessados e lideranças mais conscientes da importância da catequese. Eu também sinto falta de muitas dessas coisas e também reclamo disso.
Mas precisamos saber que tanto o Diretório Nacional da Catequese quanto o Documento de Aparecida, são indicações sérias e concretas de que precisamos mudar muita coisa no trabalho pastoral e principalmente na catequese. Estas possibilidades amedrontam, em especial aos que não fazem esforço algum para saírem da mesmice.
Quando escrevo “sair da mesmice” significa a necessidade de uma mudança radical de postura no nosso trabalho pastoral. Mudar a postura significa retomar o objetivo maior da catequese: a opção clara, verdadeira e corajosa pelo projeto de Jesus Cristo. Isso é alguma novidade? Nenhuma.
Acontece que já faz algum tempo que muitos catequistas perderam o foco, o rumo, não sabem mais qual o objetivo principal do trabalho catequético. Os documentos da Igreja apontam para uma retomada urgente do motivo principal do nosso trabalho. E qual é ele? Jesus Cristo!
Jesus é o centro e com Ele, uma série de outras situações precisam ser retomadas. Estamos deixando escapar de nossas mãos por puro desleixo situações fundamentais na nossa catequese, entre elas, a ação conjunta entre catequese e a liturgia e o trabalho mais centrado na bíblia. Celebração e Bíblia são indissociáveis da catequese. Se não for assim, existe uma lacuna. A catequese não fica completa.
O Diretório Nacional da catequese diz ainda que a dimensão espiritual desta pedagogia da fé exige algumas atitudes do catequista, entre elas a palavra dita com autoridade e fortaleza: “o catequista, como os profetas guiados pelo Espírito, pronuncia uma palavra corajosa, criativa, segura, pois tem consciência de ser enviado por Deus e sabe que sua força reside em Deus, uma vez que está agindo em comunhão com a comunidade, de sólida formação, humilde, sendo de responsabilidade, espiritualidade e inserção na comunidade” (DNC 148-c).
Assumir a radicalidade do evangelho requer mudança, compromisso, opção concreta, é coisa séria, profunda, comprometedora. Um catequista não pode ter dúvidas quanto a isso. A palavra dita com autoridade e fortaleza é fundamental. E como está sendo dita a nossa opção para a sociedade? Com autoridade e fortaleza, ou somos apenas cristãos em meio aos que também são?
Definitivamente, chegou o momento de rever a nossa caminhada. Quero rever a minha, preciso dar um passo adiante e isso significa ser cada vez mais radical na defesa do evangelho.
Cada qual, que agora lê este texto, faça uma análise da sua conduta e pense: será que eu assumi o evangelho de forma radical e minhas palavras são de autoridade e fortaleza, na defesa do projeto de Cristo.
A Igreja precisa, cada vez mais, valorizar os catequistas e catequizandos, aprofundar as etapas do planejamento proposto, revendo os conteúdos e os compromissos assumidos. O rever é o ver de novo a caminhada da catequese, é tomar consciência, hoje, de como agimos ontem para melhor ajudar a tomar decisões e determinar o grau de eficácia. (DNC).
Difícil de entender o que diz o Diretório Nacional da Catequese ou o Documento de Aparecida?
Mais difícil é entender como é que muitos catequistas nem sabem que ele existe. Não haverá uma catequese melhor sem estudo. Muito menos catequistas melhores.
Alberto Meneguzzi
Catequista e Jornalista de Caxias do Sul, RS
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